O Ateliê: Podcast ganha repercussão e estabelecimento se pronuncia

Por - 06/01/23 às 15:00

Podcast ATeliêAcusado por 20 ex-alunos, Rubens Espirito Santo se pronuncia ( Reprodução/Divulgação)

Quando Chico Felitti entra em campo para uma investigação, sabemos que alguma coisa vai bombar, e desta vez, o caso do Atelier do Centro começou a tomar proporções um pouco maiores, em apenas um episódio publicado. O podcast investiga um estabelecimento com fins para estudos, e que segundo relatos, seria uma seita comandada pelo dono do local, Rubens Espírito Santo.

Após a publicação do primeiro episódio, o Atelier do Centro fez uma publicação, por meio de uma carta aberta, dizendo que as acusações eram sensacionalistas:

“O Conglomerado Atelier do Centro vem a público para repudiar as fantasiosas acusações feitas à instituição no podcast O Ateliê, do produtor de conteúdo Chico Felitti, anunciado em teaser nesta terça-feira, 3. A peça, em tom sensacionalista, acusa a instituição de ser uma seita baseada em violência psicológica e física e de explorar economicamente os alunos.”

Confira a postagem:

RUBENS SE PRONUNCIA

No dia seguinte, o acusado de promover abuso físico e violência por 20 alunos, acabou se pronunciando sobre todo caso por meio de uma carta aberta publicada nas redes sociais do local, além de confirmar que o local ficará fechado até o final das investigações. Rubens, que é artista plástico, não negou as acusações, mas, pediu desculpas por eventuais excessos, na carta intitulada de “A Verdade sobre o Atelier do Centro”

Confira a íntegra:

“Olá, meu nome é Rubens Espírito Santo. Eu sou artista plástico e fundador da Escola Atelier do Centro, uma escola de arte que existe há mais de 20 anos em São Paulo. Eu resolvi escrever esta carta aberta ao público para responder a uma série de acusações, que estão sendo feitas contra mim e contra a escola no podcast O Ateliê, de Chico Felitti.

O jornalista acusa, de forma fantasiosa, que o Atelier do Centro seria uma seita obscura, dedicada a dominar seus alunos e tirar proveito econômico deles, ao estilo de seitas como a do curandeiro João de Deus e a do líder religioso Jim Jones.

Essas acusações são absurdas, infundadas e constituem um verdadeiro linchamento público de imagem.

O material produzido por ele traz relatos de ex-alunos que me acusam de agressões físicas e psicológicas, sobre as quais eu vou falar ao longo deste texto. Para estes alunos, eu peço minhas sinceras desculpas pelos eventuais excessos, mesmo que consentidos, que tenham ocorrido em nossa relação, que em grande parte foi marcada por afeto, cumplicidade, aprendizado mútuo e por longos períodos de convivência.

Antes de mais nada, eu gostaria de falar sobre a escola. O Atelier do Centro não é uma seita, como Chico Felitti pretende fazer crer. O Atelier do Centro é uma escola que oferece cursos livres de arte, filosofia, programas de acompanhamento, de formação e pesquisa continuada.

Nossa sede fica na rua Epitácio Pessoa, 91, no centro de São Paulo, próximo ao Copan. A escola tem sinalização clara em sua fachada, é aberta ao público e os participantes pagam mensalidades para participar das nossas atividades. Todos podem ingressar e sair da escola a qualquer momento de forma livre e sem constrangimentos. Não trabalhamos nas sombras, como sugere o podcast.

No Atelier do Centro nós adotamos, de fato, um método bastante rigoroso. Nós trabalhamos com pequenos grupos de artistas, arquitetos, cineastas e outros profissionais de áreas criativas que têm interesse em experiências radicais no campo das artes.

Este modelo de experimentação acaba por formar grupos coesos de trabalho e de convivência, pautados por relações intensas, criação de vínculos emocionais, espírito de grupo, disposição para debater questões pessoais e para embates provocativos, alguns deles bastante duros, que têm o propósito de estimular a criatividade e superar limitações.

Não estamos inventando a roda e nem usamos práticas de seitas. Este modelo de trabalho, com forte envolvimento emocional, está presente em orquestras, grupos de teatro e muitas organizações do mundo da cultura.

Neste contexto de trabalho, é natural e proposital que surjam atritos e situações de confronto, como elementos provocadores. A convivência intensa e radical que propomos pode resultar em excessos, que reconheço, podem ter sido cometidos nas relações com ex-alunos, a quem mais uma vez peço desculpas, caso tenham se sentido negativamente afetados. Respeito as críticas e a dor de cada um.

A proposta de convívio, pautada por este ambiente de confronto, no entanto, sempre foi consensual e estava atrelada a um propósito comum e pactuado entre os participantes. Ninguém foi obrigado a nada. Ninguém foi coagido a nada. Ninguém foi submetido a atividades com as quais não estivesse de acordo.

A ex-aluna Mirela Cabral, que deu origem às acusações, por exemplo, começou a frequentar a escola aos 24 anos. Já era formada em cinema, trabalhava na produção de comerciais, era uma mulher plenamente consciente e livre para fazer escolhas. Ela permaneceu conosco durante três anos. Assim como ela, todos que passaram pela escola estavam livres para fazer escolhas. Nunca coagi ninguém a nada.

E é importante destacar que sempre recomendei a todos os participantes dos nossos programas que fizessem terapia, com profissionais independentes, para aperfeiçoar o processo de autoconhecimento, o que não é mencionado por Felitti, nem pelos denunciantes.

Eu gostaria de deixar claro também a questão financeira. Em primeiro lugar, eu queria informar a todos que não tenho bens, exceto minha biblioteca com 7 mil livros de arte, que será vendida para enfrentar as acusações que agora me são imputadas. Não tenho carro, não tenho apartamento, pago aluguel, como muitos. Não tenho reservas. Vivo do trabalho na escola e da venda de desenhos e esculturas que produzo.

Minhas obras estão presentes em algumas coleções particulares do país. É importante destacar, também, que nunca obriguei nenhum aluno a comprar minhas obras. Os que tinham interesse em adquirir, o fizeram livremente. Alguns participaram de um fundo para compra de obras, mais ou menos no formato de um clube de colecionadores, muito comum em instituições culturais. Sempre com adesão espontânea.

Existem alunos que estão no Atelier há muitos anos e nunca participaram de nenhum fundo. Diante de toda esta situação, eu queria informar a todos que estamos suspendendo as atividades do Atelier do Centro até que todas as acusações sejam devidamente esclarecidas.

Eu gostaria de lembrar também que linchamentos públicos precipitados não levam a bons lugares. A acusação de que formei uma seita no coração da cidade de São Paulo pode render cliques. Pode ser uma boa história para se contar na mídia. Mas ela não reflete a realidade e incorre numa fake news, cheia de fatos distorcidos e descontextualizados, que eu não posso deixar de contestar.

Muito obrigado pela atenção de todos.”

O PODCAST

Quem não lembra do podcast que furou uma bolha bem específica e virou fenômeno entre os ouvintes dos programas de áudio, o “A Mulher da Casa Abandonada”? Pois bem, para a felicidade de muitos, o jornalista Chico Felitti está de volta nesta quarta feira, 4 de janeiro, com um outro podcast investigativo que promete bombar, o denominado “O Ateliê”.

Desta vez, ele contará, em 10 episódios, a história da pintora Mirela Cabral, uma jovem artista promissora que quebrou o silêncio ao falar sobre o Ateliê do Centro, uma tradicional escola de artes que existe há mais de 20 anos, e que atrás desta faixada existe uma seita, com violência física, verbal e sexual, além de um “método de ensino” extremamente violento. É dito pela Folha de São Paulo, que foram entrevistados ao longo da série 20 alunos, e que todos tiveram o mesmo relato.

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Também para a Folha, o criador do Ateliê, Rubens Espírito Santo não negou as afirmações, porém, disse que tudo que aconteceu no local teve consentimento. O primeiro episódio já está disponível em todas as plataformas de áudio, e conta toda a história do início da denúncia, e de como o relato chegou ao entendimento do jornalista.

Ouça:

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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha