Cinema em 2023: Bilheterias assustam os estúdios. Entenda por quê!
Por Raphael Araujo - 25/06/23 às 07:00 - Última Atualização: 24 junho 2023
Uma das artes mais populares na atualidade e um dos entretenimentos mais conhecidos e consumidos do mundo é o Cinema. Independente do gênero, que pode ser comédia, romance, ação, suspense, aventura, terror ou tantos utros (isso sem mencionar os subgêneros), ir ao cinema assistir um filme é algo rotineiro na vida contemporânea.
Mas como essa indústria sobrevive na atualidade? De bilheteria , é claro, e não é incomum vermos notícias de que “tal filme atingiu tantos milhões de dólares em bilheteria” ou frases similares, principalmente se estivermos falando de blockbusters (arrasa-quarteirão), cujo objetivo é arrecadar com a grande massa.
Porém, 2023 tem se mostrado um ano bastante curioso em relação à esse assunto, e grande parte dos filmes não parecem estar dando lucro, assim como obras que inesperadamente despontaram como um grande sucesso comercial. Mas de onde isso veio? Calma que OFuxico te explica (A principal fonte da matéria foi o perfil do Twitter Portal Box Office, especializado no assunto)!
COMO SE CALCULA O LUCRO DE UM FILME?
Antes de todo, devemos pensar na maneira de como sabemos que um filme é lucrativo. “Ah, mas é só ver a bilheteria/arrecadação final que um longa, certo?”. Errado! A bilheteria é a principal forma sim de um filme ganhar dinheiro, mas há outras formas, com a venda para sérvios de streaming, TVs a cabo e aluguel em plataformas on demand, venda de blu-rays, etc.
E tem também um outro fator: o que acaba sendo um custo ou tira dinheiro dos estúdios de Hollywood. Primeiro, devemos lembrar que, da bilheteria final de um filme, metade fica com quem produziu o projeto, e a outra metade com as redes de cinema que exibiram a redor do mundo, então de arrecadação, apenas metade do valor exposto pro mundo é que deve ser considerada.
O processo de levar uma obra a ficar em cartaz também custa, mesmo que seja uma burocracia, assim como acordos são feitos. E claro, o principal, o custo de produção de um filme, o orçamento inicial dele, que saiu dos cofres dos estúdios e, após a pós-produção, já foi utilizado, sendo uma dívida a ser paga, afinal, os atores, diretores, produtores, artistas de efeitos visuais, todos já devem ter sido pagos neste momento.
O MARKETING É PEÇA ESSENCIAL
Com base nisso, muita gente faz uma conta rápida: arrecadação final menos orçamento de produção, mas se esquece que metade da bilheteria não volta aos estúdios e que um longa, ao sair de cartaz, pode dar lucro de outras maneiras, além de que não é só o orçamento de produção que conta.
Ainda, há um grande fator que exige muito dinheiro: o marketing. Trailers, cartazes, coletivas de imprensa, painéis em eventos ao redor do mundo, tudo isso é um gasto extra, de fora do orçamento do longa, que é pago para que a divulgação do produto aconteça, atraindo o público para os cinemas. Isso pode custar bem caro dependendo da estratégia tomada.
Com isso, o lucro de um filme é calculado baseado na arrecadação do mesmo, nas vendas posteriores aos cinemas enquanto tira gastos com a produção, divulgação e a metade que fica com os locais que exibem a obra. Se todos os últimos itens citados tiverem sido abatidos, a partir daí o que sobrar ou vier, é lucro para o estúdio.
Para que não sejam feitos cálculos tão minuciosos, costuma-se dizer que um filme precisa arrecadar em bilheteria 2,5/3 vezes mais que seu orçamento de produção, pois na conta já entraria o que fosse abatido do marketing, do valor das redes de exibição e afins.
E COMO ESTÁ O CINEMA EM 2023?
Com isso, quando é revelado um custo de produção de um projeto, se começa a especular o gasto em marketing, e do quanto ele precisaria arrecadar para ser considerado bem-sucedido e lucrativo, e para a surpresa de muitos, 2023 acabou sendo negativo nesse sentido.
“Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, arrecadou mais de U$ 474,5 milhões em bilheteria, sendo U$ 237,25 o que ficaria com o estúdio. Porém, o orçamento dele foi de U$ 200 milhões, e o marketing para filmes nesse estilo costuma ficar em U$ 100 milhões. Ou seja, não arrecadou suficiente para se pagar, e ainda deu prejuízo, mesmo sendo uma obra da Marvel Studios.
“Dungeons e Dragons: Honra Entre Rebeldes” foi uma grande aposta da Paramount este ano, e esperava pegar fãs de RPG de mesa e até de filmes de fantasia, ação e super-heróis para irem conferir. Com um orçamento de U$ 150 milhões, e um marketing estrondoso como vimos acontecer, era estimado que ele precisasse de U$ 450 milhões (o triplo do orçamento) para se pagar (dobro do orçamento + aproximadamente U$ 75 milhões em divulgação), mas chegou a fracos U$ 208 milhões mundialmente, ou seja, fracasso gigantesco, pois nem bateu o valor do orçamento.
“The Flash”, grande aposta Warner para este ano, estreou com apenas U$ 139 milhões no mundo inteiro, e frente a um orçamento de U$ 220 milhões e marketing de U$ 100 milhões, dificilmente e pagará, principalmente com as críticas divididas.
“Elementos”, novo filme da Disney e Pixar, teve um orçamento de U$ 200 milhões, muito alto para uma animação, mas seu final de emana de estreia, época em que o filme mais lucra em relação ao restante de sua jornada nas telonas, foi de apenas U$ 63 milhões, e já é visto como fracasso.
NÃO FRACASSARAM, MAS…
“A Pequena Sereia” está atualmente com mais de U$ 474 milhões, o que não é ruim, mas ele teria custado por volta de U$ 250 milhões. Adicionando o multiplicador de 2,5/3 vezes o valor do orçamento na bilheteria, seriam necessários U$ 625/750 milhões para se pagar e aí gerar lucro. As pernas não parecem ser fortes o suficiente para chegar nesse valor…
“Velozes e Furiosos 10” já passou U$ 676 milhões mundialmente, o que parece ser um ótimo dinheiro. Porém, o orçamento dele é estimado em U$ 340 milhões, isso sem contar marketing e os outros fatores, que aparentemente obrigariam que o filme ultrapassasse U$ 1 bilhão par se pagar.
Como o filme já estreou há muito tempo e muitos lançamentos já entraram para competir e outras ainda virão, dificilmente ele chegará a dar algum lucro. Deve bater o orçamento, mas os outros gastos, não…
“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”, último filme da franquia estrelada por Harrison Ford, tem um orçamento aproximado de U$ 300 milhões, então pela lógica, precisará entre U$ 750 milhões e U$ 900 milhões para se pagar e aí gerar lucro. Mas a concorrência tá forte e ficará ainda mais…
ENTRETANTO, HÁ SUCESSOS SIM ESTE ANO
O texto estava ficando bastante “deprê”, mas há sim obras que lucraram esse ano nos cinemas ou estão em vias de serem um sucesso comercial. O maior exemplo é cm certeza “Super Mario Bros. O Filme”, que foi um estrondo nas bilheterias e já superou U$ 1,336 bilhões, sendo atualmente a 15ª maior bilheteria de todos os tempos (sem considerar a inflação).
O orçamento foi em apenas U$ 100 milhões, e o marketing menor ainda, então a Illumination está nadando no dinheiro com ele, afinal, a bilheteria já superou em mais de 13 vezes seu orçamento, e é o único longa do ano a passar do bilhão. Já dizia Carolina Ferraz, “eu sou rica!”.
“Homem-Aranha Através do Aranhaverso” também teve um orçamento de U$ 100 milhões, e mesmo que, supondo que o custo de marketing fosse no mesmo valor, o que muito dificilmente seria o caso, o longa já está beirando os U$ 500 milhões mundialmente, e apenas nos EUA e Canadá chegando em U$ 300 milhões. Já é hit!
Se “Homem-Formiga” fracassou, “Guardiões da Galáxia Vol. 3” mostrou que a Marvel continua forte, pois mundialmente já arrecadou mais de U$ 823 milhões. Frente ao seu orçamento de U$ 200 milhões, e marketing de U$ 100 milhões, de acordo com a Variety, ele já está dando lucro, pois já bateu esses valores e outros possíveis custos. O maior sucesso da Disney até agora este ano!
“Barbie”, um dos filmes mais esperados de 2023, está com previsão de arrecadar de U$ 55M a U$ 85 milhões só nos EUA, frente seu orçamento de U$ 100 milhões, estimado pela Variety. Os números podem aumentar, e ainda temos o restante do mundo para ser adicionado ao montante. O sucesso deve vir!
POR QUE MUITOS FILMES ARRECADARAM POUCO?
Bom, a pergunta acima é um mistério, ninguém deve ter a resposta definitiva, apenas apostas. Enfraquecimento dos cinemas após pandemia? Qualidade duvidosa dos filmes em questão? Pouca divulgação? Não dá para cravar, e a segunda possibilidade citada é bastante pessoal, vai do gosto de cada um…
Todavia, uma coisa é fato: a quantidade gigantesca de estreias em maio, junho e julho afetou muitos filmes, como “A Pequena Sereia” (que também sofreu boicote por racismo), que não está péssimo na performance, mas não estaria sofrendo em arrecadação caso fosse um dos poucos lançamentos do período, e outros longas possuem a mesma realidade.
E você, assistiu a todos os filmes citados? Qual você gostaria de ver dando lucro?
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.