Greve de atores e roteiristas: resumo e impacto da decisão em Hollywood

Um dos assuntos mais comentados os últimos dias com certeza é a grande greve de roteiristas e atores em Hollywood, que vem paralisando diversas produções já ativas ou prestes a começar os trabalhos e até mesmo a divulgação de obras está paralisada. O Sindicato de Atores (SAG – AFTRA) e Sindicato de Roteiristas (WGA) iniciaram o levante após não conseguirem chegar a um acordo com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), associação que representa diversos estúdios de filmes e séries, como a Sony, a Disney, a Warner, entre outros.

Ambos os profissionais possuem um assunto em comum para entrarem em greve: as duas classes profissionais procuram uma atualização de seus contratos em meio à dominância das plataformas de streaming e o uso de Inteligência Artificial para diversos serviços.

MOTIVAÇÃO DOS ROTEIRISTAS

Entre as reivindicações negadas pela AMPTP, o principal pedido dos roteiristas, que estão em greve desde o dia 02 de maio, é o aumento de salário dos profissionais, assim como recebimento maior de lucros gerados pelas transmissões das produções por streaming, pois os pagamentos não teriam se adaptado à nova realidade de produção e distribuição de obras audiovisuais.

Atualmente, os roteiristas recebem um pagamento anual fixo, visto pelo WGA como “baixos demais em vista do maciço reaproveitamento internacional”, com foco em produções super populares, como “Bridgerton”, “Stranger Things” e “The Last of Us”, grandes sucessos na qual não houve ganho adicional por parte dos profissionais envolvidos.

Antigamente, com as séries tendo muito episódios por temporada em canais de televisão, então os roteiristas ganhavam um salário semanal por boa parte do ano, além de receber um valor de licenciamento para reexibição na TV ou em mídias físicas.

A resolução proposta seria uma taxada por demanda adicional se baseando na quantidade de assinantes de uma plataforma e também a de quantas pessoas assistiram àquela produção, e assim, quem escreveu obras mais bem-sucedidas, ganharia um valor a mais, tal qual na época em que reprises eram comuns esse “mini-cachê” ser dado. Não houve nem aprovação nem contraproposta da ideia.

Outro ponto pedido pelos profissionais foi que houvesse uma regulamentação do uso de inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT na escrita de roteiros. Em resumo, O WGA quer garantias que estúdios não usem IA para escreverem roteiros a partir de trabalhos antigos dos profissionais, e nem que roteiristas sejam solicitados a reescrever rascunhos de scripts criados pela IA. Também não houve contraproposta neste item.

MOTIVAÇÃO DOS ATORES

Já os atores, que entraram em greve apenas na última quinta-feira, 13 de julho, pedem, de acordo com a Variety, pela revisão de ganhos residuais por streaming, aumento de salários, regulamentação de uso de IA, limitação de testes de elenco pré-gravados, aumento de pensões e planos de saúde, atualização de períodos de contrato e outros tópicos de contrato.

Os ganhos residuais são a principal causa de discussão, pois cada ator recebe um valor fixo do estúdio pela inclusão da obra em uma plataforma de streaming, independente do sucesso da mesma ou não, e os artistas lutam para que os ganhos residuais pelos trabalhos disponibilizados no streaming sejam baseados na popularidade de cada obra e valor da produção para a empresa.

Isso seria uma solução para o fim das reprises televisivas, afinal, eles ganham um bom valor para cada vez que um episódio ou filme era exibido mais de uma vez, o que por anos eram a fonte de renda principal tanto de atores quanto de roteiristas, mas o sistema televisivo antigo está decaindo.

Não podemos esquecer do uso de Inteligência Artificial para replicar a imagem de diferentes atores em uma produção, com atores revelando que chegaram a receber uma proposta para terem sua imagem copiada pela IA e que receberiam apenas pela diária desse momento, mas os estúdios reutilizariam a imagem dos mesmos o quanto quisessem por tempo indeterminado.

O Sindicato pede consentimento para todo e qualquer uso individual de imagem de atores, ponto que a AMPTP recusou aceitar, irritando a classe artística, que teria uma imagem reproduzida a rodo sem receber por isso.

COMO A GREVE ESTÁ ACONTECENDO?

Os roteiristas e atores não estão de greve apenas paralisando a produção de novas obras e trabalhos, o que por si só já um impacto imensas, mas também estão fazendo piquetes nas sedes dos maiores estúdios de Hollywood, com placas, gritos de guerra e tudo mais.

O longo do final de semana, manifestantes apareceram em Nova York, além de Los Angeles nas sedes da Netflix, Warner Bros. Discovery e nos escritórios da Amazon, Paramount, HBO e NBCUniversal, sendo que todos ficam cada uma em uma rua e, cm dissemos, eram piquetes em uma cidade diferente da de Hollywood, mostrando como o movimento é nacional

“As questões que eles nem discutem são as questões mais importantes, e se não as resolvermos agora, se não lidarmos com o streaming agora, se não lidarmos com a IA agora, não haverá seja qualquer volta. Não podemos cometer esse erro”, disse a atriz Monarch Susan Sarandon, de “Thelma & Louise”, no protesto da Netflix.

Ainda, a divulgação de diversos filmes está sendo afetada. O elenco de Oppenhaimer, prevendo o anúncio da greve, abandonou a estreia oficial d longa para convidados em Londres, com direito a tapete vermelho e tudo mais, e os próximos não terão “Barbie” também parou de fazer seus eventos, que estavam a todo vapor.

“Besouro Azul”, futuro filme da DC que vai estrear nos cinemas em 17 de agosto nos cinemas, teve as estrelas, Xolo Maridueña e Bruna Marquezine, anunciando que não poderiam divulgar o filme como regra dos Sindicatos por causa da greve, fazendo os fãs se movimentarem nas redes sociais para divulgar o filme massivamente.

NÃO HAVERÃO ESTREIAS DE FILMES?

A pergunta foi exagerada, mas muita gente pode pensar isso ou ter diversas dúvidas relacionadas ao assunto, e ver que os atores não vão nem divulgar as produções com estreia marcada assustou muita gente.

Mas eles estão proibidos de falaram dos seus trabalhos? Proibidos, não, a greve pode ser furada em maior ou menor grau, mas as indicações dos Sindicatos são seguidas à risca em Hollywood, e o que o movimento decidir, é acatado, pois eles costumam representar bem as demandas dos artistas, que concordaram com as negociações feitas e as decisões tomadas.

O mesmo vale para os roteiristas e por isso obras estavam sendo filmadas mesmo com a greve dos mesmo. Porém, com os atores entrando em greve junto, as filmagens foram paralisadas de vez, afinal, os astros não comparecerão para suas cenas até que a greve acabe. “Deadpool 3” estava a todo vapor, sem os roteiristas presentes, e agora tudo está paralisado.

Com isso, é certeza que diversos adiamentos acontecerão, pois a data de estreia prevista é baseada no cronograma os estúdios para a produção da obra, tendo a pré-produção, em que se é escolhido elenco, profissionais envolvidos, local e duração.

Após as filmagens, entra em cena a pós-produção, como inserção de filtros, efeitos especiais, montagem e trilha sonora, com espaço para eventuais refilmagens acontecerem. Ou seja, uma paralisação de filmagens acontecendo, o cronograma não será cumprido como previamente, então as estreias originais não poderão ser mantidas.

CANCELAMENTOS E EVENTOS

Existe a possibilidade de muitos filmes e séries anunciados serem cancelados, pois sem roteiristas, não haverá a escrita dos projetos, e caso o estúdio queira cortar gastos futuros, acontecerá uma peneira de quais atrações merecem ver a luz do dia. Caso o roteiro esteja pronto, sem atores, obras podem ser canceladas do mesmo jeito pelo mesmo motivo.

Nos próximos meses, não haverão impactos em estreias, pois há projetos em pós-produção ou finalizados, que vão conseguir chegar nas telinhas ou telonas, pois nem atores nem roteiristas participam dessas etapas (apenas divulgação), mas lembrando que refilmagens não serão possíveis, e se uma obra precisar de ajustes, ou espera, ou estreia sem eles.

Todavia, para 2024, efeitos colaterais serão sentidos, pois é quando obras em produção este ano começariam a estrear, e com o cronograma afetado, o futuro é incerto. Se os estúdios estiverem com “backups” ou pós-produção avançada em diversas obras, pode ser que, no melhor cenário, até o fim do primeiro semestre do ano que vem, as coisas estejam fluindo o mais esperado possível, mas não passará disso (se chegar a esse nível).

Aliás, grandes eventos serão afetados, como a Comic Con de San Diego, pois grandes atores não comparecerão para divulgarem sua obra, assim como nas coletivas de imprensa e premières mundiais. Em convenções, trailers podem ser exibidos para as obras mais breves, mas só com presença de produtor ou diretor, sem estrelas.

Vale ressaltar que algumas atrações continuarão em produção por serem de outros países, como a “A Casa do Dragão”, que é da Inglaterra, e caso não aderirem à greve, esses mercados internacionais estrão a todo vapor. Mas é Hollywood que concentra grande parte do mercado, não podemos esquecer…

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