O que é ‘Saltburn’ e por que vale a pena assistir?
Por Murilo Rocha - 09/01/24 às 05:00
Nas últimas semanas, um assunto e alguns atores entraram em foco por conta de “Saltburn”, o novo longa dramático de Emerald Fennell, que dirigiu o ótimo “Bela Vingança”, e trouxe uma discussão para as redes sociais sobre o longa, muito baseado em ‘vale ou não vale’. Acredito que, principalmente para ter uma noção do que é e se é um filme que vai te deixar feliz por usar 2h de seu dia ou com raiva por cair em um hype, vale muito a pena conferir o novo original da Prime Video, distribuído pela Warner Bros Discovery. Controverso e cheio de momentos bem poderosos e capaz de revirar o estômago de alguns, ele é um thriller, com toques de comédia e muito baseado em uma sátira contra a burguesia.
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“Saltburn” conta a história de Oliver Quick (Barry Keogan), um calouro que entra na prestigiada universidade de Oxford em 2006. Sem nada no bolso, prestígio ou até mesmo uma beleza padrão, o rapaz acaba tendo um dos maiores desafios de sua vida: Como enfrentar a universidade por conta própria? E é aí que entra Felix Catton (Jacob Elordi). O mauricinho rico, de família tradicional, e esbanja beleza e simpatia pelos corredores. Em determinado momento, Oli, como é chamado durante quase toda a trama, presta um favor ao rapaz e cria um laço de empatia e amizade instantâneo, até que ventos vão e vem, ele é convidado a passar as férias no belíssimo e deslumbrante castelo de Saltburn, com a família de Felix e enfrentar toda essa burguesia clássica e arrogante.
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Até aí, o longa se estabelece como um grande drama, mas em determinado momento, a comédia presente é subvertida em temas um tanto quanto tabus: A família tem uma sexualidade aberta e muitos momentos de tensão sexuais são construídas em base da relação da Oliver e Jacob. Aliás, o filme todo é hiperssexual, uma marca registrada aqui.
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O filme explora muito sobre desejos reprimidos, a vontade de pertencimento de um mundo tão estranho e sujo, mas deslumbrante, além de colocar em pauta as sátiras contra as ironias de uma família tão preocupada em parecer perfeita e cheia de amor para distribuir, que mal conseguem ficar sem falar mal um dos outros no menor sinal de ‘virar as costas’, afinal, isso é “Saltburn”.
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É um daqueles casos ame ou odeie, raramente você encontrará alguém dizendo que não sabe o que dizer sobre o segundo longa de Fennell: Ao mesmo tempo que ele é forte e provocativo, com uma fotografia impecável, colorida e cheio de figurinos deslumbrantes, sendo também dark e com filtros sepsias para identificar um flashback, ele é controverso e cheio de cenas que te levam a um desfecho, que eu diria, sem graça.
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“Saltburn” está disponível para streaming e traz Barry Keogan no foco de um personagem complexo, emotivo e feito com maestria. Jacob Elordi de “A Barraca do Beijo” traz aquele salto de evolução: de um simples adolescente em uma comédia romântica, para um filme com tanta personalidade e desafios a serem cumpridos.
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Existem duas cenas no longa que trazem essa bizarrice por completa: Se você jogar agora no tio Google o nome do filme, certamente você encontrará coisas como: “Aquela cena”, “o que está por trás disso e daquilo”. Mas, na minha visão, uma delas é o ápice de Barry: Evocam o nojo, a raiva, o ódio de ser colocado a margem da sociedade, e posteriormente, traz a dor de ter feito algo que não se arrepende, muito pelo contrário, porém da maneira mais torta possível. Além disto, a mesma cena o coloca dentro do paralelo: Amor e ódio andam lado a lado. No caso de “Saltburn”, tem coisas a mais, porém é melhor assistir com os próprios olhos.
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Outra cena que chocou foi a tal da ‘banheira’. É outro momento que o longa coloca tudo de si e mostra que, se era para provocar, bem… estamos aí! O grande problema é que o filme acaba tendo um terceiro bloco apático, sem personalidade e se perde dentro do próprio roteiro com ideias feitas para deixar uma marca registrada de Fennell por aqui. O ápice dele é, também, a queda. E já que estamos na moda de buscar hinos do passado, “Murder On The Dancefloor” de Sophie Bextor, volta com força total e incorpora muito bem o significado da bizarrice que amarra as pontas. Vale ressaltar que, além da dupla principal que elevam o nível aqui, Rosamund Pike é um primor: engraçada em todas as suas tomadas cômicas e um colosso em seus momentos que deixam a dualidade de uma burguesa, mais do que milionária, entrando da sua tradição de ‘fechar os olhos’ para o óbvio e agir como se fosse mais um dia tranquilo de sua vida.
Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha