Por que ‘Barbie’ é o maior filme de 2023? Entenda!
Por Murilo Rocha - 29/12/23 às 08:00 - Última Atualização: 27 dezembro 2023
“Ideias vivem para sempre” deve ser uma das milhares de frases icônicas ditas por aí no cinema. Uma afirmação simples, mas dita de forma precisa em um momento catártico e colocada exatamente no momento do ápice da querida Barbie (Margot Robbie) terminando de entender que sua crise existencial é, agora, o motivo dela abandonar sua vida cor-de-rosa e procurar seu lugar em outro mundo.
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Desde que “Barbie” nasceu como um projeto cinematográfico há anos atrás, o roteiro passou de mão em mão e caiu na responsabilidade de Greta Gerwig a missão de fazer o “vai ou racha” com a famosa marca de bonecas da Mattel. Ao ser anunciado, o clima era de: ‘Vai dar errado’. Ninguém sabia o que esperar e este é um dos principais fatores que tornam o filme um marco do cinema. Com a data de lançamento se aproximando, o mundo viveu a guerra ‘Barbeheimer’ e uma explosão de cor de rosa em todos os cantos: assim nascia o maior filme de 2023.
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A bilheteria de “Barbie” conseguiu bater o outro fenômeno de 2023: “Super Mario Bros.” (1,4 bilhões de dólares contra 1,3 bilhões, em valores aproximados), mas não é só isso que torna o longa o maior. Vamos aos fatos!
Pink!
Da cena de abertura com um monólogo de apresentação com Helen Mirren e uma inspiração em “Odisseia no Espaço” até os dramas de uma vida perfeita ganhando camadas, o filme aborda de tudo um pouco.: crise existencial, feminismo, movimentos sociais, patriarcado… E mesmo que seja algumas pinceladas dentro de um contexto mais divertido, a sua mensagem é transmitida.
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Olha só como o Allan, o melhor amigo do Ken (Ryan Gosling), se sente totalmente perdido na segunda metade do filme, quando o ‘Kendom’ vira uma realidade assombrosa e totalmente heteronormativa para alguém como ele. Ou também quando a própria Barbie acredita que sua contribuição para as mulheres faria o mundo mais feminino e acaba se confrontando com a verdade de uma sociedade encabeçada por homens com muitas desigualdades entre os gêneros.
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Fato é que até Gloria, a personagem de America Ferrera, mostra isto: Suas ideias brilhantes são ofuscadas por ser dita como uma simples secretária e só valem algo se o mundo capitalista abordar isto como retorno certo. Não é apenas um filme bobo e sem nenhum tipo de mensagem para ser transmitida, ele é Pink da melhor maneira possível.
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Barbielândia
Os cenários do mundo fantástico são simples e muito efetivos. As cenas, gravadas em um estúdio, ganham o que Greta chamou de “artificialidade autêntica”, ou seja, um mundo que quando mostrado parecem reais e com muitos detalhes e camadas, mas não passam de algo bem montado para passar a ideia de um mundo que não teria como existir em plano real.
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Sem falar deles: os looks! Cada um mais bonito do que o outro e criando uma bela sintonia em um mundo onde tudo é para ser colorido, tons pastéis, que jogam a animação lá em cima. Em contraste, os do mundo real são mais sóbrios, com exceção da dupla protagonista e isto é proposital, dando aquele ar mais ‘pesado’ e contribuindo para que a boneca entenda que a Califórnia, e não só ela, é recheada de contradições e é, de longe, o pior cenário que ela poderia imaginar ao longo de sua viagem de navio, foguete e até de patins.
Trilha Sonora
É raro ter trilhas sonoras boas para um filme? Não. Mas, é raro ver o encaixe perfeito das canções: desde “Pink” na voz da Lizzo na primeira cena que vemos o mundo da Barbie e sua vida tão colorida, até a explosiva coreografia dos Ken em “I’m Just Ken” e com uma “Dance The Night” na voz de Dua Lipa como a música tema do filme, é tudo muito bem montado.
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As cenas de perseguição na Mattel, o momento que a Barbie Estereotipada se entende como humana e resolve buscar mais da sensação e sentimentos e até mesmo o retorno a uma Barbielândia dominada por homens, corrompidos pelas ideias de um ‘patriarcado com cavalos’, tudo é muito bem colocado e com a emoção certa para não tornar o filme necessariamente um musical, mas também para evocar a sensação de que tudo é muito bem amarrado e muito bem construído em todos os momentos.
Ela não sabe brincar
O marketing certeiro tornou o filme ainda mais explosivo: qual foi a última vez que você viu milhares de pessoas combinarem de usar uma cor para ir ao cinema? Pois bem! Além disso: combos em restaurantes fast foods, todo mundo queria ser a Barbie e pode se tornar com fotos criadas em um app especial.
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Junto com o ‘BarbenHeimer’, tudo ficou ainda mais gostoso por se tratar de uma competição respeitosa e que trouxe muitos frutos tanto para Greta e seu elenco cheio de talentos incríveis em uma comédia romântica até para Nolan explorando a sombria vida de Oppenheimer.
A Boneca está on!
Chegando no HBO MAX, “Barbie” pode ser assistido em casa e revivido quantas vezes você quiser. O filme se consagra muito bem: dentre tantos fracassos aqui e ali, tantos filmes lutando para pagar orçamentos enormes… Uma ideia bem subestimada se mostrou o que há de melhor em termos de cinema: diversão, gargalhadas longas, drama, romance e tantas camadas que formam ele não só um filme, mas a sementinha para colocar um pouquinho de mudança no coração de quem assiste.
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Quebrando um pouco a parede, me lembro da primeira vez que assisti: fiquei atônito. Não conseguia falar sobre o que tinha visto ali, sabia que tinha presenciado história, mas só consegui refletir na segunda vez, aonde o filme ficou ainda melhor com todas as referências e piadas certeiras, acertando em cheio a sua punchline, que é quando acontece o ápice dela. As crises existenciais de Barbie em momentos que todos conseguem se relacionar combinados com a performance incrível de Margot… Tudo isto é unicamente combinado em um filme que só este poderia proporcionar.
“Barbie” consegue fazer o impossível virar possível: Ideias vivem sim para sempre.
Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha