Taís Araujo ressalta importância do filme ‘Medida Provisória’: ‘É sobre liberdade’

Nesta quinta-feira, 14 de abril, estreia nos cinemas o filme “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos e que conta com Taís Araujo, Seu Jorge e Alfred Enoch no elenco.

No longa, uma medida do governo obriga as pessoas negras a saírem do Brasil e irem para a África. Forças policiais são usadas para garantir que nenhum cidadão negro fique no País. O filme é inspirado na peça “Namíbia, não!”, de Aldri Anunciação, e apresenta a temática antirracista.

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O enredo tem angústia, drama e até um pouco de humor. “Esse filme é uma mistura de gêneros e nos diz que é possível falar dessas questões tão importantes, como é a luta antirracista, a nossa identidade, também pelo humor, seguir para ação, aventura, e depois ir para o drama. Isso me interessou muito porque acessa a sensibilidade do espectador de um lugar diferente”, disse Lázaro para o GShow.

A história mostra Antônio (Alfred Enoch), um advogado ativista pelos direitos dos negros, sua esposa, Capitu (Taís Araujo), uma médica em um grande hospital, e André (Seu Jorge), seu primo e jornalista. Quando a medida entra em vigor, o trio tenta resistir para se manter na cidade.

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“A Capitu se adaptou a um ambiente muito branco, elitista, que não era acolhedor. Ela escolheu não falar de assuntos incômodos. O racismo é um assunto incômodo para o brasileiro, então, é mais fácil fingir que não existe para chegar em determinados lugares”, afirmou Taís.

A atriz ainda comentou como a sua personagem ganha força ao longo da história e a importância disso. “É sobre a liberdade, é sobre a questão de mulheres negras que ascendem socialmente e, muitas vezes, tem que abrir mão da negritude para se sentir pertencente”.

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Apesar do filme mostrar uma distopia, Lázaro contou que muitas coisas já aconteceram na vida real. “Quando começamos a escrever o roteiro, era tudo um exercício de criar uma história distópica, pensar em situações que a gente não gostaria de ver acontecendo no Brasil. O tempo passou. Várias das coisas que a gente pensava serem alertas aconteceram na vida real. Depois da assinatura [da Lei Áurea], as pessoas são jogadas na rua, sem emprego, sem sustento, sem casa. Logo a capoeira é criminalizada, a prática da religião é criminalizada. Esse processo de expulsão já existiu, a gente sofre as consequências até hoje e eu não sei se as pessoas têm consciência disso”, disse o diretor.

DIFICULDADES

O filme “Medida Provisória” enfrentou algumas dificuldades para poder estrear nos cinemas. “Um membro do governo puxou um boicote pelo filme sem ter assistido, dizendo que era para falar mal do governo”, contou Lázaro.

Além disso, ele precisou de uma assinatura para mudar a distribuidora, o que demorou um ano. “Só veio quando a gente foi explicar para o público porque estávamos adiando o lançamento e a imprensa noticiou que censura também se faz por burocracia”.

Se não bastasse tudo isso, o filme compete com o sucesso “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbleodore”, que também estreia nesta quinta-feira, 14.

“Estamos remando, e pedimos para as pessoas irem ao cinema logo na primeira semana, para podermos continuarmos em cartaz”, concluiu o artista.

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