Copa do Mundo: Danilo, o lateral que prefere fazer yoga e ler a jogar videogame
Por Flavia Cirino - 17/11/22 às 07:30 - Última Atualização: 18 novembro 2022
Jogador do Juventus, titular absoluto da seleção brasileira durante o ciclo para a Copa do Catar, Danilo é veterano no time. Aos 39 anos o atleta foi o escolhido para conceder a primeira entrevista coletiva durante o período de preparação para a Copa e “deu o nome”.
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De origem humilde, o lateral direito da seleção brasileira não é surpresa na equipe de Tite. Mas lá atrás, quando ainda menino ele perdia as vezes em que subia na boleia do caminhão do pai, José Luiz, para tentar a sorte nos quatro linhas, ele jamais imaginaria esse futuro tão promissor!
Um orgulho não apenas para a família e para a pequena Bicas, mas para toda uma nação sedenta pelo título, que ele pode ajudar a trazer para o Brasil.
DOS CAMPINHOS DE TERRA AOS MUITOS EUROS
Natural de Bicas, uma pequena cidade na Zona da Mata mineira de com cerca de 15 mil habitantes, Danilo começou a se aventurar nos campinhos de terra.
O mesmo Danilo, convocado para a seleção, era um menino franzino treinado pelo pai e jogava em todas as posições, até mesmo como goleiro. Seu José Luiz, que era conhecido como Baiano, percebeu o talento do filho e decidiu ir de caminhão para Juiz de Fora, a 40 km de Bicas, em busca de clubes.
Seu José Luiz conseguiu uma reunião, realizada nas arquibancadas do Tupynambás e Danilo, com 12 anos na época, foi convidado para uma semana de avaliação. Jogou tanto como volante quanto lateral.
O time de base do Tupynambas jogou a primeira divisão do Campeonato Mineiro, mas ficou aquém da expectativa. Nenhum clube se interessou pelos meninos. Até que em uma partida contra o América-MG, ele se destacou e acabou contratado. Com apenas um ano no clube, em 2009, Danilo passou para titular da equipe e ajudou o time a subir para a série B.
Em 2010, o jogador foi contratado pelo Santos, onde segurou sua primeira taça, a de campeão do Campeonato Paulista. Logo em seguida, veio também a vitória na Copa Libertadores da América em 2011. Do América, Danilo foi para Santos.
Em julho de 2011, a venda do lateral-direito foi oficializada ao Porto, em Portugal, onde ele estreou apenas em 2012, logo se destacando, ganhando o “Dragão de Ouro” e a faixa de capitão.
Seguiram-se Real Madrid, vendido por 31,5 milhões de euros; Manchester City; em 2017 ele foi contratado pelo Manchester City em um contrato que valia 26,5 milhões de euros; e desde agosto de 2019, Danilo é do Juventus.
Desde que o filho prosperou no futebol, o pai do atleta deixou o caminhão de lado. E, além de acompanhar o filho, administra o sítio da família em Bicas e, às vezes, mata a saudade como técnico amador.
SAÚDE MENTAL
Casado desde 2017 com Clarice Sales, mãe de seus dois filhos, Miguel, de 5 anos, e João, de dois, Danilo é apaixonado pela família. Ele e Clarice se conheceram de uma maneira nada convencional: durante um funeral, em um cemitério!
“Eu nasci em Juiz de Fora, a 40 km de Bicas, onde vive grande parte da minha família e onde passava parte das minhas férias e fins de semana. Entre os meus 10/11 anos, os meus pais abriram um supermercado em Bicas e acabámos por nos mudar para a cidade. Nessa altura, a senhora que ajudava a minha avó, e era vizinha da mãe do Danilo, perdeu o neto e eu conheci o Danilo no cemitério, durante o enterro. Conversámos e descobrimos que frequentávamos a mesma escola”, contou Clarice ao jornal “O Jogo’.
Parceira de todas as horas, ela é uma das maiores incentivadoras do marido e vibrou quando ele colocou em prática no início deste ano um projeto que sonhava há anos: o “Voz Futura”.
A iniciativa tem como objetivo falar sobre saúde mental com atletas de alto rendimento: “Quando a gente está educando emocionalmente as crianças na escola, pensamos que eles vão se tornar adultos com isso desenvolvido, adultos que sabem refletir, que são empáticos, que saibam desenvolver essa capacidade de, na turbulência, desenvolver uma certa tranquilidade no refletir e agir”, disse ele.
O atleta fez um alerta ao explicar a relação da saúde mental com o esporte que pratica: “E eu sempre trago esse debate para o futebol, onde perde-se muitos talentos, muitas joias, que ao chegar com determinada idade, quando veem o sucesso, o dinheiro, o reconhecimento e a pressão, se perdem por não ter tido essa formação”.
FORA DA CAIXA
Danilo é descrito por pessoas próximas como alguém centrado e que costuma “pensar fora da caixa”. Poliglota, fala com fluência espanhol, inglês e italiano, além do português.
Há pouco mais de cinco anos, quando nasceu Miguel, o filho mais velho, Danilo adquiriu o hábito da leitura. Em suas prateleiras – físicas e virtuais – estão livros de diferentes gêneros literários, até mesmo sobre matemática e mercado financeiro.
“Estranhamente, nunca li nenhum livro que falasse sobre futebol. Dedico muito tempo ao esporte na prática e também a entender os processos e tudo o que influencia no jogo diretamente, então quando estou livre procuro buscar outro tipo de conhecimento”, declarou em entrevista.
Outra particularidade: diferente da maioria dos jogadores de futebol, ele não liga pra videogame. Prefere ocupar a ente com sessões de yoga.
“O Yoga esteve bem presente durante a quarentena e o período sem jogos, principalmente por me ajudar a ter mais mobilidade. Não tenho conseguido ter uma rotina nessa prática ultimamente, mas me deixou muitos aprendizados e reforçou hábitos que eu já tinha, de meditação e visualizações, técnicas de respiração e relaxamento, que essas sim, são uma rotina diária, principalmente pré-jogo”, contou ele ao GE.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino