Bárbara Sut, de ‘Amor Perfeito’, comenta sobre protagonismo negro: ‘Revolucionário’

Por - 20/06/23 às 14:00

Retrato Bárbara SutDivulgação

Atualmente, Bárbara Sut interpreta a doce e intensa Sônia de “Amor Perfeito”, novela exibida pela Rede Globo. A personagem esconde um passado com muita dor pela perda do filho e dá mais uma chance ao amor quando começa a se relacionar com Júlio (Daniel Rangel).

Em entrevista para o OFuxico, a atriz comentou sobre a experiência de dar vida à Sônia. “Acho que nós duas somos muito resilientes. A Sônia não desiste de tentar, de se permitir novas chances de amar, de acreditar no outro e acho isso muito bonito. É algo que também busco na minha vida pessoal”, disse.

Além disso, a artista espera que a personagem encontre seu merecido final feliz. “Acho que a chave para ela encontrar sua felicidade é fazer as pazes com o passado. Percebo que a Sônia se sente muito culpada e tem dificuldade de se acolher, de se amar por conta dos erros e frustrações do passado. A relação com o Júlio pode abrir os olhos dela para o quanto ela é especial e ser um caminho para reconstruir a auto estima que Ademar (Gustavo Arthiddoro) minou quando ela ainda era muito nova. Mas acho que mais que estar acompanhada, a Sônia precisa olhar para si com carinho e compreensão”.

Sônia (Bárbara Sut) e Júlio (Daniel Rangel) em Amor Perfeito
Sônia (Bárbara Sut) e Júlio (Daniel Rangel) em Amor Perfeito – Foto: Divulgação/Amor Perfeito/João Miguel Junior/TV Globo

Durante a conversa, Bárbara relembrou o momento em que fez o teste para a novela. “Eu estava com muita vontade de me aventurar nessa linguagem e quando surgiu o teste, eu fiquei muito animada. Eu admiro o trabalho da Duca Rachid, do Elisio Lopes Jr. e do Julio Fischer há muitos anos e adorei a personagem desde o teste, então era algo que eu estava animada para que acontecesse, realmente queria fazer parte do projeto e contar essa história. Quando cheguei no teste, quem estava lá era o André Câmara, diretor artístico da novela. Esse é um dado importante, porque o meu primeiro contrato como atriz foi em uma peça musical chamada ‘Rebouças – O Engenheiro Negro da Liberdade’, dirigida por ele em 2014. Então, ver o André no teste me fez sentir muito confortável e acolhida como artista – e com ainda mais sede de conseguir o papel, porque queria trabalhar com ele novamente. Sai do teste me sentindo realizada, leve e foi assim quando me disseram que o papel era meu e é assim que eu me sinto até hoje durante as gravações. Estou feliz por estar onde estou”.

Por falar em teatro, Bárbara ressaltou as principais diferenças entre atuar nos palcos e na televisão. “No teatro, o público está a dezenas de metros do palco, na plateia ou em balcões, então é preciso engajar o corpo inteiro para que a pessoa sentada na ultima fileira te escute, te veja e perceba a emoção que está sendo expressada. Na televisão, o olho do público é a lente da câmera. E portanto, o público pode estar a poucos centímetros do seu rosto. É preciso estar com o corpo todo presente, mas a simples ativação ou relaxamento de alguns músculos da face, um descompasso na respiração já é suficiente para transparecer uma emoção. Fora isso, a rotina é muito diferente. No teatro, a gente ensaia muitas vezes antes de estrear, sabemos o início, meio e fim do que vamos apresentar. Em novelas, por serem obras abertas, descobrimos os rumos da trama conforme vamos fazendo e gravamos sem tanto ensaio”.

PROTAGONISMO NEGRO

Atualmente, as três principais novelas da Rede Globo possuem protagonistas negros: Orlando (Diogo Almeida), em “Amor Perfeito”, Sol (Sheron Menezzes) em “Vai Na Fé” e Aline (Barbara Reis) em “Terra e Paixão”.

Bárbara comentou o fato de poder fazer parte disso e torce para que cada vez mais protagonistas negros tenham espaço na TV.

“Sendo uma artista negra, eu fico muito orgulhosa do caminho que venho trilhando e de alguns passos importantes que percebo que foram dados no meio artístico em relação à questão racial. É revolucionário que a gente ocupe espaços para que seja cada vez mais normal ver negros protagonistas; negros com personagens complexos, afetivos e humanizados. E que isso se reflita para fora dos palcos, extrapole as telas. Estou agora no ar em um momento histórico em que as três novelas da grade da maior emissora do país têm protagonistas negros e em um folhetim que entende essa importância, que tem negros não apenas no elenco mas também nas salas de roteiro, na direção, em toda equipe; uma novela que está comprometida com a criação de um novo imaginário. Eu faço parte dessa mudança, é algo do meu trabalho que fica”.

A famosa também ressaltou a diversidade presente no elenco. “Uma coisa que acho muito bacana é que esse elenco foi pensado para colocar em relação diferentes experiências, o que enriquece muito o trabalho. Metade dos personagens é interpretado por atores e atrizes negros; temos profissionais de diferentes regiões do Brasil e com
experiências profissionais variadas. É bonito ver a generosidade e o prazer da escuta em todos. Enfim, temos uma troca constante e muito marcada pela generosidade e admiração mútua”.

Orlando (Diogo Almeida), Sol (Sheron Menezzes) e Aline (Barbara Reis)
Orlando (Diogo Almeida), Sol (Sheron Menezzes) e Aline (Barbara Reis) – Foto: Divulgação/João Miguel Junior/Camilla Maia/TV Globo

FEMINISMO

“Amor Perfeito” se passa nos anos 40, uma época em que as mulheres sofriam muito com as pressões da sociedade, mas Sônia sempre se mostrou dona de seu destino.

“Eu acho muito interessante que a novela se passa nos anos 40, mas há uma escolha na construção da narrativa e na direção de apresentar novas imagens possíveis para problemas que, infelizmente, ainda são muito atuais. Estamos dando passos importantes, mas ainda é preciso caminhar muito para chegar a uma sociedade menos sexista e mais igualitária”, disse ela.

Bárbara também afirmou que se identifica com o feminismo. “Me identifico com um feminismo negro, decolonial, que leva em conta não apenas as violências relacionadas ao gênero, mas também os atravessamentos das opressões de raça e classe, por exemplo. Acho urgente pensar as opressões sociais de forma interseccional e a novela traz essa perspectiva de forma muito interessante, que convida a olhar de forma crítica para o que vivem as personagens. Nesse sentido, eu empresto muito de mim para a Sônia. Espero que cada vez mais ela consiga ter voz para definir os rumos de sua vida”.

MÚSICA

Além de fazer sucesso na atuação, Bárbara Sut também tem uma carreira na música e lançou o seu primeiro álbum “Calor” no ano passado.

“Por enquanto estou muito focada em dar vida à Sônia e privilegiando a minha carreira como atriz. Mas quero muito seguir desenvolvendo meu álbum autoral ‘Calor’, que lancei no ano passado. Ainda não fiz videoclipes para todas as músicas e gostaria de fazer apresentações do repertório ao vivo. Na época do lançamento, durante a pandemia, ainda estava complicado para trabalhar dessa forma, mas agora é algo que me interessa fazer”, afirmou.

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