Galã da década de 90 revela doença incurável da mãe

Nico Puig é da safra de galãs que fez muita gente suspirar em frente a televisão na década de 1990. O ator de 49 anos tinha apenas 22 quando estreou na 1ª temporada de “Malhação”, com o personagem Raul, o eterno Bad Boy. Quando jovem, recebeu a influência da mãe, a poetisa Maria Schumann Puig, para a dramaturgia. Mas algo ali na infância o incomodava. “Eu cresci vendo minha mãe em uma cadeira de rodas. Quando eu era criança, eu tinha vergonha dela”, revelou o ator, em entrevista exclusiva ao OFuxico.

À vontade para falar de um assunto familiar, Nico contou que Maria Schumann, de 76 anos, é portadora de esclerose múltipla (doença que ataca a capa de proteção dos nervosos e interrompe o estímulo nervoso). “Ela é grau 3 e tem a doença desde os 38 anos. Não escreve mais por causa da dificuldade motora. É uma pessoa que não consegue tomar banho sozinha, levantar da cama sozinha, comer sozinha, e o que é mais triste: minha mãe tem uma lucidez que deixa a minha no ‘chinelo'”, contou.

“Porque se ela ainda fosse uma pessoa ausente ao que acontece em volta dela, talvez ela sentisse menos, mas não. E hoje, eu tenho o maior orgulho do mundo, porque ela é o maior exemplo de que a gente não pode se abater”, acrescentou.

Nesta empreitada, Nico conta com a ajuda de outros irmãos. Todos eles se dividem nos cuidados da matriarca, que atualmente vive em uma clínica especializada para idosos, em São Paulo. No início da doença, antes de ingressar em algumas clínicas, Maria foi tratada por especialistas em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. “Eu graças a Deus tenho três irmãos maravilhosos. Somos em quatro filhos e a gente se divide em relação a tempo e em relação aos gastos também”.

Com sorriso na voz, o ator disse que só recentemente, por causa da pandemia, é que pôde visitar a mãe. “Eu a visitei agora em dezembro. Fiquei quase dois anos sem poder vê-la. Estava todo paramentado e precisei manter uma certa distância. Foi toda uma questão de segurança e normas da clínica, porque até então, não tínhamos permissão. Não tem outra palavra que não seja gratidão”, disse o ator.

Nico, que atualmente pode ser visto na minissérie “Sex Appeal”, disponível no catálogo da GloboPlay, finalizou a entrevista revelando outro assunto delicado: há alguns anos, ele foi o diagnosticado com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). “Minha vida sempre foi cheia de altos e baixos. E mesmo assim continuo com os meus maus hábitos de fumar. Obviamente que o cigarro agrava, mas também existe uma questão genética. Pessoas da minha família que nunca fumaram desenvolveram a mesma doença. E quando tomei conhecimento disso, chorei muito, ia dormir chorando e acordava chorando. Mas passou”, recordou ele.

ENSAIO SENSUAL

Em dezembro, Nico compartilhou nas redes sociais um ensaio sensual em que aparece de cueca. O ator contou que o trabalho aconteceu da forma mais despretensiosa possível. “Esse ensaio foi feito aqui na minha casa, feito em menos de 30 minutos pelo Ton (fotógrafo), que é um amigo particular. Certa vez ele veio me fazer uma visita e a gente brincou de produzir algumas fotos. E modéstia a parte, eu também achei que ficou de bom gosto. Foi feito com muito cuidado, apesar de ter sido feito de uma forma totalmente despretensiosa. Estavam presentes o meu marido, o Jeff, o Ton e eu. Não tivemos muito preocupação em relação a produção, até porque pouca produção teve (risos)”, contou.

“Foi muito mais porque talvez eu não estivesse com a autoestima muito alta naquele dia, e esse meu amigo percebeu e me incentivou, dizendo ‘vamos fazer umas fotos, o resultado vai ficar legal, vamos brincar, ver o que acontece, e se você gostar você pode usar nas suas mídias sociais’. E assim foi feito”, disse.

No final da década de 1990, Nico já havia experimentando algo ainda mais ousado. Ele posou totalmente nu para a revista G Magazine. “Fiquei surpreso com o convite. Na época eu aceitei fazer as fotos. Eu entendo que o corpo feminino ele sempre foi enaltecido, e o masculino sempre tinha um pouco de reticências, sempre existia algumas ressalvas, e eu nunca entendi o porquê. Eu enxergo o ensaio nu como arte, porque o corpo é bonito por si só. Independente se a gente é gordo, magro. Não vejo muito porque as pessoas ainda têm algumas ressalvas em relação a gente poder expôr essa ferramenta que na verdade é uma casca, que com o tempo, acaba se oxidando”, disse.

Em outro momento da conversa, Nico revelou se aceitaria um novo convite para posar nu. “Se aparecesse alguma pessoa realmente louca para me oferecer essa oportunidade, e eu achasse que, numa via de duas mãos, entenda isso como um retorno financeiro para poder fazer algum trabalho de bom gosto, eu poderia me arriscar sim. Eu não sei se teria muita gente interessada em ver (risos). Mas sim, talvez eu faria, sim”, disse o ator. “Eu não vejo muito problema, independente da idade, a gente procurar se ver de forma bela. Faz bem para quem é fotografado, faz bem para o profissional que está fazendo aquele registro. Faz bem para as pessoas que se interessam e se voltam a prestigiar aquilo”, acrescentou.

SAINDO DO ARMÁRIO

Assumir publicamente a homossexualidade nem sempre é algo fácil, principalmente quando se é uma pessoa pública. Se isso trouxe consequências negativas para a vida do ator? “Eu realmente não sei te dizer. Se alguma coisa veio me prejudicar, eu nem posso agora nesse momento questionar. Eu entendo que eu tomei determinadas decisões na minha vida como forma de realmente ser feliz. De me sentir mais verdadeiro comigo mesmo e com as pessoas que estavam a minha volta, principalmente as que eu amo”, disse.

No entanto, o número de convite para trabalho caiu depois que Nico assumiu publicamente sua orientação sexual. “Sim, mas diminuiu também por outros motivos talvez. Talvez eu não tenha caído no gosto do grande público. Ou diminuiu porque talvez eu não fosse a pessoa mais talentosa do mundo. Diminuiu talvez porque a idade também acaba te afunilando em relação à possibilidades. Diminuiu talvez porque assim a vida quis. Eu nunca atrelei ao fato de eu ter assumido qualquer coisa. Até porque a partir do momento que eu assumi determinadas coisas, eu entendo que eu me aproximei da minha felicidade particular”, revelou.

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