Osmar Prado se despe do Velho do Rio: ‘É como a perda de um grande amigo’

Por - 07/10/22 às 16:15

Osmar Prado, de braços abertos perto da naturezaOsmar Prado, de braços abertos perto da natureza - Foto: Reprodução Instagram @osmarpradoator

Ele é um sucesso. Todos os trabalhos feitos na TV, teatro ou cinema conquistam e emocionam o público. Osmar Prado se entrega a cada personagem, trazendo ao telespectador as sensações que realmente rolam nas novelas, capítulos que falam muito da vida real.

Agora, se despedindo do Velho do Rio, no remake de “Pantanal”, que vai deixar muita saudade, Osmar é só emoção. O personagem, está fixo em nossos corações, com uma série de lições e aprendizados que o homem precisa manter mais a atenção.

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Osmar Prado, de barba, com pôr do sol atrás
Osmar Prado, de barba, com pôr do sol atrás – Foto: Reprodução Instagram @osmarpradoator

OFuxico conversou com este grande ator, que é de uma humildade e simpatia ímpares. Ele nos contou como se despede da personagem que encantou a todos e também sobre os próximos projetos. Confira:

OFuxico – Como é se ‘desvestir’ do Velho do Rio?

Osmar Prado – Eu acho que é como se fosse a perda de um grande amigo, com o qual eu convivi estes meses todos. Me despedir de uma personalidade especial, de um homem que tem um pensamento muito generoso em relação a fauna, a flora, a defesa da água, a defesa de tudo e a falência do homem nesse mundo moderno, que define muito a falência mundial do sistema capitalista. Nós sabemos que vai haver, como todos os momentos históricos de mudança, de era, mudança geopolítica eu acho que a gente está vivendo, a humanidade está vivendo um momento crucial de grandes mudanças justamente pela falência do sistema capitalista que muitas vezes resulta em guerra. Quando perguntaram ao Einstein como seria terceira guerra mundial, ele disse “a terceira eu não sei, mas a quarta vai ser em arco e flecha”.

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Eu acho que o Einstein tinha razão, vai ser devastador o conflito do homem na luta pela sobrevivência e na luta pela ampliação do poder para subjugar outras nações sobretudo os impérios, principalmente o império estadunindense, em conflito direto com a Rússia, a China e a comunidade Europeia e toda América Latina. Eu acho que estamos aí partindo para um desfecho muito forte. Então, no caso do microcosmo do velho do Rio a criação foi a gestação de uma personalidade tão emblemática com a qual eu convivi e nesse momento, hoje é o último capítulo no ar, eu já me despedi na homenagem que me foi prestada no programa do Huck (Luciano, ‘Domingão com o Huck’) que irá ao ar domingo (09 de setembro) e já apareço lá com uma mudança extraordinária; o desaparecimento. Ele permanecerá sempre na minha, nas nossas memórias e no meu coração.

Velho do Rio (Osmar Prado) em cena de Pantanal
Velho do Rio (Osmar Prado) em cena de Pantanal – Foto: Divulgação TV Globo


OFuxico – Qual o sentimento que este personagem despertou em você?

Osmar Prado – O personagem me despertou uma grande compaixão pelo ser humano e uma grande crítica também né, porque, como ele diz, “ninguém e dono de nada, nós podemos ser os administradores, mas donos nós não somos, nascemos pelados e também vamos para a morte, para o desfecho final, pelados”. Então, não levamos nada a não ser o nosso corpo inerte, que será decomposto no fundo da terra ou cremado. De alguma maneira desaparecerá. Só os restos mortais serão o testemunho da nossa existência e os documentos que nos definem. Eu acho que é um pouco isso, mas ele me despertou, e repito aqui, uma visão dramática que ele tem do homem e a sua influência no meio ambiente o homem, o bicho homem, é o único ser que envenena a água que bebe, é o único ser que maltrata o bicho que come, é o único ser que derruba a árvore que purifica o ar que ele respira. O homem está condenado ao suicídio. Esse sentimento eu vou carregar para o resto da vida.

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Osmar Prado, como Velho do Rio, de Pantanal, segurando uma sucuri, nos bastidores da novela
Osmar Prado, como Velho do Rio, de Pantanal, segurando uma sucuri, nos bastidores da novela – Foto: Reprodução Instagram @osmarpradoator

Como o Tião Galinha (personagem de Osmar Prado na novela ‘Renascer’, escrita por Benedito Ruy Barbosa, em 1993) disse e eu carrego até hoje “quem trabalha e mata a fome não come o pão de ninguém; mas quem ganha mais do que come, sempre come o pão de alguém.” Enquanto não houver uma sociedade mais justa, uma sociedade mais voltada para o bem-estar do ser humano, na sua necessidade de moradia, na necessidade de matar a fome, na sua necessidade de ter um emprego bom, na sua necessidade de uma vida saudável para os filhos, um futuro para eles e não esses bolsões, que na verdade, de forma radical são assassinados nessas comunidades, chacinados, jogados desde o período escravagista que o país não passou a limpo, e esses bolsões foram para a marginalidade; para as grandes comunidades e muitas vezes são dizimados. É uma sociedade altamente injusta e o grande trabalho do Velho seria não só a unificação da família dele, que ele luta para isso, mas a unificação de toda a sociedade no sentido de jamais existir um só ser humano, numa sociedade, ou na nossa sociedade, que não tenha um pedaço de pão, que não tem um teto para se cobrir, para morar e comida pra comer. Então esse sentimento eu carrego comigo.

Tião Galinha, personagem de Osmar Prado em Renascer
Tião Galinha, personagem de Osmar Prado em Renascer – Foto: Reprodução


OFuxico – O que o bioma e o Velho do Rio deixam marcados na tua pele, como ensinamento?

Osmar Prado – Nessa questão do bioma, a gente sabe que as cenas no Pantanal… Olha, no domingo, o próprio Almir Sater, que faz o comandante da chalana, contou que lá já foi bom, já teve água, já teve tudo e agora está secando tudo e quando o homem desaparecer da face da Terra, a natureza se recuperará. Porque ninguém; o homem não tem força para destruir a Terra. A Terra se recupera com ele ou sem ele. Isso também fica na minha mente.

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OFuxico – Já tem novo trabalho na TV, no cinema ou no teatro?

Osmar Prado – Não tenho. Eu pretendo descansar o resto deste ano e a partir de 2023, então, eu começo a pensar no que vou fazer. Tenho convite para fazer uma participação em cinema, vou fazer, só estou esperando o pessoal se reorganizar e deve ser já para o ano que vem. Na televisão não há perspectiva e é bom mesmo descansar a minha imagem e tocando em frente, como diz Almir Sater. Vamos chutando a bola, sempre jogando e sempre aprendendo a jogar.”

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