Ícaro Silva: ‘Meus pais entenderam que eu era uma criança queer’

Ícaro Silva, de 38 anos, abriu o coração sobre sua trajetória em entrevista ao programa TripFM, comandado por Paulo Lima, na última sexta-feira, 22 de agosto. O ator, músico e escritor relembrou a infância em Diadema, no ABC Paulista, marcada por dificuldades. Ele contou que a família perdeu a casa logo após uma enchente e que a violência policial quase custou a vida da mãe.

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“Me considero um sobrevivente. A arte foi o caminho que me salvou. Meus pais entenderam rápido que eu era uma criança artista, talvez até uma criança queer, e me direcionaram para esse caminho”, disse. Durante a conversa, Ícaro então falou também sobre os episódios de preconceito que enfrentou. “Sempre entendi o racismo como uma limitação cognitiva. Quando sofria violência racista, sabia que o problema não estava comigo, mas no outro”, contou.

O ator ainda relembrou um episódio marcante ocorrido em 2018, no Rio de Janeiro. “Nenhuma classe social muda sua condição de pessoa preta no Brasil. Fii baleado pela polícia militar do Rio de Janeiro em 2018 porque não faz parte do imaginário racista ver homens negros em carros de luxo. Carrego até hoje um projétil no braço como lembrnaça de que não estou seguro diante da violência do Estado. A cor da pele sempre fala primeiro”.

Ícaro Silva e o racismo no audiovisual brasileiro

Ícaro também refletiu em seguida sobre a representatividade negra no audiovisual brasileiro: “Ainda estamos atrasados nesse tema. Essa luta começou há 70 anos, com o Teatro Experimental do Negro. Por muito tempo me acostumei a ser o único preto em cena. Isso é uma das perversidades do racismo brasileiro: transformar uma pessoa em token para representar toda uma negritude. Nunca vi na TV uma história como a minha. Um protagonista negro e gay numa novela, por exemplo, nunca existiu”.

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Além de falar sobre a carreira e temas sociais, Ícaro adiantou novidades profissionais. Depois de ter participado da novela “Garota do Momento”, exibida pela TV Globo, ele estará em breve na série “Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente”, produção da HBO Max que retrata a epidemia do HIV no Brasil durante os anos 1980.