Linn da Quebrada sobre exposição no BBB: ‘Preciso reconstruir o que é privado’

Por - 14/06/22 às 14:40

Linn da Quebrada na GlamourLinn da Quebrada na Glamour (Reprodução/Glamour/Mariana Maltoni)

Colhendo apenas bons frutos da sua participação do BBB 22, Linn da Quebrada acaba de conquistar mais um espaço enorme e levando sua voz e representatividade para mais e mais públicos.

A artista multiplataforma é a mais nova capa da revista Glamour, e aproveitou para contar um pouco sobre sua participação no maior reality do Brasil. O ensaio foi em um estúdio de balé, e o conceito é de Lina se reencontrando com o “eu” da adolescência, que começa a descobrir as possibilidades que seu corpo tem e a potência que ela exala como artista através da dança. Em entrevista para a Glamour, a artista contou sobre sua realidade pós BBB, representatividade, orgulho, e muito mais. Veja a belíssima capa e leia alguns trechos exclusivos:

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Linn da Quebrada na Glamour (Reprodução/Glamour/Mariana Maltoni)

BIG BROTHER

No papo, Lina contou que aceitou o convite do BBB porque acreditava que neste novo momento do Brasil, era possível que ela conseguisse o prêmio.

 “Senti que eu precisava ir para o ‘Big Brother’, mesmo com medo. O que me fez ir foi considerar a possibilidade de que, neste novo momento do Brasil, era possível que uma travesti chegasse à final e pudesse ganhar o maior reality show do país, criando um novo imaginário social de quem somos”.

Quando a artista foi questionada se em algum momento ela tentou ser algo que não era, já que em “I Míssil”, do “Trava Línguas”, seu mais recente trabalho, tem um trecho onde ela canta “é na força da farsa”, Lina respondeu:

 “Não em um sentido de uma personagem para jogar, mas percebi que nós somos situações. No ‘Big brother’, entrei como Linn da Quebrada, mas tinha a possibilidade situacional de me tornar Lina Pereira, em uma versão ainda desconhecida até então. Ali, tive a chance de entrar em contato comigo, mais frágil e vulnerável. Hoje, fico até com raiva de ter sido assim. Mas, ao mesmo tempo, olho com carinho e cuidado, porque um dos maiores prêmios de ter participado do jogo foi ter conquistado um olhar que humanizasse o meu corpo e, consequentemente, o corpo de tantas outras pessoas trans e travestis”. 

REPRESENTATIVIDADE

Falando ainda em “Big Brother”, a ex-sister contou sobre como se sentia com os erros de seu pronome, que até o apresentador Tadeu Schimidt teve que tirar um tempo no ao vivo para corrigir os brothers e deixar ela explicar por que era tão importante usar o pronome feminino

Sinto que me preparei para essa situação, porque isso acontece cotidianamente. O que se passava na minha cabeça naquele momento era salientar para a pessoa que ela estava errando o meu pronome, mas sem ficar insistindo muito nisso, porque seria um peso muito grande para eu carregar. Esperava que a gente estivesse em outro lugar agora, mas, quando eu saí da casa, e me deparei com tantos debates, vi que é preciso entender que a nossa presença ainda tem a necessidade de ser didática. Minha intenção na casa não era ficar explicando quem eu sou, eu só queria viver. Estar ali faz com que o Brasil reveja a forma como se enxerga e se trata um travesti”.

Questionada sobre como é ser um novo ícone da representatividade, já que sua arte alcançou diversos lugares, novos patamares, novos lugares, e novos corações, a artista respondeu:

 “Isso tem sido uma questão. Convivi três meses na casa e sinto que agora pessoas me conhecem muito, mas eu não as conheço. É como se eu tivesse dado o meu bem mais precioso, que é a minha intimidade. Quando eu saio de casa, em carne viva, eu sinto que, agora, essas pessoas têm tudo de mim, que a minha intimidade se tornou pública. Eu preciso reconstruir em mim o que é privado”.

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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha