Encontro homenageia e lamenta morte de Susana Naspolini
Por Murilo Rocha - 26/10/22 às 11:15
Na noite de terça-feira, 25 de outubro, a jornalista da Rede Globo, Susana Naspolini morreu, aos 49 anos, em decorrência das complicações de uma batalha contra o câncer na bacia. No “Encontro” desta quarta-feira, 26 de outubro, sua colega de profissão, Patrícia Poeta fez um bloco totalmente dedicado a ela, relembrando sua carreira e seu jeito de ser:
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“A Susana era uma pessoa super alto astral. Se destacou nos telejornais locais, conquistou o carinho dos cariocas. Ela tinha um quadro chamado “RJ Móvel”, onde ela mostrava os problemas corriqueiros com humor e espontaneidade, era isso que chamava muito atenção do público”.
Em meio às cenas de reportagens com seu bom humor, onde Susana estava sempre brincando e mostrando irregularidades dos locais onde fazia as reportagens com um tom mais cômico, Patrícia seguiu a homenagem e relembrou que era a quinta batalha contra a doença:
“Sempre rindo e ao mesmo tempo falando dos problemas da cidade. Este jeito único conquistou uma legião de admiradores. Em março deste ano ela descobriu um câncer no osso da bacia, enfrentando com muita fé, cabeça erguida. Eu a admirava, o quanto guerreira ela foi. Em junho de 2019 ela lançou a autobiografia ‘Eu Escolho Ser Feliz’, e ela passa exatamente esta sensação”.
“Aqui no encontro ela falou sobre a trajetória, a alegria de estar viva sobre o otimismo que a ajudou a encarar a vida.”
No trecho exibido de sua participação no “Encontro com Fátima Bernardes”, em 2019, Susana relatava que o momento da notícia é devastadora, e o medo de morrer e deixar a filha era grande. Mas, que após receber, ela escolheu lutar e não lamentar:
“É um fato! Não adianta abrigar, ficar revoltada e perguntar ‘ O que eu fiz?’. Não, você não fez nada! É da vida, a gente fica doente, tem tantas doenças, acontece. A partir disto é se questionar: ‘O que eu posso fazer daqui para frente para dar conta, ir em busca de uma cura e sair melhor disto?'”.
Patricia encontrou a jornalista nos bastidores, no mesmo dia, e escolheu algumas palavras para definir sua amiga e colega de profissão:
“Eu a encontrei nos bastidores naquele dia. Existem muitas palavras que a descrevem, mas, destacam-se: Coragem, esperança, fé, alegria.”
Manoel Soares também contou sobre seus encontros e fez questão de ressaltar o carinho que sentia pela profissional:
“Quando eu trabalhava na RBS, uma das minhas referências era ela, e quando fui ao Rio, acabei interagindo com ela algumas vezes. Acordei meio triste hoje e fui ver alguns vídeos dela na internet, e meu dia melhorou 100%. A partida gera tristeza, mas, relembre os vídeos delas, e você vai ver que sua vida vai reacender.”
JORNAL NACIONAL
Susana Naspolini morreu nesta terça-feira, 25 de outubro, vítima de câncer. Repórter na Globo Rio, ela era queridinha da audiência, por cobrir as comunidades e trabalhar para melhorar os serviços público.
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No “Jornal Nacional”, a emissora transmitiu um longo vídeo sobre a trajetória da colega de redação. Ao longo de quase quatro minutos, a carreira e a luta de Susana contra o câncer explicaram o que a tornou uma mulher tão especial e forte.
Ao encerrar o jornalístico, Renata Vasconcellos não conseguiu sequer dar boa noite para o público. Ela não segurou o choro e ficou a cargo de William Bonner o “boa noite” final.
CARREIRA E LUTA CONTRA O CÂNCER
Susana enfrentou o câncer cinco vezes. A jornalista tinha apenas 18 anos quando descobriu que estava com câncer nas células do sistema linfático. Era o início de uma grande luta.
Quase vinte ano depois, aos 37, Susana foi diagnosticada pelos médicos com um tumor maligno na mama e, logo em seguida, outro na tireoide. Em 2016, a jornalista encarou mais uma vez outro câncer de mama, esse que em 2020 evoluiu para uma metástase nos ossos.
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Uma das jornalistas mais queridas no Rio de Janeiro e em todo o Brasil, Susana recebeu homenagens de diversos colegas da Globo. Fátima Bernardes, André Trigueiro, Leilane Neubarth, Pedro Figueiredo e muitos outros enviaram suas condolências à família.
Ainda não há informações sobre o velório e enterro da jornalista.
BEM-HUMORADA, SUSANA SEMPRE SONHOU EM SER REPÓRTER
Susana Dal Farra Naspolini Torres nasceu no dia 20 de dezembro de 1972, em Criciúma, Santa Catarina. Desde cedo, ela dizia que seu sonho era ser repórter. Dona de um bom humor único e uma espontaneidade ímpar, Susana era conhecida por produzir reportagens no Rio de Janeiro. Entrou para o Grupo Globo em 2002, época em que se tornou repórter temporária da GloboNews. Passou pelo Canal Brasil, pela produção da Editoria Rio, da TV Globo, e pela equipe de reportagem dos telejornais ‘Bom Dia Rio’ e ‘RJTV’.
Em 2008, começou a apresentar o quadro ‘RJ Móvel’, parte do ‘RJ1’. Seu jeito divertido costumava atrair a atenção do telespectador. Susana fez reportagens em que andou de skate e bicicleta, pulou poças de esgoto, entrou em buracos, mas sempre assertiva na hora que precisava, por exemplo, cobrar as autoridades diante de um descaso do poder público, principalmente em áreas carentes.
“Meu trabalho como repórter é onde eu sou feliz. Sou uma repórter otimista, sempre acho que vai dar jeito, que as coisas vão melhorar. Acredito nas boas intenções das pessoas. Sou incansável. Acredito que o bem sempre prevalece”, disse Susana, em 2017, à reportagem do Memória Globo.
E emendou. “O jornalismo local é minha paixão. É sobre a cidade em que a gente mora, é onde a gente cumpre nossa missão de jornalista, que é fazer o mundo melhor, ajudar as pessoas, contribuir de alguma forma. Só que daí tem de tudo, matérias alegres, tristes, violência, saúde”, elencou.
Susana gostava da rua, de estar onde o povo estava. Sentir os dramas e as sensações das pessoas mais necessitadas.
“É o meu jeito de trabalhar, podem, ou não, gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’. Respondi: ‘Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?’. Tem suor, tem o cafezinho; se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço; se eu sentar na calçada pra falar com alguém, vai mostrar; ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está”, contou a jornalista.
ESCOVA DE CABELO FOI SEU MICROFONE QUANDO CRIANÇA
Quando criança, costumava ‘denunciar’ buracos na rua de sua casa, com uma escova de cabelos nas mãos, no lugar de um microfone. Ali nascia uma repórter. Formou-se em Comunicação Social na Universidade Federal de Santa Catarina e aos 19 anos começou a trabalhar como repórter do SBT. Em 1994, foi convidada pela RBS para apresentar o “Bom Dia Santa Catarina” em Criciúma, onde a afiliada da Globo abria uma nova sede.
Em 2001, mudou-se para o Rio de Janeiro e lá conheceu o narrador esportivo Maurício Torres com quem se casou e teve uma filha, Julia, atualmente com 16 anos. Maurício morreu em 2014, aos 43 anos, em decorrência de uma infecção que não regrediu. Na época, ele integrava a equipe de esportes da Record TV.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha