Luísa Sonza lamenta morte de Rita Lee: ‘Música é o que é graças a ela’
Por Murilo Rocha - 09/05/23 às 16:52
Na manhã de terça-feira, 9 de maio, a triste notícia da morte de Rita Lee Jones, aos 75 anos, deixou fãs, famosos e familiares devastados. O ícone do rock brasileiro lutava contra um câncer de pulmão desde 2021. Um das maiores artistas da nova geração, Luísa Sonza, lamentou a morte do ícone do rock, relembrando que a potência que ela sempre foi uma mulher a frente de seu tempo, inspirando muitas mulheres e artistas:
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“Rita Lee foi uma mulher e artista vanguardista, à frente do seu tempo em tudo, da música à luta feminista, passando pelas mudanças sociais de um Brasil que insiste em ser careta. Padroeira da liberdade, Rainha absoluta do rock brasileiro, mesmo que ela não goste de seu próprio posto, é inegável, Rita inspirou e inspira milhares de mulheres pessoas e artistas que a tem como ídola maior e referência de vida.”
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Sonza relembrou que ela pode homenagear a obra da cantora durante o Latin Grammy juntamente com o “Altas Horas”. Luísa também agradeceu por tanta inspiração e revelou que recebeu os agradecimentos pessoais da Rainha do Rock:
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“Recentemente, tive a honra de homenagear Rita durante o Latin Grammy e também no Altas Horas, pude me aproximar também tá família incrível que ela construiu. Para Rita, falei da importância que ela tinha pra mim e falei, mesmo que ela já soubesse, da importância que ela tem não só na minha vida, mas na vida de todos os artistas desse país. Tive sorte de receber a resposta de que ela me adorava, que adorou as homenagens e ainda disse que eu era mais bonita ainda sem maquiagem, vou levar essa dica comigo, Rita! Obrigada por tanta humildade e carinho, que honra ter trocado um pouquinho com você. Nós, mulheres artistas (principalmente as mais rebeldinhas) brasileiras, somos o que somos, e nossa música é o que é, graças a Rita Lee. Sem ela, muita coisa não seria possível. Meus mais sinceros sentimentos e amor a Roberto, Beto, Antônio, João, Silvia e a todo Brasil.”
O ÍNICIO DO ÍCONE
Rita Lee iniciou a carreira profissional na década de 1960. Naquela época, ela já havia se juntado a Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para cantar, porém, o trio ainda não tinha um nome forte para se apresentar na TV Record, hoje, Record TV, após um convite feito por Ronnie Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, que os chamou para um jantar em sua casa para conhecê-los melhor.
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“Papo vai, papo vem, e Ronnie levantava a sugestão de um nome mais contundente para o trio. Os Bruxos era, digamos assim, pobrinho demais. Ele nos mostrou um livro que estava lendo “O Império dos Mutantes”, explicando que era seres de outro planeta que se transformavam em infinitas formas de vida a título de conquista a Terra. Plin! Benção, painho”, contou Rita, em sua autobiografia, sobre a origem da banda que com ela durou de 1966 a 1972.
Em 1968, o trio assinou um contrato com a gravadora Polydor e assim lançaram seu primeiro disco. As faixas que se destacaram foram “Senhor F”, “Panis et Circenses”, música composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para Os Mutantes e “Trem Fantasma”. O LP vendeu menos de 10 mil cópias, mas adquiriu status lendário ao longo dos anos.
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Naquele mesmo ano, Os Mutantes participaram do III Festival Internacional da Canção, da Rede Globo. O episódio mais emblemático aconteceu no momento em que a banda acompanhou Caetano Veloso na final paulista do festival, realizado no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, cantando “É Proibido Proibir”. A música foi mal recebida. Além das vaias, o público atirou ovos, tomates, pedaços de madeira e tudo que tinha contra o cantor. Nesse instante, Os Mutantes viram as costas para a plateia, mas não pararam de tocar. Enfurecido, Caetano fez um discurso inflamado e depois se retirou do festival.
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Em março de 1970, a banda lançou a canção “Ando Meio Desligado”. A música foi considerada um marco na carreira do grupo, que naquela época, procura se distanciar do tropicalismo e querendo flertar mais com o rock. No ano seguinte, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.
Em sua autobiografia, Rita contou que foi colocada para fora da banda em 1972. “A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista”, teria dito Arnaldo. “Um escarrada na casa seria menos humilhante”, disse Rita no livro.
TUTTI FRUTTI
Já conhecida nacionalmente, Rita passou a fazer parte de outra banda, a Tutti Frutti, que durou de 1973 a 1978. Em 1975, o grupo lançou o álbum “Fruto Proibido”. Nele, contém as músicas de sucesso “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você”, entre outras. O disco se tornou um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, dando a Rita o título de “Rainha do Rock Brasileiro”. Além de Rita, formavam a banda Luis Sérgio Carlini, Lee Marcucci, Lúcia Turnbull, entre outros músicos. Em cinco anos de existência, a Tutti Fritti ainda lançou os sucessos “Jardins da Babilônia”, “Eu e Meu Gato”, “Miss Brasil 2000”, “Esse Tal de Roque Enrow”, entre outras.
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RITA E ROBERTO
Ney Matogrosso foi o cupido da parceria musical e do casamento duradouro de Rita e Roberto de Carvalho. Eles se casaram em 1976 e dois anos depois começaram a se apresentar juntos. Com Roberto, Rita teve três filhos: o cantor, compositor e guitarrista Beto Lee, atualmente integrante dos Titãs, além de João e Antônio, todos nascidos nos anos 1970.
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Em 1979, Rita e Roberto entraram em uma fase mais pop. Os dois eram figurinhas carimbadas na Rede Globo. Rita no vocal e Roberto na guitarra. O primeiro trabalho em disco da dupla Lee/Carvalho foi o álbum “Rita Lee”, mais conhecido por “Mania de Você”, com os hits fenomenais “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”.
Rita e Roberto pareceriam uma máquina de fazer sucesso, isso porque na sequência viveram outras dezenas de músicas que consagraram Rita na carreira solo. Exemplos? “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Nem Luxo Nem Lixo”, “Saúde”, “Banho de Espuma”, “Cor de Rosa Choque”, “Barata Tonta”, Desculpe o Auê”, “Vírus do Amor”, “Perto do Fogo”, e tantas outras.
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Em 1991, Rita separou-se temporariamente de Roberto de Carvalho. Após reatarem, a cantora surpreendeu o público ao revelar que os dois haviam voltado, porém, viviam naquele momento em casas separadas. Um absurdo para a época. Em entrevista à Marília Gabriela, Rita falou sobre o assunto. “Moramos em casas separadas desde que Roberto parou de se drogar e eu continuei.”
Nos últimos anos, Roberto e Rita seguiram a parceria incrível de vida, fora dos palcos. Roberto cuidou da amada roqueira até o fim.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha