Vladimir Carvalho morre aos 89 anos e deixa legado para o cinema brasileiro
Por Flavia Cirino - 24/10/24 às 13:37
Vladimir Carvalho, um dos principais nomes do cinema brasileiro, morreu nesta quinta-feira, 24 de outubro, aos 89 anos, em Brasília. O cineasta, nascido em Itabaiana, na Paraíba, sofreu um infarto e não resistiu após complicações renais.
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Ele estava internado no hospital Santa Helena, onde passou por hemodiálise, mas seu quadro se agravou. O velório ocorrerá no Cine Brasília na sexta-feira, 25. O horário, entretanto, ainda será definido.
Trajetória de impacto no cinema nacional
Vladimir construiu uma carreira sólida no cinema documental, abordando sobretudo temas sociais e políticos. Entre suas principais obras, destacam-se “O País de São Saruê” (1971), “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1991) e “Barra 68” (2000).
Além do trabalho nas telas, ele também teve atuação relevante na educação cinematográfica, ajudando a fundar o curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB), onde era professor emérito.
A reitora da UnB, Márcia Abrahão, lembrou a importância de Vladimir para a universidade e o país: “Ele nos deixa um grande legado, não só da sua produção cinematográfica, mas também do seu olhar crítico sobre a ditadura militar e sua resistência em momentos difíceis para a universidade. Foi um defensor da democracia e do cinema brasileiro.”
Últimos momentos de Vladimir e projetos interrompidos
Em 5 de outubro, Vladimir sofreu o infarto que o levou à internação. Antes disso, ele participou de uma reunião com Leandro Grass, presidente do Iphan, sobre a criação de um museu para o acervo Cine Memória.
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De acordo com a jornalista Márcia Zarur, que entrevistou o cineasta na mesma semana, Vladimir estava otimista com o projeto. “Ele comentou que era um dos dias mais felizes da vida dele porque queria dar uma destinação digna ao acervo.”
Após essa reunião, Vladimir foi para a casa que guardava o Cine Memória, na W3 Sul, em Brasília, e preferiu passar a noite lá. “Ele gostava de caminhar e queria molhar as plantas. Só depois, já passando mal, pediu ajuda para sua companheira, Maria do Socorro, e foi internado”, contou Márcia.
Homenagens e declarações
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, exaltou a trajetória do cineasta: “O professor Vladimir dedicou sua arte para denunciar injustiças e dar voz aos desassistidos numa época de censura e perseguição política. Levou o nome de Brasília para o cenário cultural internacional.”
O ex-governador Rodrigo Rollemberg também lamentou a perda: “Um paraibano brasiliense dos mais ilustres e comprometidos com a memória e a história do nosso povo. O cinema brasileiro perde um dos seus maiores talentos.”
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino