Lula lamenta morte de Rita Lee: ‘Agora falta você’
Por Murilo Rocha - 09/05/23 às 12:56
Na manhã desta terça-feira, 9 de maio, o Brasil se despede de Rita Lee Jones, o ícone do rock. A cantora morreu aos 75 anos em decorrência de complicações da batalha contra um câncer de pulmão. Rita sempre foi conhecida pelo seu humor ácido, canções irreverentes e sempre criticou a política brasileira. Em um tweet, Lula lamentou a perda e relembrou que ela achava cafona ser chamada de ‘Rainha do Rock’:
“Rita Lee Jones é um dos maiores e mais geniais nomes da música brasileira. Cantora, compositora, atriz e multi-instrumentista. Uma artista a frente do seu tempo. Julgava inapropriado o título de rainha do rock, mas o apelido faz jus a sua trajetória.”
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Ele continuou em seu pronunciamento e relembrou do impacto da cantora na música brasileira, relembrando a batalha que sempre travou contra o machismo:
“Rita ajudou a transformar a música brasileira com sua criatividade e ousadia. Não poupava nada nem ninguém com o seu humor e eloquência. Enfrentou o machismo na vida e na música e inspirou gerações de mulheres no rock e na arte.”
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Por fim, Lula ressaltou que ela jamais cairá no esquecimento e finalizou fazendo menção para o seu hit “Agora Só Falta Você”:
“Jamais será esquecida e deixa na música e em livros seu legado para milhões de fãs no mundo inteiro. Meu abraço fraterno aos filhos Beto, João e Antônio, familiares e amigos. Rita, agora falta você.”
LEGADO
Rita Lee iniciou a carreira profissional na década de 1960. Naquela época, ela já havia se juntado a Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para cantar, porém, o trio ainda não tinha um nome forte para se apresentar na TV Record, hoje, Record TV, após um convite feito por Ronnie Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, que os chamou para um jantar em sua casa para conhecê-los melhor.
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“Papo vai, papo vem, e Ronnie levantava a sugestão de um nome mais contundente para o trio. Os Bruxos era, digamos assim, pobrinho demais. Ele nos mostrou um livro que estava lendo “O Império dos Mutantes”, explicando que era seres de outro planeta que se transformavam em infinitas formas de vida a título de conquista a Terra. Plin! Benção, painho”, contou Rita, em sua autobiografia, sobre a origem da banda que com ela durou de 1966 a 1972.
Em 1968, o trio assinou um contrato com a gravadora Polydor e assim lançaram seu primeiro disco. As faixas que se destacaram foram “Senhor F”, “Panis et Circenses”, música composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para Os Mutantes e “Trem Fantasma”. O LP vendeu menos de 10 mil cópias, mas adquiriu status lendário ao longo dos anos.
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Naquele mesmo ano, Os Mutantes participaram do III Festival Internacional da Canção, da Rede Globo. O episódio mais emblemático aconteceu no momento em que a banda acompanhou Caetano Veloso na final paulista do festival, realizado no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, cantando “É Proibido Proibir”. A música foi mal recebida. Além das vaias, o público atirou ovos, tomates, pedaços de madeira e tudo que tinha contra o cantor. Nesse instante, Os Mutantes viram as costas para a plateia, mas não pararam de tocar. Enfurecido, Caetano fez um discurso inflamado e depois se retirou do festival.
Em março de 1970, a banda lançou a canção “Ando Meio Desligado”. A música foi considerada um marco na carreira do grupo, que naquela época, procura se distanciar do tropicalismo e querendo flertar mais com o rock. No ano seguinte, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.
Em sua autobiografia, Rita contou que foi colocada para fora da banda em 1972. “A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista”, teria dito Arnaldo. “Um escarrada na casa seria menos humilhante”, disse Rita no livro.
TUTTI FRUTTI
Já conhecida nacionalmente, Rita passou a fazer parte de outra banda, a Tutti Frutti, que durou de 1973 a 1978. Em 1975, o grupo lançou o álbum “Fruto Proibido”. Nele, contém as músicas de sucesso “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você”, entre outras. O disco se tornou um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, dando a Rita o título de “Rainha do Rock Brasileiro”. Além de Rita, formavam a banda Luis Sérgio Carlini, Lee Marcucci, Lúcia Turnbull, entre outros músicos. Em cinco anos de existência, a Tutti Fritti ainda lançou os sucessos “Jardins da Babilônia”, “Eu e Meu Gato”, “Miss Brasil 2000”, “Esse Tal de Roque Enrow”, entre outras.
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RITA E ROBERTO
Ney Matogrosso foi o cupido da parceria musical e do casamento duradouro de Rita e Roberto de Carvalho. Eles se casaram em 1976 e dois anos depois começaram a se apresentar juntos. Com Roberto, Rita teve três filhos: o cantor, compositor e guitarrista Beto Lee, atualmente integrante dos Titãs, além de João e Antônio, todos nascidos nos anos 1970.
Em 1979, Rita e Roberto entraram em uma fase mais pop. Os dois eram figurinhas carimbadas na Rede Globo. Rita no vocal e Roberto na guitarra. O primeiro trabalho em disco da dupla Lee/Carvalho foi o álbum “Rita Lee”, mais conhecido por “Mania de Você”, com os hits fenomenais “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”.
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Rita e Roberto pareceriam uma máquina de fazer sucesso, isso porque na sequência viveram outras dezenas de músicas que consagraram Rita na carreira solo. Exemplos? “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Nem Luxo Nem Lixo”, “Saúde”, “Banho de Espuma”, “Cor de Rosa Choque”, “Barata Tonta”, Desculpe o Auê”, “Vírus do Amor”, “Perto do Fogo”, e tantas outras.
Em 1991, Rita separou-se temporariamente de Roberto de Carvalho. Após reatarem, a cantora surpreendeu o público ao revelar que os dois haviam voltado, porém, viviam naquele momento em casas separadas. Um absurdo para a época. Em entrevista à Marília Gabriela, Rita falou sobre o assunto. “Moramos em casas separadas desde que Roberto parou de se drogar e eu continuei.”
Nos últimos anos, Roberto e Rita seguiram a parceria incrível de vida, fora dos palcos. Roberto cuidou da amada roqueira até o fim.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha