Afásia Progressiva, entenda a doença que vitimou Alicinha Cavalcanti

Por - 03/08/21 às 09:34

Foto: Divulgação

Uma mulher feliz. É assim que todos os amigos lembram e falam com todo o amor sobre Alicinha Cavalcanti. A promoter morreu na segunda-feira, 02 de agosto, em decorrência de Afasia Progressiva Primária (APP), uma doença neurodegenerativa que era capaz de comprometer, sobretudo, a capacidade de comunicação.

Extremamente rara, a APP evolui a quadros nos quais o paciente não consegue mais ter funções corporais básicas, como comunicar-se e movimentar-se. Quando muito avançado, o quadro de saúde guarda semelhanças com o Alzheimer, outra doença degenerativa, que é mais conhecida na sociedade.

A complicação de saúde costuma aparecer em pacientes com idade anterior aos 65 anos de idade. O primeiro sinal que identifica a APP geralmente é a dificuldade na fala. O paciente não consegue formar frases com sentido ou usa palavras inadequadas no meio de frases. Na progressão da doença, aparecem outras complicações, que é o quadro demencial e o esquecimento.

CAUSA DA MORTE DE ALICINHA – O QUE É AFÁSIA PROGRESSIVA – APP

De acordo com o especialista, a APP em si não é responsável por casos fatais. Porém, o comprometimento severo causado pela doença avançada impede a alimentação, a movimentação e, portanto, acarreta a queda progressiva da autonomia. A mortes relacionadas a quadros do tipo, portanto, são normalmente relacionada à infecções e outras complicações relacionadas ao estado global do paciente. Não existe medicamento próprio para o tratamento da doença.

Alicinha Cavalcanti e Sabrina Sato (Foto: Divulgação)

QUEM FOI ALICINHA CAVALCANTI

Sempre muito amada e reverenciada, Alicinha Cavalcanti era unanimidade. Dona da agenda mais disputada do país – com quase 40 mil nomes – ela trazia na bagagem recepções aos ex-presidentes dos Estados Unidos Barack Obama e Bill Clinton, passando por Madonna e Mick Jagger. Na praia, ainda antes de iniciar a carreira, se tornou amiga de Cazuza e Lulu Santos. Sabrina Sato era uma de suas joias. Foi Alicinha a primeira pessoa a dar uma oportunidade para a então ex-BBB, logo que ela deixou o reality.

“Ela foi muito importante para mim. Fazia qualquer pessoa se sentir bem. Quando saí do ‘BBB’ as pessoas tinham preconceitos, e ela me tratava como uma estrela, com carinho e amor. Fazia tudo ser especial para mim, meu primeiro evento depois do BBB foi com ela”, disse a Japa.

“Fazíamos coisas juntas até por amizade, e em uma dessas fui contratada musa do camarote da Brahma, e colocava minha equipe, minha família, tratava todos muito bem. Abriu muitas portas pra mim, vai deixar saudades”, emocionou-se Sabrina.

DOENÇA IMPÔS À ELA UMA VIDA SOZINHA E ISOLADA

Os últimos anos de vida de Alicinha Cavalcanti não foram nada fáceis e bastante distantes do glamour que ela viveu cercada por anos a fio.

A promoter foi diagnosticada em 2015 com Afasia Progressiva Primária (APP). Em 2016 começou a recusar trabalhos e convites e para festas. No ano seguinte, com o agravamento da doença, afastou-se de vez de tudo e de todos. Em 2018, veio a primeira internação mais longa, já com os sintomas severos de uma doença degenerativa grave.

Os amigos dos dias de glória não a viram mais. Não que eles quisessem assim, mas porque Alicinha se isolou e, afastada de suas atividades, contava com uma assistência médica domiciliar durante 24h por dia.

Nos últimos meses, ela já não reconhecia as poucas pessoas que a cercavam.

ALICINHA TEVE UMA VIDA INTENSA

Formada em Educação Física, torcedora fanática do Flamengo, Alicinha Cavalcanti era apaixonada por jiu-jitsu, esporte que praticava, e por motos, que pilotava como ninguém. A promoter tinha três aparelhos de telefone celular e dizia que os atendia até quando andava de moto, mantendo um fone no ouvido e um microfone na jaqueta.

A vida aventureira, com acidentes de moto e quedas no futebol, lhe rendeu quatro pinos no joelho, onze parafusos e uma placa na perna. Alicinha não teve filhos. Ela desistiu da maternidade depois de uma arriscada gravidez tubária.

Todo o tempo, até o último minuto de vida, ela teve ao lado o amor incondicional do marido, Rodrigo Biondi, com quem ficou por 16 anos. Uma verdadeira vida feliz.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino