Aguinaldo Silva entrevista Tereza Cristina: “A vida é curta: aprontem!”
Por Redação - 21/03/12 às 16:52
Você já parou para pensar como seria uma entrevista de Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, da Globo, com Tereza Cristina (personagem de Christiane Torloni, em Fina Estampa)? Pois o escritor resolveu relembrar os tempos em que trabalhava como jornalista e fazer várias perguntas à sua cria, para que a atriz respondesse como se fosse a ricaça maldosa.
Animado com o resultado, Aguinaldo resolveu publicar a entrevista, na íntegra, em seu blog pessoal.
Na entrevista, o novelista revela alguns detalhes do final da novela, como que a ricaça deixará seus cachorros e outros bens de herança para Crô (Marcelo Serrado) e até mesmo que pretende fugir com Pereirinha (José Mayer), como O Fuxico já antecipou.
“Veja como Tereza Cristina, em suas respostas, não cai do salto nem perde a atitude… E deixa claro porque é uma das maiores vilãs de telenovelas dos últimos tempos”, escreveu o dramaturgo.
Confira!
Aguinaldo Silva: Por que você odeia tanto Griselda?
Tereza Cristina: No começo, eu a odiava por causa da insistência dela em tomar o meu marido e meus filhos. Mas depois esse ódio tornou-se um vício, e agora pra ele só existe uma cura: é matar aquela jumenta do Alentejo!
AS: E você vai tentar fazer isso?
TC: Quantas vezes for preciso, até vê-la estrebuchando na minha frente. Veja bem, além de odiar a anta portuguesa por vício, eu também descobri que o universo inteiro é pequeno demais pra nós duas. Uma tem que sumir… E não serei eu é claro, porque eu sou mais interessante que ela.
AS: Eu sei que você não gosta da palavra loura…
TC: Não a pronuncie na minha frente… ou eu encerro a entrevista.
AS: Mas as coisas que você faz… São por maldade ou loucura?
TC: Por Tédio! Eu podia sair por aí fazendo caridade, distribuindo o meu dinheiro com os pobres… Mas acho isso tão chato, tão inútil… Eles vão gastar tudo e continuar pobres! Pra mim, as únicas coisas que valem o trabalho de fazê-las são as maldades. Eu sou boa quando sou má, mas sou maravilhosa quando sou péssima. Quando pratico maldades em que meus auxiliares são animais então… Lembra da cobra no carro da Amália chorona? Quando me veio a ideia, eu quase tive um orgasmo!
AS: Por falar em orgasmo, sua relação com Pereirinha não é, digamos assim, meio estranha?
TC: Claro que é, isso faz com que ela seja ótima! Nós dois somos amorais e estranhos, por isso combinamos tanto… E também por isso, no final dessa história, vamos fugir juntos… Para Mônaco, onde eu tenho um apartamentozinho de 400 metros quadrados. Crô Valério disse que o homem do robalo é uma verdadeira “banheira de pobreza”, e que lá em Mônaco, todo mundo vai notar isso. Mas eu direi a quem desconfiar dele que Pereirinha é excêntrico.
AS: Você amava mesmo Renê, ou só estava bancando a esposa amantíssima?
TC: Eu gostava do modo como ele dava respaldo às minhas travessuras. Por mais que eu aprontasse, ele estava lá, tediosamente protetor e solitário. Isso me convinha… Até que a Gorila Maguila, a anta bigoduda apareceu nas nossas vidas, e aí esse joguinho meu e do Renê perdeu a graça. Mas a pergunta é se eu gostava dele ou não, e em vez de responder eu pergunto – pensa nele e me diz: o que você acha bebê?…
AS: Sobre Crodoaldo Valério, por que você o humilha tanto?
TC: Porque gosto dele. Existe coisa mais horrorosa do que a gente gostar de alguém? Só nos fragiliza, e é a maior perda de tempo! Por isso, pra esconder que gosto daquela biba horrorosa, eu a trato feito cachorro. Por falar em cachorro: sabia que os deixo para Crodoaldo Valério no meu testamento? Os cachorros e mais algumas coisitas… Mas não vou lhe dizer o quê.
AS: Você é meio bipolar em relação aos seus filhos. Ora ama, ora odeia…
TC: Filhos… Melhor não tê-los! Mas se o idiota do Renê quis que eu tivesse, na época eu queria muito ser uma esposa normal, imagina – existe coisa mais idiota?… Eu os tive. Agora tenho que carregar aqueles trambolhos pela vida afora, como é que pode?
AS: Você tem uma fixação em Nazaré Tedesco. Por quê?
TC: Porque ela sabia aprontar como ninguém. Veja bem, não basta ser má, é preciso ser criativamente má, e nisso a Nazaré era uma mestra. Por isso, não hesitei em recriar algumas das maldades dela, como aquela mania de empurrar pessoas da escada. Nazaré só tinha um defeito: era brega, quase tanto quanto as pessoas que perdem tempo acompanhando diariamente uma novela de tevê…
AS: Que conselhos você daria aos nossos leitores?
TC: Não fiquem aí parados bebês, que a vida é curta: aprontem!
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