Alcides Nogueira: “O BBB joga a minissérie JK num horário ingrato”

Por - 18/01/06 às 18:03

OFuxico

A minissérie JK, da Globo, escrita por Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral, está sendo considerada uma das produções mais elogiadas dos últimos tempos, por crítica e público. O único descontentamento do telespectador, agora, é o atual horário de exibição. Isso porque, desde a terça-feira, dia 10, JK – que estreou no dia 3 – passou a ser transmitida bem mais tarde, após a exibição do BBB6, por volta das 23h. Na primeira semana, ela começava logo após Belíssima, às 22h.

Conseqüentemente, a audiência da trama sofreu com a mudança que, vale frisar, já era prevista pela direção da Globo. O número de telespectadores é menor no horário após as 23h, quando a atração passou a ir ao ar. Assim, o IBOPE caiu em quase 10 pontos: antes, dava em torno de 40 e agora está em 30.

A reportagem de OFuxico entrou em contato com o autor Alcides Nogueira, para saber a sua opinião sobre a mudança e a conseqüência disso. E ainda, para saber detalhes sobre seu trabalho, que conta a trajetória do Presidente Juscelino Kubitschek.

OFuxico: Como você avalia o enorme sucesso que a trama vem tendo?

Alcides Nogueira: O Brasil sente saudades de Juscelino, da pessoa dele e do seu governo. Mais que isso: o Brasil sente saudades de si mesmo… Nunca, como na era JK, houve tanta liberdade neste país. Mesmo sendo um político conservador, Juscelino nunca foi reacionário. E havia muito entusiasmo, muita alegria, liberdade total… E uma grande criatividade, em todos os campos. Como disse Nelson Rodrigues, JK acabou com o complexo de vira-lata do brasileiro. Estamos sentindo falta disso hoje.

OF: Com a estréia do Big Brother, JK está sendo exibida um pouco mais tarde na programação e isso tem se refletido na audiência. Anteriormente, ficava na casa dos 40 pontos e agora está nos 27, 30. Como você e a Maria Adelaide avaliam essa mudança?

AN: A entrada do BBB joga a minissérie para um horário ingrato. Já esperávamos essa queda de audiência. Aconteceu isso com Um Só Coração (também escrita por Alcides e Maria Adelaide Amaral) e também com outras minisséries. Mas, mesmo tarde, estamos tendo uma audiência significativa. Na última quinta-feira, dia 12, demos uma média de 32 pontos. É maravilhoso!

OF: Você e a Maria Adelaide Amaral estão escrevendo os últimos capítulos da minissérie JK. Conte-me um pouco sobre isso. O sentimento é de dever cumprido?

AN: Estamos escrevendo os 10 últimos capítulos, que são muito complexos. Na verdade, toda a minissérie foi trabalhosa. Por enquanto, a sensação é a de que temos que dar o melhor de nós, para que todas as histórias sejam bem encerradas. O sentimento de dever cumprido só virá, quando colocarmos o ponto final mesmo. Mas estamos muito alegres, muito felizes com a repercussão da minissérie. Não só pela audiência, mas pelo tanto que tem saído na mídia".

OF: Como você avalia a atuação de Wagner Moura nesta fase da trama? E sobre o Luis Melo?

AN: Os dois foram perfeitos. São grandes atores. Mas, não somente eles. Todos os atores estão defendendo suas personagens com muito talento. Tenho até medo de citar e esquecer alguém, o que seria indelicado e ingrato, pois raramente o público teve a oportunidade de ver um elenco como esse… e ainda estão para chegar as feras da segunda fase. Aguardem!

OF:Você acredita que o público sentirá falta de Wagner, quando ele deixar a trama e José Wilker assumir o papel de JK?

AN: Vejo de outra maneira. O Wagner está fazendo um belíssimo trabalho e será, sempre, o Juscelino jovem. O Wilker já apareceu na primeira cena e mostrou que, com seu imenso talento, viverá o presidente adulto com muito brilho. Os dois ficarão na memória do telespectador, assim como a Débora Falabella e a Marília Pêra, Louise Cardoso e Eva Wilma, Juliana Mesquita e Denise del Vechhio, Mateus Solano e Tato Gabus, Julinha Lemmertz e Ariclê Perez, Ranieri Gonzales e Paulo Betti… Viu? Tenho medo de esquecer alguém, pois todos serão inesquecíveis!

OF: A minissérie tem sido assistida por muitas crianças e adolescentes, também. Você e a Maria Adelaide já imaginavam que isso ocorreria?

AN: Não. Você é quem está nos contando isso, em primeira mão. Ficamos mais felizes ainda, pois é importante que a história do Brasil seja conhecida por todos.

OF: Alguns veículos de comunicação divulgaram a informação de que o papel de Letícia Sabatella, a amante de JK, foi sintetizado. Isso porque Juscelino teve muitas amantes e você e Maria resolveram sintetizar todas no papel de Letícia. Isso confere ou a personagem de Letícia existiu e foi uma amante só?

AN: O Juscelino não teve várias amantes. Isso faz parte do folclore que se criou à volta dele. Era um homem muito charmoso, fascinante e as mulheres se insinuavam. Juscelino manteve, sim, um relacionamento duradouro fora do casamento e deve ter tido suas aventuras. Fizemos o mesmo que em Um Só Coração, quando reunimos todas as paixões de Yolanda Penteado em Martim, o personagem do Erik Marmo. Aqui é Marisa que, temos certeza, será mais um show da Letícia Sabatella que, além de linda, é uma grande atriz".

 

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