Ângela Leal: “Fui alimentada com leite de silicone”

Por - 22/07/06 às 13:30

 

Com o bom humor que lhe é característico, Ângela Leal relembra uma brincadeira feita pelo novelista Gilberto Braga. Isso ocorreu na época em que, para driblar a censura prévia que perseguia o meio artístico durante o regime militar (1964/1985), o Teatro Rival-Petrobrás abriu espaço para os shows de travestis. E mesmo hoje, quando os tempos são outros, esses artistas continuam sendo atração na tradicional casa de espetáculos, que existe há 72 anos na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro.

“Por eu ter crescido junto com os travestis, o Gilberto diz que eu fui alimentada com leite de silicone”, conta, às gargalhadas, a atual proprietária do Rival, onde, nas noites de terças-feiras, há dois anos, é apresentado o espetáculo Divinas Divas, sob o comando de Jane de Castro.

Ângela Leal retoma a seriedade para falar da importância dos travestis no mesmo palco onde divas da tragédia e da comédia já se apresentaram e até hoje abriga shows estrelados pela nata da boa música popular brasileira.

"Na época da ditadura o Rival só sobreviveu graças aos travestis. Eu os adoro. É uma galera talentosa, que tem de sobra aquilo que faltou à Seleção Brasileira na Copa da Alemanha: garra. São pessoas que matam um touro à unha diariamente para se impor nessa sociedade preconceituosa em que vivemos”, conclui a mãe da também atriz Leandra Leal. 


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