Arigatô! 112 anos da chegada dos japoneses ao Brasil
Por Redação - 18/06/20 às 10:00
Segundo a história, em 18 de junho de 1908, 165 famílias de origem japonesa, desembarcaram do navio japonês Kasato Maru, no Porto de Santos. Eram pessoas oriundas do norte e sul do Japão, de áreas pobres onde se desenvolvia a agricultura. Esse grupo de camponeses veio para o Brasil com intuito de trabalhar no desenvolvimento da cultura do café, produto mais importante da época, na região oeste do Estado de São Paulo. 781 pessoas foram para a lavoura do café e outros 12 imigrantes não tinham vínculo empregatício, segundo texto dos cadernos de pós-graduação em Direito, da UFRS, publicado em 2003, por Tomoko Mimura Gaudioso.
A partir das necessidades recíprocas entre os interesses do Brasil e Japão, foi firmado um acordo imigratório entre os dois governos. Por conta disso, a data de 18 de junho passou a ser considerada o Dia da Imigração Japonesa no Brasil.
Grande parte dos imigrantes japoneses se fixou no Estado de São Paulo, por causa das colônias e bairros típicos que já se encontravam estabelecidos. Mas os imigrantes se dispersaram por todo o território brasileiro.
A adaptação por aqui não foi nada fácil. O idioma, a cultura, a religião, o clima e preconceito, foram grandes barreiras a serem vencidas, felizmente superadas.
A reportagem de OFuxico destaca alguns artistas de origem oriental, que têm presença marcante no show business nacional. Atores, cantores, apresentadores, mágicos, entre outros, os japas têm seu charme e talento que nos encantam, sem falar na simpatia e outras características que enumeramos a seguir. Arigatô pela leitura e vamos nessa!
Carol Nakamura, neta de japoneses (sansei), é uma das beldades que o Japão "emprestou" ao Brasil. A atriz, nascida no Rio de Janeiro, tem um baita orgulho de sua origem.
"Amo os orientais, são extremamente inteligentes, dedicados, criativos e esforçados", disse.
A ex-bailarina do Domingão do Fautão ressalta que tem aprendido muito com as séries japoneses e elogia os atores.
"Assisti praticamente todas as séries japonesas e coreanas na Netflix. Amo os atores e percebo o quanto eles estão à frente em muitas questões. Têm uma linguagem pra série adolescente, colocam um toque de youtube dentro do cinema, é a atualidade! Busco muita referência nisso", disse Carol.
O mágico Ossamá Sato, que trabalha no humorístico A Praça É Nossa e no Programa do Ratinho, ambos no SBT, vive a cultura oriental praticamente 24h por dia.
"Sou um organizador de eventos japoneses, com atrações orientais, como taipô, origami e culinária, bazaristas, vários artigos japoneses. A cultura japonesa faz parte do meu dia-a-dia. Tenho parcerias com várias empresas japonesas, sou garoto-propaganda da It-Ban, a maior agência de empregos do Japão, aqui no Brasil e tenho o Japão no meu dia-a-dia", destacou.
Em suas apresentações, Ossamá está sempre vestido com os trajes típicos e revela um sonho.
"Em meus shows de mágica e artes marciais, estou sempre vestido de ninja, num cenário sempre oriental, com biombos. Mas o que gostaria de fazer, era cantar em japonês. Queria ser um cantor", diz.
Sabrina Sato, com seu programa Made in Japan, tem resgatado um pouco do país. A cozinha é abastecida por comidas típicas da região – industrializadas, de saquinhos e caixinhas. Mas sua relação com o oriente vai muito além.
"Meu avô materno, Sadao Sato, veio do Japão em 1931. Ele tinha uns três anos de idade e chegou aqui com meu bisavô, minha bisavó e os irmãozinhos dele. Já da parte da minha avó, só sei que o pai dela também veio do Japão e foi um dos homens mais velhos do Brasil quando estava vivo. Ele apareceu até na televisão! Ele morreu com 107 anos", recorda.
As histórias de seu avô paterno, ela conta, marcaram sua vida.
"Ele passou muita privação. Na juventude, morou na casa da irmã e guardava pão velho para comer, não queria incomodar. Um dia, ela disse que a única coisa que poderia dar a ele era um curso de alfaiataria. Ele aceitou e se tornou um grande alfaiate, pagou o estudo da minha mãe e das minhas tias graças ao dinheiro da alfaiataria. Minha mãe é psicóloga, minha tia fez Direito e a outra tia se formou em Fisioterapia. Minha avó, Luiza Hissae, também ajudou, trabalhando como costureira. Eles moravam em Penápolis, no interior de São Paulo, onde nasci."
A atriz Jacqueline Sato disse à OFuxico que absorveu muito algumas crenças orientais, principalmente por parte de seu pai.
"Meu pai é praticante da arte Mahikari, uma mistura de filosofia e religião, autointitulada de arte, que engloba os pensamentos e crenças de diversas religiões orientais e ocidentais. Eu não sigo à risca o que eles dizem, como meu pai segue, mas possuo em mim muito deste conhecimento, fé e crença de que tudo é energia e que podemos sim mudar nossas vidas a partir de dentro, do etéreo, do desenvolvimento espiritual. Acredito que está tudo interligado, matéria é energia. Nosso corpo e tudo o que está a nossa volta. Se dermos um zoom na menor das partículas que nos compõem, veremos que é energia, que é algo impalpável. Lá na Mahikari praticam o Okyome, que é a transmissão de energia divina através das mãos. Muita gente compara com o Reiki, mas é um pouco diferente. E também veneram os antepassados. São coisas que fizeram parte da minha criação e mesmo, que eu tenha traduzido algumas delas para o modo como eu vejo o mundo, fazem parte de mim", explicou.
Jacqueline destaca as qualidades da cultura japonesa.
"Acho que nós, ocidentais, temos muito o que aprender. A cultura oriental valoriza o passado, entende a vida e a existência de uma forma muito mais ampla. A consciência da interconexão de tudo, vida, religião, natureza, luz e sombra, o bom e o ruim, essa dualidade e interdependência está presente no modo de pensar de grande parte dos japoneses, acredito eu. É algo passado de geração para geração. É nítido como o senso de coletividade presente na sociedade deles. A autoresponsabilidade e a responsabilidade que cada cidadão tem em relação à comunidade é algo bonito de se ver", disse.
A atriz, agora, quer aprender o idioma de seus antepassados.
"Tenho estudado a língua agora durante a quarentena, e é impressionante como esta forma mais holística e simbólica, menos fragmentada, está presente também na escrita, na forma como constroem as frases, enfim, na maneira como se expressam como um todo. Acho que isto é uma das coisas que mais me encantam".
O hair stylist Celso Kamura, neto de japoneses, é outro legítimo representante e está por aqui esbanjando seu talento há tempos.
"A história mais interessante é da família da minha mãe. Meus avós deixaram um filho no Japão e vieram com um pra cá. E nunca mais voltaram! Tiveram mais quatro filhos aqui. E o menino lá esquecido? Nunca mais tivemos contato, perdemos contato totalmente com a minha família de lá. Sei que da família da minha mãe já foram todos, tinha até imóveis, mas eles foram tomados pela prefeitura porque não havia herdeiros. A família da minha mãe foi para o interior do Mato Grosso. Eles tinham uma tinturaria. E a família do meu pai foi para o interior do Paraná, mexia com cafezal", disse.
O cabeleireiro de famosas como Angélica revelou ainda que seu sobrenome – Kamura – está errado, por culpa de um equívoco no registro.
"É difícil retomar contato com a família do meu pai lá, até porque meu nome é errado. Kamura não existe. Na hora que chegaram, teve algum erro no registro. Tanto que, quando eu fui ao Japão, os japoneses ficaram impressionados com meu nome, porque não existe.
A cantora Fernanda Takai, também sansei, relembra a infância, em que visitava sempre os avós e ouvia suas histórias.
"Sabia que eles eram japoneses, mas só fui saber as histórias deles, mais velha. Tinha umas pistas, como a foto do Kasato Maru na parede. O meu bisavô paterno, que era militar lá no Japão, veio com a primeira leva de imigrantes. Um pouco mais tarde veio o meu avô Toshita ainda criança. Eles foram parar numa região próxima a Lucélia, no interior de São Paulo. Esse meu bisavô, como a maioria dos japoneses, foi trabalhar na cultura de café. A minha avó materna Akiko também veio pequena para o Brasil. Os pais dela foram para a região de Bastos, em São Paulo, criar bicho-da-seda. Meu avô e minha avó se encontraram e se casaram no Brasil, nesta região de Lucélia, onde meu avô morava. Eles viveram aquela clássica história do agricultor que compra um pedacinho de terra para cultivar o seu próprio café. Mas perderam tudo com uma geada e acabaram desistindo da agricultura. Montaram um armarinho de secos e molhados, em Lucélia mesmo. Foi nessa época que meu pai nasceu, ele é um dos mais novos da família. Hoje os meus parentes deste lado japonês estão morando ali nas proximidades de São José dos Campos, em São Paulo", contou ela em depoimento a um projeto do museu histórico da imigração japonesa.
Huho Oyama, atleta de tênis de mesa, lembra com carinho de seus avós.
"Ficava triste quando eles me contavam que, no Japão, muitos idosos fugiam de casa para não dar trabalho aos filhos. Tenho um carinho muito grande pelos meus avós e aprendi muito com eles.Só sei que a situação deles era difícil lá e eles vieram trabalhar na lavoura, atividade que meu pai segue até hoje."
A atriz Ana Hiraki, de Malhação, destacou que não conserva em sua rotina nenhum costume oriental. Mas lembra que tem um hábito antigo que, com a pandemia, muito passaram a adotar.
"A prática de não entrar com sapatos em casa sempre foi, pra mim, muito mais relacionada a higiene do que a cultura asiática (até porque quem pregava essa regra lá em casa sempre foi meu pai, que não é descendente de japonês). Acho que só depois de um pouco mais velha que eu descobri que isso não era comum nas casas de todas as pessoas e descobri que era algo da cultura asiática", disse ela à OFuxico.
A atriz ressalta que teve pouco contato com a cultura.
"Sou uma mistura de família japonesa e negra. A parte da minha família que veio do Japão eram meus avós e eles faleceram antes de eu nascer. Infelizmente não os conheci. Meu pai, que é negro, até tentou me ensinar japonês, mas eu nunca tive interesse. Aprendi inglês e até francês, mas japonês nada. Eu sempre tive esse afastamento da cultura japonesa, porque não fazia parte do meu cotidiano, da minha realidade. Sempre estudei em colégios com muito mais pessoas brancas. E as poucas pessoas amarelas que eu tinha contato também não tinham essa grande "herança" cultural. Minha mãe, que é descendente de japoneses, também nunca teve uma grande proximidade com a cultura. Acho que a coisa mais relacionada a cultura asiática que me lembro em relação à minha mãe era o bifun que ela faz e eu amo até hoje. É um tipo de macarrão que você mistura com vegetais e parece uma salada, é delicioso!"
Daniele Suzuki, de 42 anos, contou que seu pai escreveu há algum tempo uma carta contando como os bisavós da atriz chegaram ao Brasil.Seu avô, Toshiharu Suzuki, tinha 07 anos quando os seus pais resolveram vir trabalhar na lavoura, em 1908.
"Meu pai disse que a grande mágoa do meu avô era saber que os pais não tinham necessidade de vir para cá, porque eram donos de várias propriedades no Japão. Mas eles sonhavam em voltar mais ricos e bem-sucedidos para sua terra natal. Meu avô e o irmão, Shizuo, de 5 anos, ficaram com os tios no Japão, enquanto meus bisavós embarcaram no navio Kasato Maru rumo ao porto de Santos. No dia da partida, meu avô Toshiharu pegou uma lamparina e ficou no meio do mato esperando passar o trem que levaria os meus bisavós de Shizuoka ao porto de Kobe. Quando o trem passou, meu avô correu atrás, gritando pelos pais", disse ela, em depoimento ao museu da imigração.
"Depois de 18 anos, meu avô Toshiharu e o irmão Shizuo vieram ao encontro dos pais, que trabalhavam duro nos cafezais, no interior de São Paulo. Eles foram chamados para tentar alavancar os negócios. Meus bisavós tiveram três filhas e um menino no Brasil. Assim que meu avô chegou, em 1936, a família tratou de arrumar um casamento para ele. Era uma união por miai, ou seja, o futuro casal é reunido para um encontro, se conhece, mas não fala nada. Foi assim que meu avô conheceu a minha avó Toshiko. Eles se casaram e foram morar com os pais dele na fazenda de café".
Na carta, o pai de Dani explica que sua avó foi criada na cidade e não conhecia a vida na fazenda. Ela teria adoecido por causa do trabalho, mas pouco a pouco foi se acostumando.
"Meus avós só tiveram o primeiro filho, Mario Key, depois de três anos de casamento. Depois vieram Paulo Mamoru, Minoru, Tiyoko, Hiroshi, Tatsuo e Tomiko. Todos nasceram no interior de São Paulo. Meu pai conta que minha avó queria que os filhos estudassem e dizia sempre que não queria que os filhos se tornassem peões, já que na época eles criavam gado. Segundo meu pai, o relacionamento do meu avô com o pai dele não era muito bom. Meu avô e minha avó foram morar como meeiros numa terra arranjada pelo pai dela. Meu avô não conhecia a lavoura, porque no Japão ele trabalhava em um jornal. Meus bisavós deixaram de falar com meu avô quando ele e a mulher se mudaram. Pela carta do meu pai, eu soube que, na tradição japonesa, o filho mais velho é quem herda todos os bens dos pais. Como meu avô saiu de casa brigado, seus pais resolveram entregar a herança a um genro, casado com a filha mais velha, já que o caçula tinha morrido. Só que o cunhado do meu avô acabou com toda a herança e ele, como filho mais velho, resolveu acolher os pais em sua casa", contou.
Na rede TV, Yudi Tamashiro, segue fazendo história na TV. Desde sua estreia no SBT, o eterno "menino do Playstation", atualmente apresenta um quadro de sorteios ao lado de Carla Prata.
As atrizes Jaqueline Sato, Geovanna Tominaga, Juliana Kametani, Miwa Yanagizawa, além do ginasta Arthur Nory, o músico Japinha, do CPM 22, os atores Ken Kaneco, Daniel Uemura, Dan Nakagawa, Marcos Tamura, também seguem encantando a todos com seus olhinhos repuxados e muito talento.
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