Ator alivia a barra do Pepeu de Salve Jorge: “Não tenho cara de bandido”
Por Redação - 02/02/13 às 10:01
Na televisão, o tipo físico dos atores acaba influenciando na escalação para alguns papéis. E Ivan Mendes sabe bem disso. Tanto que, no primeiro teste que fez para Salve Jorge (Globo), para interpretar o traficante Beto, atualmente vivido por Sacha Bali –, não passou por não ter o physique du rôle.
"Não tenho cara de bandido, tenho cara de playboy mesmo. Cada um com os seus problemas, o meu é esse", reconhece, aos risos.
Mas, depois, surgiu uma nova oportunidade quando Bruno Gagliasso, inicialmente escalado para interpretar Pepeu, confirmou que não participaria da novela de Gloria Perez. Animado, Ivan fez o melhor que pôde no teste e ganhou o papel do malandro.
"Fui com toda energia do mundo. A química rolou na hora com a Mariana (Rios)", recorda, citando a atriz que interpreta Drica, esposa de Pepeu na trama.
A responsabilidade de substituir Gagliasso, no entanto, não foi um fardo para Ivan, pelo contrário.
"É óbvio que existe uma expectativa das pessoas em relação ao meu trabalho. Mas eu fiquei feliz, não pensei em nada", garante.
Pela primeira vez em uma novela das nove, Ivan viajou com parte do elenco para a Capadócia, na Turquia. Lá, ficou durante 15 dias e gravou algumas cenas. Mas, em muitas delas, o ator pôde improvisar, já que eram captação de imagens para exibição ao longo de todo o folhetim.
"A gente deixou a criação fluir muito mais, não existia um roteiro a ser cumprido. Isso foi muito legal", anima-se.
Nos intervalos, ele conheceu um pouco do lugar e se surpreendeu com o tamanho das mesquitas e dos palácios.
"São muito grandes mesmo, astronômicos. É um pouco chocante até", analisa.
A viagem, além de aproximar alguns atores e a equipe de produção, serviu para que Ivan entendesse a atmosfera da novela como um todo. O que também contribuiu para isso foram os workshops antes do início das gravações. Ao lado dos colegas de elenco, Ivan assistiu a palestras com uma delegada da polícia federal sobre tráfico de pessoas – tema central da novela – e com militares que participaram da pacificação do Complexo do Alemão, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio, onde parte da história é ambientada. Aprendeu sobre a Turquia e o comportamento das pessoas do país com um historiador e ainda conheceu famílias de pessoas que foram traficadas.
"Essa é a primeira vez que eu olho para uma novela de uma maneira geral e não só para o meu personagem", avalia.
Para construir o perfil malandro de Pepeu, Ivan não precisou ir muito longe. Aproveitou a vivência no Rio de Janeiro, onde o carioca afirma esbarrar com pessoas parecidas com seu papel.
"Usei o laboratório que eu tinha de vida mesmo. Sou muito observador e reparo na maneira como as pessoas agem. Acho que isso fica registrado no meu cérebro e acabo utilizando na hora de construir os personagens", ressalta.
Na história, Pepeu é um típico bon vivant, que não se importa em ter atitudes anti-éticas para melhorar sua realidade financeira. Mas, mesmo na pele de um personagem de caráter duvidoso, Ivan aproveitou algumas características próprias para encarnar o personagem.
"Empresto muita coisa minha, como alegria, espontaneidade, deboche, ironia…", lista.
Com contrato longo na Globo desde que terminou sua participação em Malhação, em 2011, Ivan já se deparou com a instabilidade da profissão de ator. Isso porque, a partir de 2008 – depois que atuou no Sítio do Picapau Amarelo, Luz do Sol, da Record, e Três Irmãs – ficou sem vínculo com qualquer emissora.
"Foi muito esquisito. Tive de aprender a lidar com essa insegurança e com a falta de dinheiro. E eu tenho uma filha, tenho uma vida", desabafa.
Mesmo assim, preferiu encarar o lado bom da experiência.
"Percebi que a própria vida é uma insegurança. O importante é ser feliz", declara.
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