Autores avaliam sucesso de Cheias de Charme

Por - 24/09/12 às 09:34

Divulgação/TV Globo

Estreantes como autores titulares em Cheias de Charme, atual sucesso na faixa das 19h, na Globo, Izabel de Oliveira e Filipe Miguez tinham como clara intenção propor novidades para o horário ao retratar a ascensão de três empregadas domésticas no meio musical. A fábula moderna com pegada pop, que chega ao fim na sexta-feira (28), será lembrada como a telenovela que avançou no diálogo entre a tevê e a web.

Parte fundamental da primeira grande virada da trama, o clipe Vida de Empreguete – responsável pelo sucesso do grupo formado por Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) depois de vazar na rede – foi disponibilizado na internet antes de ser exibido na novela. Uma das ousadias propostas pela dupla de escritores.

"A internet é um personagem nesta novela, é fundamental para a trama. Por isso a estreia do clipe na rede deu tão certo, a história levava para isso. Acho bacana as telenovelas dialogarem cada vez mais com a web, mas cada história tem as suas exigências. No caso de "Cheias de charme", isso era muito forte. Até porque se a gente resumisse a trama em poucas linhas, a internet já estaria lá: três trabalhadoras domésticas têm as suas vidas modificadas depois de fazer um clipe musical que acaba na Internet", disse Izabel de Oliveira, em entrevista ao jornal Extra.

Para ela, o uso da web no folhetim trouxe ainda a possibilidade de, durante toda a novela, estabelecer uma ponte entre ficção e realidade. Filipe explicou que a ideia era apresentar "toda uma gama de personagens e conflitos inéditos". Além, claro, de explorar a brincadeira transmídia e o diálogo com as mídias digitais.

"Também propusemos o jogo entre o real e a ficção, com artistas de verdade interagindo como personagens com os artistas da trama, assim como a presença dos nossos personagens nos demais programas da emissora. Brincamos nesse limite cada vez mais tênue entre o real e o ficcional e o virtual", acrescentou o autor, que classifica Cheias de Charme como uma história sobre as transformações que a tecnologia está trazendo ao mundo, principalmente à periferia.

Desde o início, outra intenção da dupla de autores também foi escrever uma novela em que a câmera pudesse seguir as empregadas para além da cozinha — transformada em cenário principal da trama junto com a casa destas trabalhadoras. E, claro, mostrar a doméstica como protagonista e contar a história a partir do ponto de vista dela. Mas os novelistas tiveram certos cuidados ao retratar o conflito entre patroas e empregadas numa comédia das 19h.

"A maior surpresa para a gente foi a maneira tranquila como o espectador reagiu à nossa abordagem desse tema tão delicado e polêmico. Brinco dizendo que botamos o dedo na ferida e, surpresa, fez cosquinha. Numa novela com três heroínas domésticas em conflito com suas patroas, era quase inevitável haver uma polarização: empregadas-mocinhas/patroas-vilãs. Escapamos disso criando heroínas humanas e vilãs engraçadas. E também dando protagonismo à Lygia (Malu Galli), uma patroa irrepreensível, que pena para encontrar uma parceira doméstica; e Socorro (Titina Medeiros), a doméstica que concentra os principais defeitos da categoria", explicou Filipe.

O universo musical dos cantores pop, dos namoros midiáticos, dos empresários e dos shows também teve espaço no folhetim. Sem falar da linguagem que flertou o tempo inteiro com inúmeras referências.

"Não nos refreamos na hora de fazer um caldeirão de referências, como na cena em que Socorro sai do rio em Sobradinho imitando a abertura antiga do Fantástico, ou na sequência do passado de Inácio (Ricardo Tozzi), com claras referências ao filme Kill Bill", destacou Filipe.

Nesta reta final, as Empreguetes irão se juntar novamente. E voltarão a fazer sucesso. Mas Cida e Penha também darão atenção aos seus projetos pessoais.

Apesar de não quererem adiantar muito os finais para "não tirar a surpresa", os autores revelam que grande parte dos vilões irá se redimir.

"É uma novela muito assistida pelas crianças e a mensagem que queremos passar é que as pessoas que aprenderam a lição merecem outra chance", adiantou Filipe.

Por isso, até o malandrão Sandro (Marcos Palmeira) irá tomar jeito. A tresloucada Socorro vai enfim perceber que não nasceu para a vida de estrela. Por causa de suas próprias confusões, a carreira da empregada no meio musical nem chega a decolar. Já a vilã-mor Chayene (Cláudia Abreu) será punida por tudo que aprontou, mas terá um final cômico.

"Ela é adorada pelas crianças e não quisemos fazer nada baixo astral, não combina com a personagem", justificou o autor.

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