Bruna Linzmeyer se despe da vaidade para novo personagem

A carreira de Bruna Linzmeyer é relativamente curta na tevê. Mas em seu quarto trabalho, na pele da autista Linda de Amor à Vida, a atriz se orgulha por já poder viver tipos pouco comuns na teledramaturgia nacional. Uma situação um tanto quanto atípica ao se levar em consideração o pouco tempo de experiência de Bruna nos folhetins.

"Estou sempre sendo tirada da minha zona de conforto e todo ator espera ser surpreendido. Se tem uma coisa da qual não posso reclamar é dos papéis que me dão", valoriza ela, que estreou em 2010 como a russinha espevitada Tatiana de Afinal, O Que Querem as Mulheres?, viveu a adolescente conturbada Leila de Insensato Coração e deu expediente em Gabrielacomo a dançarina de véus e caloteira Anabela. 

Para viver uma autista, a atriz conversou com parentes de pessoas que têm essa disfunção. E conviveu com alguns também durante o período que tirou para visitar os familiares no Sul do país, depois que encerrou suas cenas em Gabriela. Como foi convidada para viver Linda nesta época e já tinha programado a viagem, resolveu iniciar ali sua preparação.

"Passei um mês com autistas em Florianópolis, todos adultos e em graus diferentes, desde os mais leves aos mais graves. Foi uma experiência enriquecedora como atriz e ser humano", avalia. 

Na verdade, Bruna confessa que o que mais a entusiasma nesse trabalho é poder mostrar ao público como é, de fato, um portador de autismo. Isso porque acredita que, assim como ela antes desse papel, a maior parte das pessoas que assiste à novela deve desconhecer exatamente do que se trata.

"O que eu sabia era apenas que eles vivem em um mundo singular. Mas não imaginava o quão profundo pode ser esse contato. Nem fazia ideia do quanto poderia aprender e me sensibilizar com essas pessoas", conta, com os olhos marejados. 

Bruna também recorreu às pesquisas na internet e à leitura de alguns livros sobre o assunto. Na televisão, confessa, faltaram referências para estudo sobre o tema. Além disso, a atriz contou com a ajuda do preparador Sergio Penna, contratado pela Globo para auxiliar o elenco da trama na construção dos personagens. No caso dela, os encontros aconteceram ao longo de meses, pelo menos uma vez por semana, sem uma duração estipulada por dia.

"Esse é um trabalho que exige calma e paciência. A teoria, eu estudei. Mas o Sergio foi fundamental para eu trabalhar o comportamento e a consciência da própria Linda a respeito da sua condição", explica. 

Tamanha dedicação e empenho são fundamentais para que Bruna classifique seu atual momento como o mais importante na profissão até hoje. A atriz assume que tem mesmo a tendência a tratar o trabalho atual sempre como se fosse sua última oportunidade, para dar o melhor em todas as vezes. Mas entrega que a complexidade dessa construção e, principalmente, a importância da discussão do tema dão uma carga maior à sua atuação.

"Esse é o tipo de papel que demanda atenção especial não só minha, mas de todos ao meu redor. Um trabalho de equipe especial, que envolve desde a camareira ao diretor, em uma escala igual de responsabilidade", enfatiza. 

Por interpretar uma autista, Bruna tem gravado sem maquiagem e precisa se despir de qualquer vaidade em relação ao figurino. Um exercício que, na sua opinião, propõe uma reflexão ampla sobre sua própria feminilidade.

"Agora, penso mais no porquê de várias escolhas que tomo no meu cotidiano. Como, por exemplo, o que me motiva a me arrumar mais para determinadas ocasiões, o que de fato importa em relação ao visual e ao bem estar. A Linda representa uma fase transformadora na minha vida", exagera.

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