Cacau Protásio faz desabafo após ataques racistas: ‘É crime’

Por - 27/11/19

Reprodução/Instagram

Durante gravação do filme Juntos e Enrolados no quartel de bombeiros, Cacau Protásio foi vítima de racismo.

Na última terça-feira (26), Leo Dias divulgou alguns áudios que teriam partido dos bombeiros do estado do Rio de Janeiro.

Em uma das mensagens, um homem chama a atriz de gorda.

“Olha a vergonha no pátio do quartel central. Essa mulher do Vai que Cola, aquela gorda, colocou a farda e botou os dançarinos veados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma p****** dessas no pátio do quartel?”, afirmou.

Em outro áudio, um homem comentou que a situação é lamentável.

“Vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, filha da p*** em uma farda de bombeiro, uma bucha de canhão daquela, com um monte de bailarino veado, quebrando até o chão. Vão achar que é o que? Bombeiro? Aquilo é tudo veado. Lamentável”, disse.

Nesta quarta-feira (27), Cacau compartilhou uma série de vídeos em sua conta no Instagram para explicar o ocorrido.

"Em respeito a vocês, vim aqui dizer o que está acontecendo. Estou fazendo um filme onde interpreto uma bombeira sargento, e domingo fui gravar no batalhão no centro da cidade. Fui super bem recebida e bem assessorada, sendo que tem um bombeiro que fez um vídeo de uma cena solta e espalhou por aí. Em momento algum ele desceu para saber o que estava acontecendo, o que é que era. E a cena que ele postou é um pedaço de uma cena que é um sonho do meu superior. Eu faço um filme, eu conto história. Aquilo ali é uma ficção, não é realidade. E ele espalhou o vídeo com um áudio me xingando de negra, gorda, filha da p***, cambada de veado. Racismo é preconceito, se ele não sabe. E isso é muito triste. Não entendi por que tanto ódio”, começou ela.

Em lágrimas, a atriz continuou.

“Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, eu conto histórias, conto ficção. Não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Eu respeito a opinião de alguns bombeiros que dizem que ah, eu não acho certo, mas vai ver realmente a história antes de agredir. Eu printei tudo o que foi colocado na minha página. Tem uma menina no Facebook também super falando mal. Postou uma foto minha de farda e os coleguinhas dela me detonando. Tudo isso eu printei, porque é crime. Você ser preconceituoso é crime. Racismo é crime. Você pode não gostar, mas tem que respeitar. E por que esse ódio? Juro que não entendo. A cena é uma alucinação de um personagem, um sonho, quando ele volta eu estou ali, trabalhando. O bombeiro é uma corporação que eu respeito, que amo. Que queria ser quando criança. Nas minhas primeiras entrevistas, sempre falei isso”, contou.

Em seguida, Cacau mostrou toda sua indignação com o preconceito.

"Sei que sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, é muito triste. E como uma pessoa que veste uma farda tão linda tem essa postura? Como posso dizer que ele salva vidas? Que ele faz o amor, tendo essa postura e falando tanta coisa horrorosa, tanta coisa feia, ofendendo? Eu respeito e acho que eles têm o direito de gostar ou não gostar. Mas eles tinham que perguntar primeiro. O mal da gente é primeiro julgar e jogar pedra, para depois saber o que era e falar que não era algo tão ruim. Só estou aqui para dizer que racismo é crime. Isso não se faz”, afirmou.

Para finalizar, a artista comentou que a cena gravada tem chances de não ir para o ar.

“A filmagem da gente foi tão legal e agora eu ouço que vai ser tirada do filme, que vão mandar cortar. Então por que as pessoas que estava lá autorizando acharam legal, abraçaram a gente e disseram que estava tudo bem? A gente não fez nada absurdo, se as pessoas pedirem para ver a cena vão ver que não é nada absurdo. Mas respeito a opinião dos bombeiros, não sei o que eles passam, só admiro. Mas peço que a gente tenha mais compaixão um com o outro", afirmou.

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