‘Camila era odiada quase como se fosse eu’, diz Carolina Dieckmann sobre Camila de Laços de Família

Por - 18/09/20 às 12:50

Reprodução/Instagram

Ela está de férias, mas não está. Carolina Dieckmann é multitela. Há poucos dias estava na reprise especial de Fina Estampa na Globo, ao mesmo tempo em que o Vale a Pena Ver de Novo exibe Laços de Família e o Viva Mulheres Apaixonadas e a primeira temporada de Malhação. Em um intervalo de 25 anos, a vida de Carolina mudou muito assim como a história da TV que celebrou 70 anos no dia 18 de setembro. 

Dieckmann é considerada uma das estrelas das novelas justamente por dar vida a personagens marcantes, em especial Camila de Laços de Família. O drama da leucemia comoveu o público, mas também gerou polêmica e ódio por causa relação que se estabelece após a personagem “roubar” o namorado jovem da mãe, papéis de Reynaldo Gianecchini e Vera Fischer. Camila foi odiada e amada. 

Relembre curiosidades dos bastidores de Laços de Família

Ao OFuxico, Carolina afirmou que não é saudosista, mas sabe da importância desses trabalhos em sua carreira, como também a oportunidade que o público tem de rever e ver pela primeira vez clássicos da dramaturgia. Questões da vida de Camila e Edwiges são muito presentes em 2020. A luta de Camila pela vida, ou de Edwiges pelo amor e também em ajudar os pais no momentos difíceis são bastantes atuais por conta da Covid-19. 

O drama da personagem, por conta da doença, seria analisado de que forma hoje com as redes sociais?

Carolina acredita que quando a novela foi exibida, Camila foi odiada até o momento em que ficou muito doente: “Mas as coisas estão mudando com uma velocidade tão grande que eu sempre acho possível que a percepção do público seja diferente de quando a novela foi exibida originalmente. E com certeza essa resposta virá pela interação do público nas redes sociais”.

Reynaldo Gianecchini e Carolina Dieckmann nos bastidores de Laços de Família

Vai ter memes na web?

O trisal que se forma entre mãe e filha e o namorado vai gerar memes e piadas, Carolina não está só preparada como ansiosa para as reações da web: “Eu acho que em 20 anos mudou muito a relação do público que assiste às novelas e também a interação com o elenco por meio das redes sociais….Então, acho que a dramaturgia está mais protegida. Há 20 anos, quando a Camila roubava o namorado da mãe, ela era odiada quase como se fosse eu, pois o papel da novela era diferente. Agora acredito que vá ficar muito mais numa coisa de meme e ataques virtuais, no máximo. Eu mesma não vou ser atacada”.

Discussão social

O merchandising social apresentado com a leucemia é um legado para TV e para medicina. Carolina então analisou o papel da TV: “E é maravilhoso quando ele acontece. Acredito que a televisão é um espelho, um reflexo que pode ajudar muito nas discussões sociais de uma maneira geral. E eu acho que quando o merchandising social realmente atinge e entra na casa das pessoas em forma de discussão é um ganho na dramaturgia também. Tudo que a gente quer quando faz uma novela é que ela seja discutida, falada, comentada. E o merchandising social agrega muito nesse sentido”.

Edwiges espalhadas pelo País

Batalhadora, simples, sonhadora, boa filha, romântica. Edwiges representa muito bem as brasileiras por conta de sua vontade de crescer, estudar. Com a pandemia ficou ainda mais evidente a relação entre realidade e ficção. O contexto em que as mulheres estão vivendo hoje por conta da Covid-19, a dedicação à família é ainda maior. A impressão que temos é que existem muitas Edwiges Brasil afora, o que em partes foi confirmado pela atriz: “Eu acho que essa definição do que é a Edwiges é muito especial. Ela é uma menina inocente, de interior e que mora em uma escola no Rio de Janeiro. Apesar de acreditar que ainda existam sim meninas como a Edwiges, eu acho que está ficando cada vez mais difícil encontrar pessoas tão inocentes como ela, principalmente por conta da internet, do avanço da tecnologia e de toda a globalização”. 

Legado de Camila

Para Carolina, Camila e Edwiges possuem legados importantes para a história da TV como reflexos da vida real: “Tanto a Camila quanto a Edwiges trouxeram discussões muito grandes em torno dos assuntos principais delas e eu fico muito feliz de ter feito essas meninas com esses temas”.

Cena icônica da personagem Camila em Laços de Família

No ar em quatro trabalhos da carreira

Apesar de estar no ar em quatro trabalhos antigos na TV, Carolina não é saudosista: “Eu gosto muito de rever esses trabalhos agora, mas não fiquei ao longo da minha carreira revisitando papéis, nem procurando coisas antigas para ver, porque sou uma pessoa mais do presente e do futuro. Tudo que eu já fiz está gravado dentro de mim. De alguma maneira, todos esses trabalhos fazem parte do meu imaginário, do meu banco de memórias e de sensações ao longo da minha carreira. Mas não fico especificamente, conscientemente revisitando isso não. Eu sou uma pessoa mais para frente. Agora, não posso negar que eu acho maravilhoso que um público que não assistiu Laços de Família tenha a oportunidade de assistir. Existem trabalhos realmente que ficam atemporais e que merecem sim ser reprisados e conhecidos por um novo público”.

Dieckmann cantora

Além de atuar, ela também canta. No ano passado fez apresentações em SP e outros estados: “Para mim, cantar sempre fez parte do meu processo artístico.  Hoje sou uma atriz que canta, pinta, que tenta tocar violão, que faz um monte de coisas. Eu sou muito feliz por ter tido coragem de explorar, ao longo da vida, as várias expressões artísticas que são latentes em mim desde quando eu era pequena, antes mesmo de seguir a carreira de atriz. No meu projeto Karolkê eu sou uma atriz que canta praticamente a peça inteira, e vejo as pessoas cantando comigo. Aquilo, para mim, é uma realização muito grande. Quando a pandemia começou, eu estava indo para o Rio iniciar uma nova turnê do projeto, mas que precisou ser adiada”. 

Atividades na quarentena

Por conta do confinamento o consumo de séries, filmes e livros dispararam. Como o ofício de atriz é um eterno mergulho na arte, a atriz deu sugestões do que andou vendo: “Nesses seis meses já li e vi tanta coisa… Mas, neste momento, estou vendo The Crown, Netflix. Comecei a ver essa semana Amor e Sorte, que já é uma produção sobre a pandemia, o que eu acho incrível. Vi também o documentário do Caetano Veloso, ambos no Globoplay. Tenho conseguido estar mais ou menos atual com as coisas que estão sendo produzidas agora, e eu estou dando prioridade por serem produções mais frescas e atuais”.

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