Conheça a história de Filhos da Pátria, da Globo

Por - 19/09/17 às 12:40

Divulgação/Globo/Estevam Avellar

História

 

Rio de Janeiro de 1822. As vielas cariocas eram tomadas por charretes e o samba ainda nem existia. Muitas coisas mudaram em 195 anos, mas tantas outras continuam da mesma forma e ainda se sofisticaram com o passar dos tempos… O famoso e singular "jeitinho brasileiro" é uma delas. Sua origem será mostrada em Filhos da Pátria, uma crônica cotidiana do Brasil do século XIX, sob a ótica dos Bulhosa, uma típica família de classe média da época. Com criação e redação final de Bruno Mazzeo e direção artística de Mauricio Farias, a série acompanha a formação da essência brasileira e faz uma interpretação, com humor e crítica, de como tudo o que vivemos e passamos atualmente teve início.

 

A história começa no dia 08 de setembro de 1822, logo após a proclamação da Independência. Em meio ao bucólico cenário carioca, temos a família Bulhosa, que mora no Centro do Rio de Janeiro e precisa aprender a viver num país em processo de transição administrativa e constituição identitária, onde as mais adversas situações os incitam a hilárias armações e aventuras, pondo constantemente à prova a retidão moral de cada um.

 

A família é composta pelo ingênuo português Geraldo (Alexandre Nero), sua esposa materialista, a brasileira Maria Teresa (Fernanda Torres), pelo primogênito sem-noção, Geraldinho (Johnny Massaro), e pela caçula feminista e sonhadora, Catarina (Lara Tremouroux). Além deles, a escrava à frente de seu tempo, Lucélia (Jéssica Ellen), e o escravo observador e apastelado, Domingos (Serjão Loroza). É a partir deles que as principais tramas se desenrolam.

 

A família Bulhosa

 

Geraldo Bulhosa nasceu em Portugal, é um homem de bem, solícito e prestativo, de índole pura e boas intenções por natureza. Casou-se com Maria Teresa, que sempre imaginou poder desfrutar de boa situação econômica e prestígio social por ter se casado com um europeu. Ela é classista, materialista e alpinista social confessa. É apaixonada pelo marido, mas sonha com o dia em que ele vai despertar e se impor profissional e socialmente.

 

Fruto de seu tempo, Maria Teresa é obcecada pelos modos e tradições da alta sociedade e projeta toda sua ansiedade e frustração em Catarina, sua filha, em quem deposita esperanças de ascensão à elite carioca. Tresloucada, Maria Teresa é responsável pelas mais absurdas badernas e quizombas da família. No fundo, sente inveja da irmã, Leonor (Leticia Isnard), que se casou com o industrial Murilo (Felipe Rocha) e pode ostentar joias e charretes.

 

Na sede por ascensão social, Maria Teresa é capaz de, mesmo sem condições financeiras, alugar objetos opulentos para ostentar em casa durante um sarau; se vestir de pobre para adquirir roupas e acessórios em ótimo estado em um bazar de caridade; e doar alta quantia em dinheiro só para ser convidada como destaque em uma festa religiosa. De outro lado, Catarina, a filha caçula, é idealista, feminista, sonhadora, e deseja ser dona do próprio sustento e da própria vida numa época em que ninguém vislumbrava essa realidade para as mulheres. Recusa pretendentes e é amiga de "damas de companhia". Encantada com o desprendimento e a irreverência dos escravos e pela liberdade e autonomia das cortesãs cariocas, ela vive em conflito entre suas aspirações pessoais e suas obrigações familiares.

 

O primogênito é Geraldinho. Sem-noção, inconsequente e analfabeto, é um amante da subversão ideológica. Ele acredita piamente em suas ideias revolucionárias, mas mal sabe cuidar do próprio nariz. Espertinho por natureza, tenta se dar bem a todo custo, mas vive se metendo em confusões de proporções imperiais ao tentar cortejar e seduzir as donzelas da capital. Mestre dos disfarces, se traveste para conquistar as moças: cigano, maçom, padre, ativista indígena, entre outros.

 

Lucélia (Jéssica Ellen) é a escrava da família e representa a espinha moral na casa dos Bulhosa. Trabalhadeira, dona de um senso incorruptível de justiça, é amável e compreensiva com os jovens patrões, Catarina e Geraldinho, e também apoia e é prestativa com Geraldo e Maria Teresa. Sagaz, aproveita as aulas particulares dadas a Geraldinho para aprender a ler e escrever. Conformada com o sistema escravocrata, Lucélia não repudia os senhores. Em vez disso, opta por juntar todos os centavos que ganha vendendo cocada nas horas vagas para, um dia, comprar sua alforria e viver de acordo com sua própria vontade. Bem diferente de seu irmão Zé Gomes (Flávio Bauraqui). Depois de tentar a alforria pelos meios legais, em vão, ele consegue a liberdade forjando uma invalidez. Perambula pela cidade, mancando, atrás de bicos e jabás e está sempre a par das novidades da capital e do Império, alardeando em alto e bom som, para quem quiser ouvir, as maiores fofocas da nação.

 

Domingos (Serjão Loroza) é um antigo escravo da família. Já não dá conta dos serviços braçais que lhe são requeridos, mas detém um lugar cativo no coração dos Bulhosa e permanece no lar. Extremamente observador, é um tanto apastelado e sem brio. Vive sendo alvo de piadas e comentários insensíveis de Maria Teresa (Fernanda Torres), embora obedeça às ordens que recebe sem muito questionamento, frequentemente tornando óbvias as sandices dos senhores. 

 

No entorno, nasce a sociedade carioca: a alta classe frequentada por Leonor (Leticia Isnard), irmã de Maria Teresa; as ruas avivadas pela irreverência de Zé Gomes; os corredores e escritórios sigilosos do Paço, berço das tramoias de Pacheco (Matheus Nachtergaele) e seus comparsas, colegas de Geraldo; o brechó de modas e devassas da francesa Dechirré (Karine Teles), madame e cafetina da cidade; aqueles que frequentam o bar do Vasco (Luiz Magnelli); entre outros que compõem a alma da nação.

 

O Paço Imperial

Com a Independência, Geraldo se sente ameaçado de perder o cargo oficial que ocupa no Paço Imperial, uma vez que nasceu em terras lusas e agora o poder está nas mãos de brasileiros. Ele trabalha intermediando as relações entre Brasil e Portugal, sob a chefia de Figueira (Saulo Laranjeira), mas, aos poucos, começa a perder prestígio. De um lado, sofre a pressão de Maria Teresa, que vive eternamente frustrada e anseia por status sociais e bens materiais, e de outro precisa lidar com os novos esquemas que tomam conta do ambiente de trabalho liderados, principalmente, por Pacheco.

 

Pacheco vive rondando Geraldo e pedindo – ou melhor, intimando – o pobre coitado a participar das tramoias mais escusas que envolvem os recursos públicos em benefício da "nobreza" carioca. Geraldo, então, encontra uma nova maneira de sustentar sua família. É aí que o patriarca da família Bulhosa começa a se envolver passivamente em atos questionáveis, que vão desde favorecer obras públicas propostas por amigos de amigos e conferir títulos de nobreza indevidos até a inventar processos burocráticos intermináveis.

 

O brechó da Madame Dechirré

 

Madame Dechirré (Karine Teles) é francesa e dona de um brechó no Centro do Rio de Janeiro. A loja é frequentada por mulheres da média e alta sociedade carioca que nem imaginam o outro tipo de serviço que é oferecido naquele mesmo endereço. Atrás de um provador de roupa fechado por uma cortina, uma escada leva a um mundo completamente paralelo. Secretamente, no andar debaixo da loja, ela agencia as donzelas mais "ousadas" da cidade, que estão sempre dispostas a receber os homens influentes da capital. Chama as moças por nomes de tecido, como Gabardine (Lyv Ziese) e Tafetá (Paula Frascari), para não levantar suspeitas.

 

Por toda liberdade feminina que Dechirré representa, Catarina a admira profundamente. Mas a francesa tenta, com todas as forças, dissuadir e afastar a garota.

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