Conheça Dez por Dez, novo projeto inovador do teatro Unimed

Por - 18/05/21 às 17:16

Clarice Philigret

Dez atores interpretam diretamente para a câmera, em tempo real, sem cortes ou edições. Texto e trabalho de ator são os principais elementos da construção de cada personagem, sem truques, sem efeitos especiais, falando diretamente com o público.

Assim é “Dez por Dez”, uma coleção de monólogos originais escritos pelo roteirista, cineasta e dramaturgo Neil LaBute (de filmes como Na Companhia de Homens, Enfermeira Betty e Morte no Funeral), em uma versão brasileira dirigida pelos Irmãos Leme e realizada pela Dueto Produções, que estreia com acesso gratuito nesta quinta-feira, 20 de maio de 2021, no site do Teatro Unimed (www.teatrounimed.com.br).

Com adaptação dos Irmãos Leme – Guilherme Leme Garcia e Gustavo Leme -, as dez histórias de dez minutos cada reúnem um time de dez atores que dão vida a personagens homens e mulheres nas faixas dos 20, 30, 40, 50 e 60 anos de idade.

O elenco brasileiro é formado por Angela Vieira e Leopoldo Pacheco (60 anos), Denise Fraga e Eucir de Souza (50 anos), Pathy Dejesus e Bruno Mazzeo (40 anos), Chandelly Braz e Ícaro Silva (30 anos) e Luisa Arraes e Johnny Massaro (20 anos).

“Há um ano atrás, o Gustavo achou esse projeto do LaBute em pesquisa na internet, me mostrou e achamos muito lindo. Ai já mostramos para a Monique Gardenberg, que aprovou fazer pela produtora dela, a Dueto. Ficamos quase um ano buscando alguém para exibir o projeto, e foi quando fechamos nossa parceria com a Unimed”, detalhou Guilherme Leme em coletiva de imprensa, na qual OFuxico esteve presente.

“É muito importante que produtoras de teatro, mesmo na pandemia de covid, continuem produzindo conteúdos como esse. Gravamos essa semana, todos os atores arrasaram, meu irmão arrasou na direção de fotografia.”

Gustavo afirmou: “Desde a primeira vez que vi esse projeto eu me interessei pelo formato, que achei incrível. Tudo aconteceu de uma forma muito orgânica, inclusive o Teatro Unimed com as locações para gravar. Ficou muito lindo, e os atores arrasaram em seus papéis”.

Identificação além do texto

Denise Fraga interpreta a mulher de 50 anos em Dez por Dez

“Eu fiquei muito feliz quando o Guilherme me ligou, pois já queríamos trabalhar juntos. Sempre procurei estar participando de algum projeto, exercer a nossa criatividade. Trabalhar ao lado dessa equipe foi sensacional, tudo cheio de afeto. Minha personagem tem tudo a ver com o que estou sentindo. Foi muito bonito apesar do tempo curto e das limitações, ficou bem lindo!”, afirmou Denise Fraga, que foi questionada sobre interpretar humor na pandemia.

“Faz tempo que essas barreiras entre os gêneros vêm se diluindo para mim. Adoro textos de humor que são trágicos, adoro fazer uma comédia sobre tragédias do dia a dia. Nós atores somos alquimistas de transformar tristeza em beleza, e a gente tenta por meio do humor dar voz às angústias”, afirmou ela.

Em seguida, os atores comentaram rapidamente sobre a relação deles para com os personagens, principalmente o quanto eles se identificavam com eles.

“Meu personagem não era exatamente isso que ele se transformou. Consegui ver nele uma possibilidade dentro da minha vida, e se tivesse pegado um caminho um pouco mais torto, teria chegado aonde esse cara chegou. O La Butte no texto não diz em nenhum momento quem ele é, mas podemos facilmente descobrir”, declarou Eucir de Souza.

“Teve um momento ali da minha vida que eu estava pegando um caminho parecido com ele, e se não tivesse seguido na carreira de ator, pois o teatro quebrou valores que estavam muito embutidos em mim”, disse ele.

“Meu texto fala muito do nosso cabelo, e acaba sendo uma discussão sobre os padrões em nossa sociedade e os padrões de beleza, o porquê de nossa sociedade dar tanto valor a essas coisas. Essa banalização que não deveriam importar estão sempre dialogando com a gente”, revelou Johnny Massaro.

“Me sinto muitas vezes navegando nesse mar da insegurança por conta da nossa profissão, que trabalha muito com a imagem. Coincidentemente, passei a usar um produto por conta da reclamação do meu personagem do cabelo, me conectei demais a ele nesse sentido”.

Pathy Dejesus falou: “Não tenho uma ligação direta com a história da personagem, mas me trouxe muitas reflexões por conta do aumento de violência contra a mulher na pandemia. Nunca passei por agressões físicas igual a minha personagem, mas cheguei a me identificar com alguns trechos. Acho que vai levantar muitas questões”.

Ícaro Silva ponderou: “Independente da história do meu personagem, uma coisa que me toca muito nele é estar falando sobre a quantidade que alguém indiferente o tocou, o quanto ele foi afetado por ela. Isso dialoga com o mundo, tentamos ser indiferentes às pessoas e aquilo que não nos é querido. Mas não tem o que fazer, tudo nos toca e atravessa, e não conseguimos entender como”

“Não relaciono isso só com a minha experiência pessoal, mas a experiência humana e nossas relações. Uma pessoa que te atrapalhou no trânsito pode ficar sendo falada por você por duas horas no trabalho, e você provavelmente nunca mais vai vê-la na vida”.

Ao final, diversos atores relataram o desafio de só poder fazer uma vez e na hora, desejando uma temporada presencial para explorar ainda mais o texto, possibilidade que ainda atraí a atenção de Guilherme Leme.

Dez por Dez – Serviço

Espetáculo: Dez por Dez

Local: Teatro Unimed em Casa (online)

Endereço: www.teatrounimed.com.br

Estreia: quinta-feira, 20 de maio de 2021, às 21h

Horários: às quintas-feiras, sempre às 21h. A cada semana, duas histórias de dez minutos de duração cada. As últimas histórias serão apresentadas no dia 17 de junho de 2021. Toda a obra poderá ser vista no site do Teatro Unimed até 11 de julho de 2021.

Classificação: variável de acordo com cada episódio

Ingressos: gratuito

Duração: 10 minutos

https://www.facebook.com/TeatroUnimed

https://www.instagram.com/teatrounimed/

Assim como na versão norte-americana de 2020 e no espetáculo Madame Sheila, exibido no site do Teatro Unimed no ano passado, o projeto Dez por Dez também tem caráter beneficente. Paralelamente à exibição gratuita dos monólogos, o público é convidado a colaborar, através de doações ao Fundo Marlene Colé, em prol dos trabalhadores do teatro em situação de insegurança alimentar devido aos efeitos da pandemia. O Teatro Unimed se firma como um espaço efervescente de criação e ajuda humanitária (www.fundomarlenecole.com.br).

Programação, elenco e sinopses (a cada semana, duas novas histórias exibidas)

Johnny Massaro interpreta o homem de 20 anos na peça Dez por Dez

Quinta-feira, 20 de maio

#1 – Mulher de 60 anos: Angela Vieira – mulher conta sobre um momento do seu passado, em que viveu uma relação que se resumiu a único beijo e a marcou para o resto da sua vida.

#2 – Homem de 20 anos: Johnny Massaro – garoto profundamente incomodado com a iminência da calvície vai revelando aos poucos um profundo amor por sua mãe, acreditando ser ela a única mulher que o aceitará careca.

Quinta-feira, 27 de maio

#3 – Mulher de 50 anos: Denise Fraga – mulher relata uma sequência de eventos trágicos em sua vida e revela, explicitamente, o desejo pelo suicídio. No final, ela provoca o espectador, pedindo sua ajuda para fazê-la desistir desse desejo.

#4 – Homem de 30 anos: Ícaro Silva – homem conta sobre uma viagem de avião, em que fica incomodado com sua vizinha de poltrona. Quando dorme durante o voo, sonha que eles vivem uma relação amorosa conflituosa e bizarra.

Quinta-feira, 3 de junho

#5 – Mulher de 40 anos: Pathy Dejesus – mulher conta sobre seu casamento, em que era frequentemente espancada e abusada emocionalmente por seu marido. Ela foge de casa e acaba se relacionando com outra mulher, encontrando, assim, um novo casamento e, ao mesmo tempo, um esconderijo.

#6 – Homem de 40 anos: Bruno Mazzeo – homem conta como o futebol faz parte fundamental de sua vida. Ele tem um filho que joga no time da escola e, acompanhando um de seus jogos, ele se envolve em uma séria briga com outro pai. Aos poucos, entendemos que ele já está morto enquanto relata a história. Bela reflexão sobre a violência nos esportes.

Quinta-feira, 10 de junho

#7 – Mulher de 30 anos: Chandelly Braz – jovem fala sobre um acidente de trânsito em que uma amiga morreu enviando uma mensagem para o namorado. Aos poucos, revela que eles viviam um triângulo amoroso na época do acidente.

#8 – Homem de 50 anos: Eucir de Souza – homem discorre sobre o orgulho de estar casado há 30 anos. Ele não se conforma com casais que se separam e famílias não-tradicionais. Aos poucos, revela-se um homofóbico radical.

Quinta-feira, 17 de junho

#9 – Mulher de 20 anos: Luisa Arraes – menina traída pelo namorado passa a ter várias relações afetivas sem sentido, como forma de vingança.

#10 – Homem de 60 anos: Leopoldo Pacheco – homem expõe seu incômodo e resistência a mudanças de hábitos e costumes na sociedade. Aos poucos, vai se revelando um racista conservador e intolerante com imigrantes.

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