Daniel Boaventura: ‘Não sei fazer nada apenas por fazer’

Por - 11/03/13 às 11:41

Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

A música exerce um papel fundamental na trajetória de Daniel Boaventura como ator. Foi a partir de uma malsucedida investida como cantor, em meados dos anos 1990, que ele se descobriu no teatro musical. E com a repercussão de seus espetáculos, chamou a atenção dos diretores de tevê.

"Sou baiano e comecei a cantar na época que o Axé dominava o Brasil. Apesar de não ter nada contra o ritmo, não é bem o que eu queria para mim. Por isso, canalizei a minha vontade para os musicais e desenvolvi meu lado ator", explica o intérprete do malandro Nenê, de Guerra dos Sexos.

Em sua oitava novela na Globo – além de diversas participações em séries –, e com passagens pelo SBT, em Amor e Ódio, de 2002, e pela Record, em Essas Mulheres, de 2005,  Daniel sente-se acolhido pela televisão. Por isso, entre tantos compromissos com a música e o teatro, ele encara o trabalho na tevê como prioridade.

Daniel Boaventura: "Não sei fazer nada apenas por fazer. E sei da responsabilidade que é estar na casa de tantos telespectadores", analisa.

Atualmente, Daniel precisa conciliar as gravações do folhetim de Silvio de Abreu com as apresentações do musical A Família Addams – onde vive o patriarca Gomes –, que cumpre temporada no Rio de Janeiro. E os shows da turnê de seu primeiro DVD, Daniel Boaventura Ao Vivo, lançado em 2011.

"O esquema é bem cansativo. Mas os diretores e a equipe de produção da novela cooperam para que eu consiga dar conta de tudo. Eu não abuso, mas existe uma tolerância que me deixa conciliar os projetos", conta.

Acostumado a interpretar tipos cômicos na tevê, o ator se sente à vontade na pele de Nenê, um malandro inveterado que se mantém a partir de pequenos golpes. Sem se ater apenas à primeira versão do folhetim, exibida em 1983, onde o personagem foi feito pelo falecido Hélio Solto, Daniel entrega que construiu Nenê inspirado em tipos vividos por Jorge Dória e pelo ator americano Jack Nicholson.

"Acho fantástica a maneira com que esses dois atores incorporam a figura do 'cafajeste amigo', aquele cara que apronta com todo mundo, mas é benquisto", diverte-se.

Assim que soube que iria interpretar um personagem do tipo conquistador, Daniel tratou de fechar a boca e malhar. No entanto, ao longo das primeiras gravações da novela ao lado do diretor Jorge Fernando, ele percebeu que, felizmente, não precisaria encarar um rotina de exercícios para o personagem.

"Eu achava que o Nenê teria de ter um corpo definido. Mas no início do trabalho, fiz uma cena em que ele fingia ser um cara que gostava de malhar. A partir daí, vi que tudo ao redor dele é puro fingimento e relaxei", justifica, aos risos.

Assim como ocorreu em 2010, em sua ltima novela, Passione – também assinada por Silvio de Abreu , Daniel gravou algumas msicas que embalam cenas de Guerra dos Sexos.

"Gravei 'Summertime', clássico do George Gershwin, que deve ser usada em alguma sequência cômica do Nenê. Gosto de mostrar meu lado cantor nas novelas. Em Passione, isso foi bem forte", compara.

Ao recordar sua ltima novela, onde interpretou o misterioso Diogo, Daniel deixa claro que gostaria de investir mais em papéis sérios e naturalistas.

"Sou mais convidado para tipos cômicos e o ideal é ter um equilíbrio. Em 'Passione', tive de reaprender a trabalhar feições mais sisudas e foi interessante. A diversidade sempre acrescenta', acredita.

Só no gogó

Com três álbuns e um DVD no currículo, Daniel Boaventura vem, aos poucos, mostrando sua porção cantor.

"A Globo é uma grande vitrine e minha imagem está ligada ao meu trabalho de ator. Por isso, acho que só agora estão prestando mais atenção na minha voz", atesta.

Prestigiado no meio teatral e na tevê, ele acredita que, atualmente, se firmar na carreira musical é extremamente difícil por conta da derrocada da indústria fonográfica.

"Gravei meu primeiro CD em 2007 e ele vendeu muito bem. Mas, se fosse em 1997, venderia 10 vezes mais", destaca, analisando as 45 mil cópias vendidas pelo álbum Song 4 U, lançado pela Sony Music.

Com voz talhada pelas adaptações brasileiras de famosos musicais que participou, como Chicago, A Bela e A Fera e My Fair Lady, Daniel pretende continuar investindo em seu lado crooner, onde recria clássicos internacionais como Fly Me To The Moon (In Other Words) e Can't Take My Eyes Off You, standards americanos que fazem parte do repertório de seus shows.

"Além de adorar músicas do gênero, acho que é o tipo de melodia que combina com a minha voz", gaba-se.

Instantâneas

# Quando o assunto é teatro musical, um dos atores preferidos de Daniel Boaventura é o americano Nathan Lane. O ator, inclusive, é quem interpreta Gomez na versão original do musical A Família Addams.

# Mesmo orgulhoso de suas origens baianas, Daniel achou que neutralizar o forte sotaque da região seria importante para não limitar seus personagens.

"Mas é só eu ficar nervoso ou encontrar com alguma baiana que o sotaque volta na hora", revela.

# Daniel foi o primeiro homem a figurar em uma campanha publicitária internacional dos sabonetes Lux. Veiculada no ano passado, na versão nacional do comercial, ele aparece cantando a música Rosa, de Pixinguinha. Para o resto do mundo, a msica escolhida pela marca foi Always On My Mind, imortalizada por Elvis Presley.

# A estreia do ator na tevê foi com um pequeno papel na minissérie Hilda Furacão, de 1998.

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