Especial: Saiba tudo sobre a novela Lado a Lado – Cenografia e produção de arte

Por - 01/01/12 às 13:57

Lado a Lado/TV Globo

Cenografia e produção de arte

Nove meses antes da estreia, Nininha Médicis, produtora de arte de Lado a Lado, e sua equipe já estavam em campo em busca de objetos e materiais que retratassem o período.

Museus, livros e muitas visitas a antiquários e feiras de antiguidades fizeram parte da agenda no período de pré-produção. Muitos objetos precisaram ser confeccionados especialmente para a novela, pois já não existem mais para serem comprados.

Cada detalhe foi estudado, pensado para que o telespectador pudesse realmente conhecer os hábitos de antigamente. Laura (Marjorie Estiano) é uma apaixonada por literatura e para criar o seu ambiente, a equipe comprou muitos livros em sebos. Alguns deles foram restaurados e ganharam capas novas. A produção fez muitos postais pois era costume das moças da época fazer coleções sinetes com monogramas e marcadores de livros.

Em 1904, além de bicicletas e carroças, bondes e carruagens circulavam pelas ruas do Rio. E a produção de arte restaurou sete modelos de carruagens, que ganharam novos estofados, capotas, cortinas, lampiões e vidros. Na cidade cenográfica que reproduz a Rua do Ouvidor, vendedores ambulantes de miudezas, de bengalas e guarda-chuvas, de flores, de doces serão incorporados ao cenário.

Muito frequentadas pela elite, as confeitarias faziam sucesso no Rio de Janeiro, assim como na França. Para a Confeitaria Colonial, construída na cidade cenográfica, a produção de arte trabalhou desde a sugestão do nome, passando pela criação da logomarca, sua impressão nas louças, os centros de mesa, os cardápios e as comidinhas servidas na época.

Lado a Lado mostrará duas realidades distintas em um momento de transformações da cidade. Para os cenários dos ricos, serão usadas muitas garrafas de cristal, lamparinas, lampiões, castiçais, perfumeiros, espelhos, gomis. Para os pobres, muito barro, palha, caixotes de madeira, trouxas de roupas, bacias e baldes. A produção mandou, ainda, fazer tábuas de lavar roupa como as utilizadas pelas lavadeiras daquela época, assim como pregadores de roupa feitos de bambu.

No primeiro capítulo, um carnaval de rua agita a trama. Para montar o cenário – nas ruas do centro histórico de São Luís – foram encomendados instrumentos musicais como os usados na época, assim como confetes e serpentinas. Para ornamentar a rua, foi usado aproximadamente 1km de bandeirinhas feitas em tecidos, fitas e flor. A cenografia entrou para colocar portas de madeiras cobrindo os vãos dos casarios coloniais e reconstituindo as construções para que ficassem como as de antigamente.

Quem circula hoje pela Rua do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro, nem deve lembrar que, no início do século XX, ela era a rua mais chique e badalada da cidade. Era lá que as mulheres compravam artigos finos vindos da França e da Inglaterra, onde estavam as maiores e melhores lojas, os teatros, os jornais, as confeitarias. Na Rua do Ouvidor via-se a influência parisiense que pairava pela cidade, o charme da Belle Époque que conquistava os brasileiros.

Na cidade cenográfica – conceituada pelo cenógrafo Mário Monteiro –  todo esse universo foi retratado em 2.550m2, sendo 10 metros de rua, com 10 lojas, a Confeitaria Colonial, o Bar Guimarães, o jornal Correio da República, a barbearia onde trabalham Seu Afonso (Milton Gonçalves) e Zé Maria (Lázaro Ramos) e, ainda, o Teatro Alheira. A iluminação, assim como na época, será com postes a gás e, posteriormente, passarão a ser com luz elétrica. Toda a Rua do Ouvidor será reconstruída em computação gráfica, com um backlot em 3D.

A Confeitaria Colonial, a barbearia e o Bar Guimarães, cenários importantes da trama, terão interiores. Os demais prédios serão apenas fachadas. Em uma área de 200m2, a Confeitaria terá um mezanino e uma ambientação mais sofisticada, com 10 mesas de quatro lugares cada espalhadas entre os dois andares.

Primeira favela a surgir no Rio de Janeiro, o Morro da Providência também será recriado em cidade cenográfica.

A história se passa no período em que a arquitetura vivia o movimento da estética, da art déco.

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