Ex-RPM abre o jogo sobre vício nos bastidores
Por Flavia Cirino - 27/09/2025 - 08:54

Nos anos 1980, o RPM se consolidou como um dos maiores fenômenos da música brasileira. Com a turnê Rádio Pirata, o grupo arrastava multidões para estádios lotados e vendia milhões de discos. Porém, nos bastidores, a realidade era bem diferente. O sucesso vinha acompanhado de vícios, principalmente em cocaína, que acabaram minando a saúde mental e a convivência entre os integrantes.
RPM faz parte da calçada do rock brasileiro
Quem recorda esses episódios é Fernando Deluqui, hoje com 63 anos. O guitarrista foi um dos fundadores da banda, ao lado de Paulo Ricardo e Luiz Schiavon, falecido em 2023. Ele primeiramente revelou detalhes sobre os excessos em entrevista ao canal “Corredor 5”, no YouTube.
De acordo com o ex-RPM, a dependência atingiu níveis alarmantes. “A gente foi usando, usando, e teve uma hora que a banda perdeu uma das coisas mais importantes que é a sanidade. Você não saber onde você está é o fim da picada. Eu peguei gente da banda falando com quem não estava ali, que tinha ido embora dias atrás. O negócio estava feio, o fim estava próximo. Estava rolando uma perda de lucidez num nível perigosíssimo.”
O show em Cuiabá e o tombo em público
A relação com a cocaína também refletia na postura dos músicos. O guitarrista admitiu que, por causa do vício, eles se tornaram “arrogantes, intratáveis e inacessíveis”. Mesmo assim, evitavam subir ao palco sob efeito da droga. A única exceção aconteceu em Cuiabá, em uma das apresentações mais polêmicas da carreira do grupo.
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“A gente não parou. Começou à noite, varou a madrugada, chegou de manhã, que era hora de parar, não parou. Foi indo, foi indo até o show e foi um desastre, uma catástrofe. Cocaína é um negócio do diabo. Zerou a energia da banda. A gente quase apanhou muito. A gente estava sem energia, cantando mal. As pessoas estavam lá para ver o RPM, aquele RPM do ‘Fantástico’, e a gente negou fogo. Começaram a tacar latinha, depois areia. Saímos de lá com o moral no último.”
O episódio marcou profundamente a trajetória do grupo. Deluqui contou que, após aquela apresentação, eles fizeram um pacto: “No mesmo dia, sem dormir ainda, a gente olhou um para cara do outro, e falou: ‘isso nunca vai acontecer. Vamos cheirar? Vamos cheirar, vamos beber e fumar, mas nasceu o dia seguinte todo mundo na cama’. Aí deu para levar até o final.”
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























