Exclusivo! Conheça Yamil Ureña, ator que protagoniza série sobre o Menudo

Por - 27/12/20 às 08:30

Divulgação

Quem foi adolescente nos anos 80 tem um “compromisso” nesse período de festas: assistir a série Súbete a Mi Moto, disponível na Amazon Prime. A produção mexicana conta em 15 episódios como Edgardo Diaz, criador e manager do Menudo, principal boy band da época, ajudou os integrantes a alcançar fama internacional por mais de 20 anos.

Na pele do protagonista, o ator porto-riquenho Yamil Ureña se destaca. Ele que participou de importantes projetos de cinema e televisão nos Estados Unidos como ator e produtor, já contracenou com Halle Berry, em sua primeira série de TV, Extant (CBS) e recentemente esteve com Adam Brody em Startup, além de ter participado de diversos comerciais, inclusive ao lado de Sylvester Stallone.

A série foi lançada em outubro, mas por aqui, só foi liberada bem depois. As fãs brasileiras já haviam acompanhado a repercussão, não tão boa, entre ex-integrantes do grupo. Muitos reclamaram da veracidade dos fatos mostrada na série que, ao contrário do que se propõe, não conta a trajetória do Menudo e sim a de Edgardo, colocando-o como um empresário visionário e de sucesso, o que ele realmente foi. Mas os muitos problemas que houve na caminhada, incluindo a saída de integrantes (eles eram trocados quando atingiam a maioridade ou mudavam de voz, mas muitos saíram por insatisfação), casos de assédio sexual e moral, não foram tão fiéis, causando insatisfação nos cantores, que foram para as redes sociais reclamar por não terem sido consultados.

Yamil conversou com a reportagem de OFuxico sobre o trabalho, todo rodado no México, e ressaltou não apenas sua satisfação em atuar na produção, mas o desejo de conhecer o Brasil, país tão marcante na trajetória do Menudo. Foi aqui que o grupo teve o maior público da história da música, num show realizado em 1985, no estádio do Morumbi, em São Paulo, recorde até hoje nunca batido.

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Confira a entrevista!

OFuxico: Você é muito jovem e certamente não presenciou a magia que a Menudomania exerceu no mundo. Além disso, você não teve tempo de se preparar para a série. Mas você é de Porto Rico, a terra do Menudo, o que faz com que, certamente, tivesse algumas referências. Como você foi selecionado para esse personagem?

Yamil Ureña: Alguns anos atrás, o self-tape, muito comum agora, já estava acontecendo. Eles enviam o roteiro e as cenas e você mesmo grava e envia para o diretor. Com a pandemia funcionou perfeitamente, porque fazemos tudo online. E foi assim que Súbete a mi Moto veio até mim. Mandei o self-tape pela manhã e no final do dia me ligaram avisando que o personagem era meu. Quando cheguei ao México estava incrédulo, não acreditava que seria o protagonista. Algo dentro de mim me disse para trabalhar duro para que eles não me tirassem do projeto.

 

OFuxico: Assim que a série foi lançada, ex-cantores do Menudo se mostraram indignados com algumas coisas. Quem já assistiu e viveu essa época, acredita que se trata de ficção e não da história real, como é dita. Qual é a fronteira entre fato e ficção? Você acha que o desenvolvimento foi realizado com clareza?

Yamil Ureña: Os fatos contados na série foram corroborados não só por Edgardo, mas também por Joselo Veja (coreógrafo do grupo), que trabalha com Ricky Martin. Eles também foram corroborados por Ricky Melendez que é o membro que estava no grupo por mais tempo e o criador do formato dos shows, Mary Black, que também fez pesquisas com os fãs do Menudo e pessoas da indústria que viveram naquela época.

 

OFuxico: A sua atuação foi muito elogiada!

Yamil Ureña: A aceitação do público foi uma bênção! Muitos me escreverem nas redes sociais, mesmo pessoas que trabalharam ou conheceram o Edgardo, para me avisar que gostaram do meu trabalho. Se existe ficção, especificamente na história dos fãs, no entanto, temos que entender que foi preciso resumir três décadas em 15 episódios, o que pode ser bastante complicado e é claro que ainda há muitas histórias para contar.

Yamil Ureña

OFuxico: Você esteve com o Edgardo? Quais foram as orientações dele?

Yamil Ureña: Minha interpretação foi baseada nos vídeos que a Mary Black me passou e as sete horas e meia de entrevistas que o escritor Sergio Jablon fez com o Edgardo. Eu os vi três vezes e também fiz pesquisas. Tive sorte que alguns dos atores que interpretam os pais, na série, terem vivido essa época. Eles puderam acrescentar algo ao que tínhamos nos roteiros. A verdade é que Edgardo é um visionário e criou um conceito único que foi transcendendo ao longo dos anos e graças a isso hoje uma nova geração de artistas pôde se alimentar dele.

 

OFuxico: O que você acha das acusações contra ele e as justificativas dadas na série?

Yamil Ureña: As polêmicas são muitas, eu não as conhecia e a verdade é que o fato de ele sempre ter mantido sua vida privada tão longe da mídia fez com que as polêmicas continuassem crescendo. Eu definitivamente levei isso em consideração quando construí o personagem.

 

OFuxico: Você conhece algum cantor do Menudo? Conversou com alguém da história real?

Yamil Ureña: Tive o prazer de conhecer Ricky Martin depois de um de seus shows em Las Vegas, em 2018. Ele é exatamente como eu imaginava, muito carismático e simples. Ele sempre foi um dos meus ídolos. Sou amigo de Robert Avellanet (integrante entre 1988 e 1990), porém, devido a contratos de confidencialidade, não conversamos sobre o projeto antes de gravá-lo. Robert é outro ser humano incrível e talentoso que admiro. Todos eles fizeram um excelente trabalho e os respeito muito.

 

OFuxico: O Brasil é o quarto país onde Menudo fez mais sucesso, além de Porto Rico, Peru e México. Aqui a banda teve os maiores sucessos de público da história, com números até hoje recordistas. Na série, tem cenas de atores falando em português fluente nas situações em que são lembradas o êxito do grupo por aqui. São brasileiros? Você conhece nosso país?

Yamil Ureña: Uma das coisas que mais gosto na série é que eles deram representação aos fãs do Menudo de todos os países. Eu sabia que o Brasil tinha muito a ver com o sucesso do grupo, mas quando descobri tudo o que tinha acontecido, entendi que realmente deveria ser contado. Tínhamos atores brasileiros no set e eles até me ensinaram uma ou duas palavras. Quem sabe e esse é o primeiro de muitos projetos que chegam ao Brasil? Estou animado para visitar o país, conhecer mais sua gente e até mesmo fazer algum projeto. Uma das razões pelas quais entrei nesta profissão foi justamente para poder compartilhar com diferentes culturas e viajar.

 

OFuxico: Como é sua relação com os fãs? Para fãs do Menudo, o Edgardo nunca foi cordial como nas cenas… Como está essa conexão?

Yamil Ureña: Tenho falado com muita gente através redes sociais. Fiquei impressionado com o fato de amarem tanto porque eu tive um encontro desagradável com um dos fãs no set. Ela, provavelmente, deve ter pensado que eu era o verdadeiro Edgardo e me insultou. Receber boas críticas pelo meu trabalho e saber que as fãs apoiam minha carreira é uma motivação muito grande. Só tenho a agradecer.

Yamil Ureña vive Edgardo Diaz, criador e manager do Menudo

OFuxico: Quais foram as cenas mais difíceis? Por quê?

Yamil Ureña: Coloquei o mesmo cuidado em todas as cenas, fui meticuloso com o meu trabalho e detalhista em tudo o que fazia. O episódio 13, no qual recriamos o show em que Edgardo Diaz foi confrontado publicamente sobre as acusações, foi bastante intenso filmar. Essa cena tinha 12 páginas e demorou seis horas e meia. Foi um dos poucos vídeos que existiram do Edgardo, estudei muito para que saísse como está. Estou muito satisfeito com o resultado final.

 

OFuxico: Quem são suas referências profissionais? E musicais?

Yamil Ureña: Pedro Almodóvar é um diretor que admiro muito. Will Smith é um ator muito versátil que conquistou muito nessa indústria e seria uma honra trabalhar com ele. Musicalmente, adoro merengue, que vem do país de origem da minha família, a República Dominicana. Sou muito musical e uso isso muito como referência quando trabalho em meus projetos.

 

OFuxico: Como você resume o Menudo, ontem – antes da série – e hoje – depois?

Yamil Ureña: Não creio que se repita. É um conceito único e me surpreendeu muito como manteve o sucesso por tantas décadas. O fato de os membros terem mudado tanto é algo que eu não sabia e sinto que o público de hoje não permitiria. Este grupo que tanto glorificou Porto Rico e latinos se tornou o maior em sua categoria. Isso permitiu que vários de seus membros continuassem com carreiras de sucesso e através desta série, novas gerações que nem sabiam da existência do grupo hoje se tornaram fãs. Isso mostra que é um conceito de sucesso que transcende culturas, idiomas e tempos.

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