Giovanna Antonelli vai parar na delegacia por conta de Salve Jorge

Por - 13/10/12 às 10:09

Pedro Paulo Figueiredo / Carta Z Notícias

Passar um dia inteiro em uma delegacia e acompanhar a rotina de mulheres da polícia nem passava pela cabeça de Giovanna Antonelli. Isso até a atriz ser surpreendida com o convite de Glória Perez para interpretar a delegada Heloísa de Salve Jorge, novela que estreia no próximo dia 22, às 21h, na Globo.

Depois de mais de 20 anos de carreira e 12 novelas no currículo, encarnar um tipo tão distante de sua realidade pareceu bem tentador. Tanto que Giovanna mergulhou em uma grande pesquisa a respeito de como atuam as delegadas brasileiras.

"Por mais que seja uma delegacia, a gente não pode julgar o que a gente ouve de quem chega ali por algum motivo. Essa experiência me ajudou muito a encontrar o tom que o texto da Glória pede para a minha personagem", avalia.

O único fator que seria capaz de fazê-la recusar o chamado, confessa, seria ter de encarar uma viagem longa à Turquia, país retratado ao longo de toda a história. Por isso mesmo, sua personagem até aparece no país, mas só em cenas de cidade cenográfica ou estúdio.

"Não daria mesmo. Minha rotina atualmente não permite que eu me ausente desse jeito. Tenho muitos filhos pequenos", explica Giovanna, que, aos 36 anos, é mãe de três crianças: Pietro, de 7 anos, e as gêmeas Antônia e Sofia, de 2.     

O Fuxico – Essa é a segunda novela da Glória Perez que você faz e que retrata uma cultura de um país distante, mas dessa vez você não viajou com a equipe. Sentiu falta disso?

Giovanna Antonelli vai parar na delegacia por conta de Salve JorgeGiovanna Antonelli – Olha, teria sido fantástico fazer uma viagem dessas com a equipe da novela, mas eu não teria condições de deixar meus filhos para ir à Turquia agora. A Glória Perez foi muito importante na minha carreira para que eu chegasse onde cheguei, já que O Clone mudou a minha trajetória na televisão. Mas, dessa vez, estou no núcleo brasileiro. Não tenho nada a ver com o mundo turco. Se bem que eu faço uma delegada, a Heloísa, que, lá na frente, vai fazer uma investigação sobre o tráfico humano, tema central dessa trama.

OF – Como se preparou para viver uma delegada?

GA – Contei com vários workshops, palestras e documentários que foram cedidos pela equipe para que servissem de material de pesquisa para a gente. Além disso, estive com várias delegadas ao longo dessa preparação. Algumas que a própria produção fez contato, outras que eu mesma procurei. Saí para jantar com elas, fui a shows, visitei algumas residências, tive uma convivência intensa com essas mulheres.

OF – O que essa experiência trouxe para você?

GA – Me sinto mais segura para que a gente consiga mostrar outra visão das delegadas. Embora esse seja um assunto já tratado na televisão, muita gente ainda as vê de forma equivocada. Elas são muito femininas, vaidosas, donas de casa e mães – muitas vezes, até mães solteiras. Enfim, mulheres como as mulheres são normalmente. Têm um lado mulherzinha, mas ao mesmo tempo também existe a questão de serem respeitadas no meio de homens e delegarem funções para eles. Essa é uma conquista feminina muito bacana.

OF – Como vai ser o figurino utilizado em cena?

GA – Bem normal. Para trabalhar, um jeans. Fora do trabalho dela, vamos usar roupa de mulherzinha mesmo. Muda só a roupa pela questão da praticidade que ela precisa ter na profissão. O que eu fiz questão de fazer foi marcar uma mudança física maior porque tem pouco tempo que eu saí do ar em Aquele Beijo.

OF – Como foi essa mudança?

GA – Eu dei uma secada boa, então fiz uma dieta de detox e me exercitei mais. Na última novela, eu tinha acabado de ter neném e fui para Colômbia com a família inteira gravar. Agora, quis vir diferente. A gente botou cabelo também, além de escurecer um pouco a pele para ficar mais dourada.

OF – Você teve contato com famílias de pessoas traficadas para o exterior?

GA – Sim, durante os workshops. Vieram mães e pais de traficados. Alguns de filhos que foram recuperados e hoje estão bem. Outros, de filhos que morreram. Eles deram depoimentos emocionantes e, ao mesmo tempo, chocantes nesse dia. É uma realidade que ninguém imagina que aconteça. Parece um mundo paralelo mesmo, mas não é. E Salve Jorge vem com uma mensagem social muito bacana que pode ajudar várias pessoas a não caírem nessas mentiras. Nesses contos de fadas de viajar e trabalhar fora antes de averiguar o que realmente acontece.

OF – A relação dela com o ex-marido Stênio, vivido pelo Alexandre Nero, é de grande embate. Existe alguma comicidade nesse contato entre os dois?

GA – Na verdade, o personagem do Alexandre Nero é um advogado criminalista e a Heloísa é uma delegada. Geralmente, todo mundo que ela prende ele vai lá e solta. É uma briga de muitos anos já. Tem um  coisa ali de gata e rato que a gente não sabe muito bem o que é e nem onde vai dar. Os dois estão sempre discutindo por causa da filha ou do trabalho. Mas não chega a ser uma comédia.

OF – Você ficou surpresa com o convite para interpretar uma delegada?

GA – Ah, não fiquei. Para ser bem sincera, eu adorei. Achei o máximo terem pensado em mim para esse papel porque é bem diferente de tudo que eu já fiz na televisão. Não sei exatamente de quem partiu a ideia, acredito que tenha vindo em conjunto da autora Glória Perez com o diretor Marcos Schechtman.

OF – Você fez comédia em Aquele Beijo e, agora, entra em um universo que pode trazer mais ação para suas cenas. Que gênero lhe atrai mais?

GA – Acho muito bacana fazer comédia, mas gosto de tudo. Agora mesmo estou no ar na reprise de Da Cor do Pecado e adorei fazer aquela vilã. Queria ser escalada de novo para um papel de má. Mas também adoro interpretar mocinhas românticas, mulheres fortes, guerreiras… A gente vai dançando conforme a música toca.

OF – Mas já chegou a pedir para alguém para fazer uma nova vilã?

GA – Não, nunca. Fica só no desejo pessoal mesmo. Mas acho que isso já é aberto, eu falei em entrevistas e todo mundo sabe que eu adoraria interpretar uma vilã de novo. Foi o máximo fazer a Bárbara de Da Cor do Pecado. Não preciso falar com ninguém mais, quando for a hora, vão lembrar de mim e vai acontecer. E estou feliz com o que tenho recebido. Meu ltimo trabalho mesmo foi muito gostoso, adorei fazer a novela do Miguel Falabella.

OF – A comédia, na sua opinião, aproximou você do público?

GA – Eu adoro fazer mulheres comuns porque acho que elas retratam muito a realidade. Já fiz personagens mais inacessíveis, como a própria Jade de O Clone, que vivia em outra cultura, vinha de um país distante. Mas curto papéis do dia a dia. Sem dúvida eles aproximam, sim, os atores do público. Até porque falar dos nossos defeitos cria uma identificação mais fácil. Mas acho até que essa delegada de Salve Jorge, mesmo sem a pegada de humor que a Cláudia tinha, pode conquistar isso.

OF – Quais são suas atuais expectativas para sua carreira?

GA – O que eu mais quero é crescer cada vez mais profissionalmente e produzir uma peça de teatro mais para frente. Na hora em que eu encontrar um texto bacana, pelo qual me apaixone, vou me jogar nisso. E desejo ser cada vez mais reconhecida pelo meu trabalho. Acho que é o que todo mundo gosta de vivenciar. A tevê me satisfaz bastante. Amo fazer novelas, de verdade. Para mim, é uma fonte inesgotável. Então, enquanto eu estiver recebendo boas oportunidades aqui, estarei feliz.

Alternativa de vida

Além de atuar em Salve Jorge, Giovanna Antonelli agora também divide seu tempo com uma linha de produtos que leva seu nome. A atriz há tempos sonhava lançar principalmente uma marca de esmaltes, já que se diz uma aficionada no assunto. E garante: ela mesma colocou a mão na massa e misturou cores diferentes para, assim, chegar às tonalidades que hoje são vendidas no país todo na linha Gio Emoções, da Speciallitá.

"A ideia já existia e, depois que as unhas da Cláudia, minha personagem em Aquele Beijo, fizeram muito sucesso, achei que era um sinal de que eu deveria mesmo colocar em prática. surgiu a oportunidade e estou muito feliz com o resultado", explica a atriz, que conseguiu levar para o figurino de sua personagem em Salve Jorge o tom Ímpeto, amarronzado.

Giovanna também se prepara para lançar, ainda em outubro, uma linha de joias com seu nome. E, mais uma vez, jura que não se trata apenas de assinar um trabalho realizado por uma marca. Ela diz que ajudou a criar o design de todas as 27 peças que serão vendidas inicialmente.

"Na verdade, estou com cinco frentes abertas. Duas são essas, as outras três ainda estão acontecendo. Estou curtindo esse lado empresária e, de repente, me envolvo até mais com isso no futuro", supõe.

Na paz

Apesar de interpretar uma delegada, Giovanna ainda não precisou gravar sequências de cenas de ação. E, como até agora nada nesse sentido foi escrito, não iniciou qualquer preparação específica para quando isso acontecer. Nem mesmo aulas de tiro, comuns para atores que interpretam policiais, fizeram parte de sua rotina de preparação para esse trabalho.

"Se chegar o momento em que for necessário, não tem problema. A gente ensaia bem, treina uns dias antes e, no final, dá tudo certo. Mas, até agora, não cheguei perto de qualquer arma", conta. 

Trajetória Televisiva

# "Clube da Criança" (Manchete, 1988) – Angeliquete.

# "Tropicaliente" (Globo, 1991) – Benvinda.

# "Tocaia Grande" (Manchete, 1995) – Ressu.

# "Xica da Silva" (Manchete, 1996) – Elvira.

# "Corpo Dourado" (Globo, 1998) – Judy.

# "Força de Um Desejo" (Globo, 1999) – Violeta.

# "Malhação" (Globo, 1999) – Isa.

# "Laços de Família" (Globo, 2000) – Capitu.

# "O Clone" (Globo, 2001) – Jade.

# "A Casa das Sete Mulheres" (Globo, 2003) – Anita Garibaldi.

# "Da Cor do Pecado" (Globo, 2004) – Bárbara.

# "Amazônia – De Galvez a Chico Mendes" (Globo, 2007) – Delzuíte.

# "Sete Pecados" (Globo, 2007) – Clarice.

# "Três Irmãs" (Globo, 2008) – Alma.

# "Viver a Vida" (Globo, 2009) – Dora.

# "Aquele Beijo" (Globo, 2011) – Claudia.

# "As Brasileiras" (Globo, 2012) – Gigi, "A Venenosa de Sampa".
# "Salve Jorge" (Globo, 2012) – Heloísa.
 


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