Guilhermina Guinle: “Odeio cigarro. Nem álcool eu bebo”

Por - 02/11/12 às 17:06

Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias

O gestual delicado e o jeito sofisticado logo denunciam que Guilhermina Guinle tem boa linhagem. Neta de Octávio Guinle, fundador do tradicional Hotel Copacabana Palace, no Rio, e membro de uma das famílias mais badaladas do país, a atriz se orgulha de se sustentar de seu trabalho e não viver como dondoca. Ou seja, é completamente diferente de Manuela, personagem que no remake Guerra dos Sexos, da Globo. Fútil, sem profissão, perua e esquizofrênica com um ciúme doentio do marido, a personagem escrita há 30 anos, para a primeira versão da história de Silvio de Abreu, parece inverossímil para os dias atuais.

Guilhermina Guinle se destaca com personagem desequilibrada e fútilMas recebeu algumas adaptações. Em vez de ser uma alcoólatra, o que seria inviável no horário das sete pela classificação indicativa, a personagem mistura pílulas para dormir, remédios para emagrecer e antidepressivos com muitas tragadas de cigarro a cada cena.

"Ela não faz nada da vida. A frase dela é 'cabeça vazia, oficina do Diabo'. Achei que faria uma Heleninha Roitman e achei o máximo quando soube que ela seria uma bêbada. Mas cortaram a história do álcool", diverte-se Guilhermina, citando a personagem de Renata Sorrah em Vale Tudo. 

Para compor a personagem desequilibrada e insegura, Silvio de Abreu conduziu Guilhermina sugerindo uma longa lista de filmes dos anos 50 e 60, como I Will Cry Tomorrow, de Daniel Mann. Além de inspiração em algumas atrizes, como Susan Hayward, protagonista de I Want To Live. Ou seja, produções densas que trariam a dramaticidade necessária à personagem.

"Foram filmes difíceis de encontrar no Brasil, mas achei legal fazer uma coisa diferente, menos naturalista", observa.

Além dos longas, a paulistana de 38 anos também ganhou de presente os 200 capítulos da primeira versão de Guerra dos Sexos, que ela assegura ter assistido com assiduidade.

"Na novela, todo mundo fumava o tempo inteiro! De uns 15 anos para cá, quase não lembro de personagens fumando!", destaca a atriz, que já se prepara pelo bombardeio politicamente correto que em breve deve começar a atingir sua personagem.

"Sou filha de fumantes, mas odeio cigarro. Nem álcool eu bebo. Mas, para a personagem, é importante mesmo que ela fume para mostrar o marido sentindo nojo dela, dizendo que o cheiro é horroroso", defende.

Em seu terceiro remake consecutivo – atuou em Ti-Ti-Ti e O Astro anteriormente -, Guilhermina faz um balanço de sua carreira de 16 anos na tevê, que começou no SBT com a novela Antônio Alves – O Taxista, onde conheceu seu primeiro marido e protagonista da produção, Fábio Jr. Em seguida, se frustrou ao ir para a extinta Manchete atuar em Brida. A trama, dirigida por Walter Avancini, terminou no meio com a falência da emissora.

"As camareiras, que ganhavam R$ 300 por mês na época, estavam há três meses sem receber. Pensava como aquelas pessoas conseguiam chegar no trabalho! Lembro do Avancini reunindo todo mundo nos galpões e falando para a gente continuar. Tentei tirar proveito de tudo", lembra.

A experiência rendeu frutos. Cinco anos depois, Guilhermina estreou na Globo, em Mulheres Apaixonadas, como secretária da personagem de Christiane Torloni. Daí não parou mais.

"O difícil não é fazer sucesso, mas se manter na ativa nesta profissão, trabalhando em todos os meios e experimentando personagens diversas", valoriza.

Contornos comedidos
A estética sempre foi uma preocupação recorrente de Guilhermina Guinle. Habituada a mudar de visual como quem troca de roupa, a atriz estreou na tevê com longos cabelos castanhos, mas foi tosando as madeixas até chegar a raspar as laterais, em Ti-Ti-Ti. Foi quando viveu a descolada dona de agência de modelos Luiza. Para a atriz, que já foi morena, loura e teve cortes diversos na tevê, o visual de cada personagem é definido por ela mesma junto com a equipe de figurino e caracterização das produções.

"Eu invento cores e cortes. No começo da minha carreira, o (Miguel) Falabella me falou: 'corta esse cabelo! Tá parecendo uma Maria Madalena!'. Cortei e isso mudou minha vida", lembra, aos risos.

O corpo esguio da atriz se mantém com sessões de pilates, RPG, ioga e caminhadas. Avessa a malhar em academias, Guilhermina também não se descuida de uma alimentação pouco calórica, com muita ingestão de saladas e carnes magras e grelhadas.

"Me cuido por causa da saúde. Amo tudo que é dieta. Por isso, não sofro", jura.

Instantâneas

# A personagem preferida de Guilhermina Guinle na tevê foi Maggie Sampaio, da minissérie "JK", na Globo. "Foi uma produção menos industrial. As cenas são feitas com muito mais calma em um trabalho assim", compara.

# A atriz, que durante parte da infância criança estudou em colégio americano, em São Paulo, fez faculdade de Teatro na Emerson College, em Boston, nos Estados Unidos. Lá estudou música, cinema, dança, literatura americana e psicologia.

# Guilhermina Guinle tem o mesmo nome de sua bisavó paterna, que foi homenageada com nome de rua em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

# Guilhermina morou dos cinco aos sete anos de idade em Buenos Aires, na Argentina, onde se alfabetizou.
# Guilhermina é a única mulher na família de quatro irmãos.

Guilhermina Guinle vai às compras
Guilhermina Guinle brinca andando em carrinho de aeroporto

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