Indignado, Gérard Depardieu renuncia a seu passaporte francês

Por - 16/12/12 às 12:36

Getty Images

Gérard Depardieu se disse indignado com as críticas de que tem sido alvo, em uma carta aberta publicada pelo jornal francês, o Le Journal du Dimanche, dirigida ao primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault

Depois da polêmica decisão de vender sua mansão em Paris, por 50 milhões de euros (R$ 138,7 mihões) e se transferir para a Bélgica para pagar menos impostos, o ator anunciou na carta que irá renunciar também ao seu passaporte francês e ao cartão da Sécurité Sociale, o serviço de saúde pública francês, que diz nunca ter utilizado.

“Já não temos a mesma pátria. Sou um verdadeiro europeu, um cidadão do mundo, como sempre me ensinou meu pai”, escreveu Depardieu a Ayrault.

O ator ficou particularmente furioso porque, durante uma entrevista para a televisão, na quarta-feira (12), o primeiro-ministro usou o termo “minable” (medíocre) para classificar a decisão de Depardieu de se mudar para a Bélgica.

“Quem é o senhor para me julgar assim?”, continuou Depardieu, lembrando que começou a trabalhar aos 14 anos e que pagou seus impostos em dia desde então.

Depardieu, que está com 64 anos e tem mais de 150 filmes em seu currículo, comprou uma casa na cidade de Néchin, no sul da Bélgica, quase na fronteira com a França, depois que o governo do Presidente François Hollande decretou uma taxa de 75% sobre os rendimentos superiores a € 1 milhão (R$ 2,74 bilhões), que ficará em vigor por dois anos.

Mas não foi só Gérard que "fugiu" da França, por essa razão. Tendo países vizinhos como a Inglaterra, a Suíça, a Alemanha, a menos de uma hora de avião de distância, vários milionários franceses saíram do país, de preferência para a vizinha Bélgica;

“Não peço que aprovem a minha decisão, mas poderiam pelo mesmo respeitá-la!”, escreveu Depardieu em sua carta. “Os outros que deixaram a França não foram insultados como eu estou sendo. Saio depois de ter pago 85% de impostos sobre os meus rendimentos este ano. Quem é o senhor para me julgar? Eu pergunto ao senhor, Monsieur Ayrault, primeiro-ministro de Monsieur Hollande, quem é o senhor? Nunca matei ninguém, paguei € 145 milhões em impostos nos últimos 45 anos, gerei trabalho para 80 pessoas. Não me queixo, nem me vanglorio, mas rejeito a palavra ‘medíocre'.”

Depardieu, que apoiou ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, diz que, apesar de continuar a amar os franceses, deixa o país porque “os senhores consideram que o êxito, a criação, o talento, e, na verdade, a diferença, têm que ser punidos.”

E por fim alfineta a imprensa francesa:

“Eu não ataco os que têm colesterol alto, hipertensão, diabetes, problemas com álcool, ou os que dormem quando andam de moto. Sou um deles, como os seus tão queridos meios de comunicação tanto gostam de repetir.”

A ministra da Cultura, Aurélie Filippetti, se disse “escandalizada” com a decisão do ator de renunciar ao passaporte.

“A nacionalidade francesa é uma honra, são direitos e deveres também, entre os quais o fato de poder pagar impostos”, disse ao Le Monde. 

O ministro das Relações com o Parlamento, Alain Vidalies, também se declarou chocado com a frase “já não temos a mesma pátria”:

“Penso que quando amamos a França, nós a amamos com Sarkozy, com Hollande, amamos a França, ponto final. Receio, ao ler esta declaração, que o que ele amava na França era a proteção fiscal.”

O socialista Harlem Désir também se pronunciou a respeito dizendo:

“Não escolhemos nosso passaporte em função da declaração de impostos."

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