Mafalda Minozzi lança álbum com gostinho da Itália, dos anos 50

Por - 17/10/12 às 17:02

Divulgação

Ela se auto-denomina como uma brasiliana. Mafalda Minnozzi começou sua carreira aos 20 anos em sua terra natal, Pavia, na região da Lombardia, na Itália, com uma voz que representa, de maneira clássica e, ao mesmo tempo, contemporânea, a música popular italiana.

Aos 45 anos, mas com rosto e jeito de menina, a cantora chegou ao sucesso aqui no Brasil a partir de 1996, quando aceitou o convite para se apresentar com uma temporada de shows no Paradiso Piano Bar, famosa casa de espetáculos da música italiana no Rio de Janeiro. De lá para cá, adotou o país como sua segunda casa.

Em conversa com O Fuxico, Minnozzi conta um pouco de sua mais recente criação, o álbum Spritz, que acaba de sair do forno diretamente para as lojas.

O Fuxico – O que Mafalda Minnozzi anda aprontando?

Mafalda Minnozzi – Estou numa correria maravilhosa. Acabo de colocar no mundo um filho chamado Spritz (risos). O álbum já tem uma aceitação grande e está abrindo ainda mais as portas para mim.

OF – Quando acontece o lançamento?

MM – Chegou às lojas Saraiva de todo Brasil nesta terça-feira (16). Está sendo muito falado, já levei no Jô Soares, Ronie Von, muitas rádios estão recebendo e marcando pauta. O Lançamento dele será nesta sexta-feira (19), na casa de espetáculos Miranda, Rio de Janeiro, com um belíssimo show. E em janeiro terei uma temporada no Teatro Folha, do shopping Higienópolis.

OF – O que as pessoas podem esperar de novidades neste trabalho?

MM – Eu fiz a exigência de colocar um estado de espírito leve e alegre. Os outros dois discos anteriores eram mais pesados, com dramas italianos e compositores da pesada. Agora este trabalho foi todo mergulhando nas lembranças de meus pais, parentes, avós, amigos de família.

OF – Por quê?

MM – Por saudade de uma época q não vivi, a dos anos 50. Apesar de ser uma época difícil na Itália, com guerra, bombardeio, o espírito do povo conseguiu erguer a cabeça e seguir. Uma época que o que me inspirou foram compositores que zelavam demais pelos relacionamentos humanos de amor, paixão. Naquele tempo, tudo tinha um respeito diferente, haviam olhares penetrantes, os casais ficavam de rosto colado, dedos entrelaçados, as mulheres usavam roupas lindas, tudo para um ambiente de sonhos. Gosto de evidenciar a elegância da época com arranjos atuais e modernos.

OF – Moderno mas romântico?

MM – Sim! Roma e Milão, grandes capitais européias que na época todos iam e queriam ser fotografados por paparazzi. Tinha tipos como Ava Gardner, Ingrid Bergman, Grace Kelly, todos estavam pela Itália, nesse período. Se relacionavam e eram amigos de grandes nomes do cinema. Eles ditaram normas de relacionamento e comportamento. Então, pegamos tudo isso e colocamos neste álbum, que não chamo de CD porque não gosto. É um trabalho, um disco lindo com canções que contam historias dos anos dourados, músicas que mudaram a história da canção italiana. Os arranjos apresentam leituras modernas, suingue do jazz no estilo dos anos 50 e 60, um retrô chique, relembram ambientes com muitos sucessos que cantei aqui no Brasil, como Vollare, Dio Come te Amo, La Dolce Vita. É um disco cinematográfico!

OF – Como escolheu o nome?

MM –  Spritz é um aperitivo. O nome é pelo barulho que faz quando a soda é colocada no vinho branco. Nos anos 50 ganhou uma coloração laranja por conta do bitter. É frisante, leve, delicado, igual ao meu álbum. Quando eu era criança, meu pai era bar man e toda vez que ele chegava em casa, eu pulava no colo dele e ele me chamava de Spritzina, por causa da minha alegria, meu despojamento. O coquetel virou moda, em festas e reuniões de amigos, recepções. Era muito chique tomar este drinque que agora retornou a Itália com força total.

OF – Foi difícil montar este trabalho?

MM – Gravamos tudo em um dia e meio. São músicos da pesada, temos um da Itália e outros todos do Brasil. Foi delicioso, porque fizemos como um show mesmo, gravamos as 16 músicas de uma só vez, tudo direto. A edição e finalização, claro, vieram depois. Quis fazer tudo como se estivesse nos anos 50.

OF – O show tem essa alegria toda também?

MM – Sim, muita energia e alegria. O bacana é o fato que o show representa exatamente o disco, tudo com espírito leve, alegre.

OF – Seu figurino para os shows seguem a linha dos anos 50 e 60?

MM – Sim, mas tudo com toque moderno. Na época, as mulheres se produziam, se perfumavam, se maquiavam, se vestiam. A mulher se conheceu e mudou, deu mais atenção à sua auto estima. Começaram a ler mais revistas, a ver a moda, os tipos de sapatos, como cuidar e manter os cabelos, começou a brotar o bom gosto.  Uso muito isso, com elegância da época em modelos que são atuais ao mesmo tempo.

OF – Muito diferente das mulheres de agora? Como você as vê hoje?

MM – Acho que o tempo fez com que a mulher se tornasse mais sacrificada, não no termo de dor, mas no de se cuidar. A mulher hoje não se cuida com uma maneira necessária, como deveria. Ela hoje tem as responsabilidades de cuidar da casa, levar filhos para escola, fazer seu trabalho, suas compras e tudo é muito longe, cada lugar que vai perde um tempo, tem todo um stress e ela acaba se desgastando e esquecendo até de se cuidar como prioridade.

OF – Você está casada com seu empresário ainda, o Marco Bisconti?

MM – Sim, estamos casados há 27  anos e me sinto muito feliz, principalmente quando ouço as pessoas falando bem dele, do trabalho que desenvolve. Quando o conheci, eu tinha 17 anos e ele 24. Depois de uma semana, já fomos morar juntos. Ele sempre foi muito maduro, afetuoso, carinhoso. Crescemos juntos, me formei ele também, comecei a trabalhar no banco, porque sou engenheira eletrônica, mas cantava sempre e ele tocava contrabaixo. Me aproximei da música por causa dele que sempre me apoiou e não é ciumento.

OF – Então ele é o causador do sucesso Mafalda Minnozzi?

MM – Ele me falou para sair do banco, mandou virar a mesa e começar a cantar. Fiz escola de teatro, canto napolitano.Com os shows, comecei a viajar demais, nos perdemos um pouco e paramos para deixar nossa vida a dois como era. Foi difícil, em 96 eu vim para o Brasil, depois ele veio e se tornou meu empresário. Daí tudo está maravilhoso, sempre juntos.

OF – E nunca mais querem deixar o Brasil?

MM – Não, pois é uma terra muito acolhedora. São Paulo é a maior cidade italiana do mundo, fora da Itália, com influências, são dois países irmãos. Fomos muito bem recebidos, criamos algo importante para raízes, para a cultura, tudo tem uma razão. A Itália continua sendo nosso coração, mas nos sentimos mezzo mezzo (risos). Milhões de brasileiros amam a Itália e têm seus passaportes italianos. Então,ninguém pode dizer que abandonamos nossa terra, pois lá é nosso coração, nosso lugar de nascença.

OF – Como será o show no Rio de Janeiro?

MM – Belíssimo. Estou voltando ao Rio de Janeiro que me deu muito e me descobriu em 1996. Aproveito O Fuxico para dizer que o Rio me propõe sempre que eu seja a Mafalda que cantava Rita Pavone com o sucesso Datemi un Martello (risos). Agora é preciso me aguentar, me encarar, pois agora sou uma mulher que depois de 16 anos volta ao Rio com algo surpreendente, gostoso de ouvir, contagiante!

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