Maneco: ‘Lília Cabral é tudo o que um autor pode querer para um personagem denso’
Por Redação - 10/08/06 às 12:25
Lília Cabral faz atualmente o melhor papel de sua carreira. Vivendo a fria Marta, em Páginas da Vida, a atriz, logo no primeiro dia de exibição da novela, já atraiu a ira do público. Isso ocorreu durante um acidente de trânsito, no qual ela atropelou um trombadinha do bairro carioca do Leblon.
Esta semana, Lília protagonizou na trama uma cena de tirar o chapéu: o encontro de Marta com a filha Nanda, morta. Apesar do cenário e do momento extremamente triste que a cena proporcionava, ela conseguiu manter a personalidade fria e racional da personagem, que em momento algum mostrou-se emocionada ou abalada – pelo menos na frente das pessoas. Só quando se viu sozinha diante da filha morta, na sala do hospital, é que Marta se permitiu derramar uma lágrima apenas.
Se o público e a crítica são só elogios à interpretação de Lília Cabral, com Manoel Carlos, autor de Páginas da Vida e criador da vilã da história, não é diferente. Segundo ele, Lilia pontuou sua carreira de forma distinta, ao contrário de muitos atores para os quais a fama se sobrepõe ao trabalho:
“Lília não se cristalizou num tipo, não faz carreira em cima da popularidade dos seus personagens, mas no valor do seu trabalho”, avalia Maneco, em entrevista a OFuxico.
O autor lembra ainda que o convite que fez a Lílian para viver Marta aconteceu há mais de um ano, quando foi vê-la atuar num espetáculo, no Rio.
“Somos velhos amigos e já fizemos juntos História de Amor, em que ela fazia uma raivosa e frustrada apaixonada por um médico (José Mayer), que não dava bola pra ela por ser apaixonado pela Regina Duarte. Ela era então a antagonista da Regina, tal como é agora. Quando eu a convidei, ela me pediu um papel que fosse de mulher má, uma peste, e eu disse ‘você nem sabe quanto!’ Mas Lília é uma atriz de múltiplo talento e pode fazer também a mulher doce e amada”, acrescentando que Lília é tudo que um autor pode querer para um personagem denso, com carga dramática ou mesmo trágica, como é o caso da Marta de Páginas da Vida.
“Por isso que as pessoas, quando falam comigo sobre a Marta, me dizem: ‘Tenho horror à Marta, mas que grande atriz é a Lília Cabral!’. E é isso que vale”, conclui o autor.
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