Maria Helena Chira: “Gosto de fazer papéis o oposto de mim”
Por Redação - 30/09/13 às 18:05
As feições doces e ingênuas de Maria Helena Chira em nada lembram o caráter fútil e ambicioso de Lara Keller, em Sangue Bom. A fala contida e os gestos delicados logo demarcam o distanciamento entre esta jovem paulista de 30 anos e sua personagem na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Não é à toa que a atriz se diverte na construção das sequências de sua primeira vilã.
"Gosto de fazer papéis que sejam totalmente o oposto de mim. Fazer uma vilã é ainda mais diferente. Tenho atitudes que jamais teria na vida real", ressalta ela, que acredita que a mudança de visual foi fundamental para incorporar a personagem.
"O cabelo ruivo dá um toque de 'mázinha' ao papel. O meu antigo visual louro dava uma ideia muito angelical", completa, durante sessão de fotos no Restaurante Pobre Juan, no Village Mall, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Na história, Lara Keller é a rival de Amora, interpretada por Sophie Charlotte, e compete pelos holofotes da fama com a ''it girl". Na disputa pela apresentação do fictício programa Luxury, a personagem arma diversos planos contra a protagonista e até aceita se casar com um homem mais velho para garantir sua estabilidade financeira e sucesso. Mesmo com todos os desvios de caráter de Lara, a atriz acredita que a jovem esteja longe de ser a grande vilã da trama.
"O papel tem uns toques de humor que quebram as maldades dela. Se a comparação fosse com uma mocinha de verdade, a situação seria outra. A Amora é a grande mau-caráter da história", defende.
Dando vida a um texto carregado de metalinguagem sobre o mundo da fama, Maria Helena preferiu pegar referências e inspirações de fora para evitar comparações com apresentadores e artistas brasileiros. Durante o período de preparação para o folhetim, assistiu a programas de talkshow de sucesso internacional, como Entertainment Tonight e da apresentadora americana Oprah Winfrey.
"A partir dessas produções, prestei atenção na forma de falar e se posicionar dos apresentadores. Até quando fazem entrevista comigo, fico observando o jeito dos jornalistas", brinca ela, que, inicialmente, teve receio de falar sobre o universo das celebridades, fio condutor da novela.
"Fiquei com medo de como seria o tom. Mas, por ser uma trama das sete, ficou em um lugar de sátira", completa.
Formada em Artes Cênicas pela USP, a atriz passou boa parte da carreira pautada pelo teatro. Por vários anos, deu aulas para diversos grupos teatrais, como o Expressão e Estalo. No entanto, a intensa carga horária da faculdade não permitia que Maria Helena buscasse a tevê com mais afinco. Após estrear na minissérie Som & Fúria, teve maior abertura na televisão, até participar de sua primeira novela, Ti-Ti-Ti, também de Maria Adelaide Amaral com colaboração de Vincent Villari.
"Tudo na minha vida foi uma escolha empírica. Nunca busquei apenas tevê. Todo ator tem interesse em trabalhar nas diversas áreas", explica.
Mesmo com a estreia tardia nas câmaras aos 26 anos, ela não teve grandes dificuldades para se ajustar ao ritmo mais intenso da televisão.
"Eu acho motivador porque você conhece o personagem ao longo dos capítulos. Tenho a oportunidade de crescer junto com ele", ressalta.
A função de atriz não é a única vertente que satisfaz Maria Helena. Logo no início da carreira, ao perceber as dificuldades do meio artístico, ela decidiu investir em produção teatral para ganhar mais liberdade nas escolhas profissionais.
"Na tevê, você é convidado e o personagem já está pronto. No teatro, eu escolho o que quero fazer. Se você não faz, fica esperando", argumenta ela, que, após o fim da novela, pretende ficar em cartaz com a peça Ensaio, no Rio de Janeiro.
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