Mariana Lima assume casamento aberto e relacionamento com mulheres

Por - 04/10/21 às 07:05

Mariana Lima abraçada ao marido, Enrique DiazFoto: Reprodução/ Instagram @mariana.lima

Casados oficialmente desde 2019, após 25 anos de relacionamento, Mariana Lima, de 49 anos, e Enrique Diaz, de 54, vivem um casamento aberto. A atriz abriu o jogo sobre o relacionamento e a sexualidade em entrevista ao jornal O Globo e falou de seu casamento moderno com o ator. Além de viverem em casas separadas, os artistas podem se relacionar com outras pessoas. 

“A gente está junto desde que eu tinha 24 anos. É um amor profundo, tesão profissional e sexual. Já viajei várias vezes a trabalho, já me apaixonei por outras pessoas. Sempre tive certeza de que nada substituía o que eu tinha com ele”, disse.

Apesar de terem liberdade para se relacionarem com outras pessoas, o combinado é não dividir as experiências: ” Nunca a gente conseguiu ter uma relação aberta no sentido de ‘olha eu fui ali, transei, foi ótimo’. Com a gente nunca funcionou. É privado demais para o outro saber e interferir. E abre um machucado que não cura. A gente combinou de não saber. Porque, quando a gente soube, foi uma merda. Tem casal que prefere contar. Eu e o Kike não temos esse desenvolvimento”, contou.

Já a decisão de viverem em casas separadas foi tomada há dois anos. Para Marina, a medida foi crucial para que ambos continuassem juntos e com mais espaço.

“Vivemos de tudo e há dois anos passamos a morar em duas casas. Uma tentativa de continuar junto. E ter mais espaço. Eu preciso ficar sozinha também um pouco, sem ele e sem as meninas”, disse ela, mãe de duas meninas.

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BISSEXUALIDADE E LIBERDADE

Escalada para viver a ex-modelo Ilana na próxima novela das nove da Globo, “Um Lugar ao Sol”, prevista para estrear em novembro. Na trama, a mulher de 40 e tantos anos engravida do marido, com seus óvulos descongelados. Hétero, Ilana se apaixona pela médica obstetra. Na vida real, Mariana Lima já envolveu com pessoas do mesmo sexo.

“Mas é claro que já transei com mulheres. Imagina se eu ia perder essa oportunidade maravilhosa na vida?, brincou. “Eu fui profundamente apaixonada por uma mulher, tive relações com mulheres quando era adolescente e na vida adulta. Nunca falei por ser algo muito privado, não queria que fosse distorcido ou rotulado”, disse.

Mariana destacou, contudo, que nem sempre houve sexo: “A primeira paixão que tive, de querer morrer, foi com uma menina, amiga até hoje. Só não me mutilei porque não tenho tendência. Jamais contei isso pra ninguém. Nós ficávamos muito abraçadas, escondidas. Escrevíamos poesia no corpo uma da outra. Tinha uma loucurinha de trocar o sangue. Antes da Aids, claro”, contou.

Ela enfatizou que o sexo com mulheres é um pouco diferente: “Não sabemos muito bem o que fazer com o corpo de mulher. Com o de homem é fácil. Aprendemos com pais, com pornografia. Nossa sexualidade é construída para a gente ser comida, ter prazer só com um pau. E aí entra a possibilidade de ter prazer com uma mulher com pau artificial, um consolo. Ai, que horrível. Bota aí que eu cometi um ato falho”, descontraiu.

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Na ficção, terá beijo entre as personagens, mas sexo, não: “Se tivesse ménage seria maravilhoso. Vai ter beijo. Gravamos um mais quente e um mais frio, torcendo para entrar o mais quente. Hoje não há espaço para uma cena de sexo entre duas mulheres numa novela. A gente seria massacrada. Alguns casais de mulheres foram profundamente rechaçados na TV. Sobretudo a Fernanda (Montenegro) e a Nathalia Timberg (em “Babilônia”, 2015). Ninguém gostava do casal, ninguém queria o casal. Lembro que nas pesquisas ninguém queria ver as duas se beijando”

A mulher de Enrique Diaz ainda comentou sobre as mulheres atualmente na faixa dos 50 anos, que têm trocado seus maridos por outras mulheres.

“Tenho várias amigas assim. Uma me inspirou na construção de minha personagem. Bem careta com uma família careta. Duas filhas, inteligente, professora, 45 anos, hétero. Se apaixonou por uma mulher, casou com ela. E aí tem toda uma transição familiar. As filhas precisam aceitar essa mudança radical. Ela nunca tinha sentido nada em relação ao próprio sexo. E aí vem e diz: ‘Estou apaixonada, quero viver com ela, ter uma casa com ela’. Não é nem sexo. É mais a permissão para viver um outro afeto”. disse.

DROGAS E AFINS

A artista, que acabou de lançar o livro “Cérebro_Coração”, adaptação de uma peça de teatro em que fala de seus fantasmas pessoais e familiares, revelou ainda na entrevista que experimentou quase todas as drogas e hoje tenta se livrar de um remédio para dormir.

“Experimentei tudo que é droga, de peiote no México a cogumelo, ácido, cocaína. Só não me piquei, essa foi minha fronteira. Experimentei quase como se meu corpo fosse um laboratório. Queria saber o que aquilo provocava em mim. Sou virginiana com lua em Peixes, que me dá uma emoção louca na vida, e tenho Plutão na casa 12. Toda vez que fiz mapa astral me disseram: ‘você tem um diálogo intenso com a morte e com as drogas. Você vai ser sempre convidada a fazer uma experiência de alteração de consciência’. Mas sempre tive medo de dependência. Tenho amigos e familiares dependentes de álcool e de cocaína. Como comecei muito nova, abusei do meu limite. Mas consegui nunca me viciar em nada”, contou.

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A atriz destacou sua relação com a maconha e relembrou sua experiência com o Dr. Dráuzio Varela: “Acho que a maconha deveria ser descriminalizada, usada para fins médicos. É mais possível controlar o uso da maconha do que o do álcool. O Dráuzio Varella trabalhava no Carandiru, fiquei seis meses dando aula de teatro para os presos na época em que eu estava construindo meu papel na peça ‘Apocalipse’”.

“Era evidente ali que havia uma superpopulação pobre e negra estigmatizada pela posse de alguma coisa que não daria problema a mim, branca. Já tinha sido pega fumando maconha aos 17, 18, nunca tinha sido presa. E eu lembro do Dráuzio falando: quem nos dera substituir o vício do álcool e do crack por maconha nas prisões. Esse Carandiru lotado não estaria prestes a explodir. A maconha acalma”.

Apear do estilo “livre”, a atriz destacou que conversa com as filhas sobre limites: “Falo para elas: ‘uma coisa é maconha para sua mãe, que tem 49 anos. Outra é para vocês’. O cérebro de uma adolescente não reage do mesmo jeito. Quando eu fumo maconha, já trabalhei, estudei, nadei. Não dá pra achar que você acorda na segunda, faz uma aula de matemática, fuma maconha e continua o dia normalmente”.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino