Marjorie Estiano diz que conflito de personagens com as mães é seu carma

Por - 10/09/12 às 08:25

Luiza Dantas/Carta Z Notícias

Interpretar mocinhas de novela tem sido frequente na carreira de Marjorie Estiano. Há relativamente pouco tempo, ela esteve no ar como a Manuela de A Vida da Gente, que terminou em março deste ano. E agora volta ao horário das seis como protagonista de Lado a Lado, na pele de Laura.

"Eu já tinha recebido o convite do Dennis [Carvalho] enquanto estava em A Vida da Gente", conta ela, que também deu vida à personagem principal de Duas Caras, a Maria Paula.

O fato de encarnar tantos papéis com funções semelhantes dentro de uma trama, no entanto, não a incomoda. O que Marjorie avalia antes de aceitar um trabalho são os dilemas da personagem, muito mais do que se estará interpretando um perfil completamente diferente dos anteriores.

"O que tem de ser instigante é a qualidade do conflito, independentemente de ser coadjuvante, protagonista", estabelece.

Esta é a primeira vez que Marjorie faz uma novela de época. E a atriz tem se aproveitado da atmosfera do início do Século XX, período em que se passa a trama, para se inserir melhor na realidade da personagem.

"O figurino, o cenário, isso tudo compõe muito esse universo", analisa.

A inspiração também veio de filmes, livros, música e literatura. Mas a principal referência para compor Laura foi Nísia Floresta, educadora, escritora e poetisa considerada pioneira do feminismo no Brasil.

"É uma personalidade que é uma fonte de pesquisa para a gente", salienta.

A relação não é à toa. Afinal, na história, Laura é uma mulher à frente de seu tempo, que sonha em conquistar sua independência e trabalhar. Por isso, está sempre em um embate com a mãe, Constância, vilã de Patrícia Pillar. A matriarca quer que a filha faça um bom casamento e aja de acordo com as convenções da sociedade, ainda contaminada pelo pensamento arcaico e preconceituoso do período recente da escravidão. Muitos papéis da carreira de Marjorie, aliás, tiveram conflitos com a mãe.

"Acho que esse é um carma que tenho de trabalhar. Em Páginas da Vida, minha personagem tinha problemas com a mãe, em A Vida da Gente também", recorda, rindo.

Assim como em muitas das produções anteriores em que atuou, dessa vez a atriz conta com a preparação de Helena Varvaki. Com ela, Marjorie pôde estabelecer um entendimento melhor de sua profissão.

"A Helena é pesquisadora do trabalho do ator e, para mim, foi um encontro maravilhoso", derrama-se ela, que mudou a cor dos cabelos para interpretar Laura.

Os fios, que estavam pretos, foram clareados. O comprimento continuou o mesmo.

 "Eu já estava com o cabelo comprido", assegura.

Além do intenso processo de pesquisa, Marjorie ainda precisa de um bom tempo para se arrumar antes de gravar uma cena.

"Com figurino, maquiagem e cabelo, tenho de chegar uma hora e meia, duas horas antes", revela.

Dona de uma autocrítica aguçada e mesmo com muitos trabalhos no currículo, Marjorie costuma não se assistir. Principalmente porque sabe que acaba se prendendo mais ao que não gostou de ver.

"Sou muito perfeccionista e assistir me faz ficar paranóica", confessa ela, que prefere não eleger a personagem mais marcante que viveu.

Para a atriz, todas tiveram sua importância em determinado momento.

"Quando eu tiver umas 30 personagens, aí vou poder escolher. Por enquanto, ainda são todas muito marcantes", frisa.

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