Maurício Mattar sonha ter programa na grade da Record

Por - 25/05/13 às 10:15

Luiza Dantas / Carta Z Notícias.

Maurício Mattar se acostumou a estabelecer prioridades ao longo de seus 35 anos de carreira. Por isso mesmo, não se surpreende que tenha ficado seis anos longe das novelas até voltar ao ar na pele do ricaço Júlio Pantaleão, de Dona Xepa.

Depois de estrear no teatro ainda adolescente e construir uma trajetória digna de galã na Globo, Mattar arriscou o posto em troca do sonho de ser cantor. E hoje, aos 49 anos, não esconde que tem outros planos para seu futuro na televisão.

"Quero alçar voos maiores. Já tenho conversas com a Record para a produção de um especial de fim de ano e, quem sabe, conquistar uma vaga na grade da emissora em breve. Tenho vontade de misturar música e entretenimento em um programa", avisa. 

Por enquanto, Maurício quer se dedicar exclusivamente à novela. Na adaptação de Gustavo Reiz, Júlio é um empresário de sucesso que, no decorrer dos capítulos, enfrentará um grave problema de saúde. A partir daí, promoverá uma mudança em sua rotina e também na da esposa, a deslumbrada Meg, vivida por Luiza Thomé.

"Estou muito empolgado com esse trabalho. Além de ser uma volta ao ar, trata-se de um clássico na dramaturgia nacional", avalia ele, cujo último personagem na tevê foi um delegado na série Na Forma da Lei, da Globo, em 2010. 

Da tela para as rádios
A carreira de Maurício Mattar começou no teatro, em 1978, quando tinha apenas 14 anos. A estreia na tevê aconteceu em 1985, em Roque Santeiro, quando interpretou o irmão caçula do personagem-título, João Ligeiro. O ator seguiu com sucesso ao longo da década de 1980 e início dos anos 90, mas já em 1991 começou a apostar suas fichas também na música. E se deu bem quando, em 1993, emplacou a canção Encontro das Águas como tema do casal Ruth e Marcos, vividos por Gloria Pires e Guilherme Fontes, protagonistas do remake de Mulheres de Areia, na Globo. 

"A partir dali, comecei a ter muitas músicas em novelas. Conquistei um espaço que, naquela época, nem todo mundo conquistava em pouco tempo", lembra. 

Maurício garante que fez o que pôde para tentar conciliar as atividades de cantor e ator. Mas entende que, em determinados períodos, foi necessário priorizar uma das duas funções. Hoje, sem qualquer arrependimento das escolhas do passado, o ator se orgulha por poder acompanhar, pela tevê, três fases distintas da carreira nos folhetins. Na Globo, ele está no ar na reprise de O Profeta, gravada em 2006. No canal fechado Viva, faz parte do elenco de Rainha da Sucata, exibida pela primeira vez em 1990. E na Record, assiste às cenas do trabalho atual, em Dona Xepa.

"Vejo que trilhei um caminho com uma base sólida de tudo que é necessário para uma carreira de sucesso. Claro que eu faria coisas diferentes, mas não sou tão autocrítico a ponto de me martirizar. Fico feliz por me manter firme diante de todos os percalços da profissão de ator", avalia.  

Futuro certo
Maurício Mattar já se prepara. Quando Dona Xepa acabar, quer voltar com força total à carreira de cantor. Tanto que já tem um álbum gravado, pronto para ser lançado. Mas, como não tem certeza se a novela da Record ficará no ar apenas por 96 capítulos, como a emissora planeja, prefere não agendar qualquer data para esse lançamento.

"Por ser uma obra aberta e pela qualidade que tenho visto, não vou me surpreender se decidirem esticar. E não quero estar comprometido com uma novela quando for trabalhar esse CD", avalia.

O disco conta com 18 msicas, sendo três delas inéditas e as outras, sucessos da carreira iniciada em 1991. 

O Fuxico: Você já deixou claro que tem interesse em uma carreira de apresentador na Record. Que programa pensa em fazer?

Maurício Mattar: Ainda estamos formatando a ideia. Mas, inicialmente, seria um especial nos mesmos moldes do que eu tive em 1999, quando fiz minha primeira novela na Record, Louca Paixão. Naquela época, convidei a Elba Ramalho, Dominguinhos, Paulinho Moska, Toquinho, Belo… Foi um programa com participações musicais que considero brilhantes. Eu queria algo nesse gênero, mas ainda não sentamos para definir o que exatamente seria. Precisamos amadurecer isso. 

OF: Agora, com a novela, você combinou algum esquema diferente com a Record para dar continuidade à carreira de cantor? 

MM: Cantar e compor são prazeres que eu tenho como artista. Mas consigo estabelecer uma relação muito saudável entre a música e a interpretação. As duas atividades andam juntas, mas uma sempre respeita a outra. Então, enquanto estou em Dona Xepa, gravo normalmente de segunda a sábado. Para fazer shows, é preciso se ausentar. E, agora, com a novela no ar, não tenho condições de viajar e prejudicar a equipe. Até posso fazer uma ou outra apresentação, mas fechadas, em eventos corporativos. 

OF: Você não fazia uma novela desde 2007, quando finalizou O Profeta. Sentia falta de atuar em um folhetim?

MM: Eu estava com muita saudade de atuar. Quando a Record me procurou, fiquei bem contente com a possibilidade de voltar. Dona Xepa é um marco da dramaturgia nacional, tanto na tevê quanto no teatro. E já trabalhei com Ivan (Zettel, diretor-geral), é bom reencontrá-lo depois de anos. Fizemos juntos A Padroeira, na Globo, em uma época em que o Walter Avancini ainda estava vivo. Ele morreu durante esse trabalho. Voltar a ter esse contato com o Ivan está sendo proveitoso demais para mim.

OF: Mas você mal voltou a fazer novelas e já pensa em emplacar uma carreira de apresentador. Hoje, essa vontade é maior do que a de ser ator?

MM: Atuar é uma realidade que vai estar em mim ao longo de toda a minha vida. Faço isso há mais de 30 anos, comecei em 1978 e é um talento que está muito forte dentro de mim. Mas também quero encontrar outros desafios como artista. O Rodrigo Faro exerce a função de ator no programa dele e faz um sucesso estrondoso. Minha vontade agora é alçar voos maiores. De que forma, na verdade, eu ainda nem sei. Mas quero me inspirar em algo mais para transitar em outras áreas artísticas.

OF: Recentemente, você chegou a ser convidado para fazer Fina Estampa e, em seguida, desconvidado. Isso gerou algum desconforto para você dentro da Globo?

MM: – De jeito algum. O último trabalho que eu ia fazer na Globo não foi possível porque eu sofri um acidente, que foi em Aquele Beijo. Antes, eu faria O Astro. Mas um diretor pediu que me liberassem para fazer Fina Estampa. Fui liberado e, depois, não me usaram. Mas tranquilo, o Miguel escreveu para mim um papel em Aquele Beijo e eu estava muito feliz com isso. Só que, por questões de saúde mesmo, não pude fazer. Nessa profissão, a gente precisa se preparar e ficar consciente de que quem escolhe você é diretor e autor. Eu tinha sido escolhido para Fina Estampa, sim. Mas, de repente, não queriam mais. Isso acontece e é um direito da equipe. O Kadu Moliterno também ia fazer essa novela. Mas o Wolf Maya (diretor-geral e de núcleo de Fina Estampa) acabou ficando com o papel dele. No fundo, as coisas seguem um caminho que é melhor para você. Agora estou feliz, na Record, com possibilidade de, de repente, conquistar um espaço bacana. Não tenho motivos para me queixar.

OF: Quando você assinou com a Record para fazer Dona Xepa, sinalizou de cara que sua intenção era migrar para a área de entretenimento? 

MM: Quando eu cheguei na Record, foi com esse intuito. Era para me reunir sobre isso. É um desejo meu, já conversei com a casa e eles se mostraram interessados em amadurecer essa ideia. Acho que qualquer emissora tem espaço para uma ideia legal de programa. Eu até tenho um projeto na cabeça, mas isso tudo vai ser mudado. São diversas cabeças pensando juntas e isso sempre faz com que muitas mudanças sejam feitas em cima da ideia original.

OF: Você citou o Rodrigo Faro. Mas, para se dedicar à carreira de apresentador, ele deixou de lado tanto a de ator exceto por pequenas participações em folhetins da Record – quanto a de cantor. Esse é um sacrifício que você estaria disposto a fazer para se dedicar a um programa?

MM: A gente não pode só sonhar, desejar uma coisa. É preciso também ter uma noção concreta daquilo que deseja. Claro que, se eu puder, vou querer ter um espaço onde possa misturar as áreas que eu domino. O Rodrigo, na verdade, ainda como ator, já tinha deixado a carreira de cantor um pouco de lado. Quando ele foi para o programa dele, é claro que a atuação teve de diminuir. Mas ele atua ali também. O Rodrigo conquistou um espaço onde consegue mostrar mil talentos. Outro dia, ele esteve em um evento importante da Record e se apresentou como cantor. Sacrifícios a gente faz o tempo todo. Agora, estou sacrificando a música para atuar. Depois, para me concentrar na música, devo ter de sacrificar a parte da atuação. Tudo tem de acontecer no tempo e na forma certa para não meter os pés pelas mãos.

OF: Quando você se lançou como cantor, também foi, gradativamente, diminuindo suas aparições como ator na tevê. Hoje, se arrepende de ter feito isso?

MM: Na época, o impacto de shows e de agenda em programas de tevê foi muito forte. Tive de me dedicar para valer ou não conseguiria cumprir todos os compromissos. Acabei ficando um pouco menos atuante como ator, é verdade, mas eu tinha de fazer isso. Não dava para ser diferente. Havia uma equipe de 26 profissionais comigo, sendo 11 músicos no palco. Fora a equipe técnica, produção, empresário, enfim, eram seres humanos trabalhando e precisando daquilo tanto quanto eu. Foi uma época de trabalho forte, com muitas músicas que eram temas de trilhas de novelas e que tinham apelo nas rádios. Eu fazia shows de quarta a domingo, viajava na quarta e só voltava para casa na segunda.

OF: Hoje, em função da música, é mais difícil estabelecer um vínculo longo como ator em uma emissora? 

MM: Não rolou essa conversa na Record. Não acho que poderia me prejudicar, até porque imagino que daria para eu conciliar com outras coisas na minha carreira. Quando você termina uma novela, por exemplo, normalmente tem um período de descanso bom. Mas não me incomoda não ter um contrato. Como atuo em diversas áreas, posso me beneficiar de ambas as situações. 

OF: Você se prepara para, em 2014, fazer 50 anos. Como lida com a passagem de tempo?

MM: Lido bem, de verdade. Eu sei que tem um monte de gente que dá uma pirada, mas quanto mais maduro, melhor me sinto. A experiência e a precisão na interpretação só melhora com o passar do tempo. O homem tem a vantagem de ficar charmoso com cabelos grisalhos. E o assédio continua o mesmo. E não só das mulheres, mas do público em geral. Acho que para os homens é mais fácil não só conviver com essa passagem, mas também aprender a tirar proveito dela.

Trajetória Televisiva

# Roque Santeiro (Globo, 1985) – João Ligeiro.

# Cambalacho (Globo, 1986) – Porthos.

# Bambolê (Globo, 1987) – Murilo.

# O Salvador da Pátria (Globo, 1989) – Sérgio.

# Rainha da Sucata (Globo, 1990) – Rafael.

# Lua Cheia de Amor (Globo, 1990) – Augusto.

# Pedra sobre Pedra (Globo, 1992) – Leonardo.

# O Mapa da Mina (Globo, 1993) – Bakur Shariff.

# A Viagem (Globo, 1994) – Téo.

# O Fim do Mundo (Globo, 1996) – Rosalvo.

# Mulher (Globo, 1998) – Carlos.

# Louca Paixão (Record, 1999) – André.

# Especial Maurício Mattar, Amigos e Sucessos (Record, 1999) Apresentador.

# Porto dos Milagres (Globo, 2001) – Frederico.

# A Padroeira (Globo, 2001) – Dom Fernão de Avelar.

# Agora É Que São Elas (Globo, 2003) – Pedro.

# A Lua me Disse (Globo, 2005) – Lcio.

# O Profeta (Globo, 2006) – Henrique.

# Malhação (Globo, 2009) – Guilherme.

# Na Forma da Lei (Globo, 2010) – Delegado Pontes.

# Dona Xepa (Record, 2013) – Júlio César Pantaleão.

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