MC Poze lança música com recado à polícia e bomba no engajamento
Por Flavia Cirino - 06/06/2025 - 11:31

Logo após sair do presídio de Bangu 3, no Rio de Janeiro, MC Poze do Rodo mergulhou no trabalho. E assim ele lançou, na noite da última quarta-feira, 4 de junho, a música “Desabafo 2”, acompanhada de um clipe com cenas reais de sua prisão e da libertação.
Entenda as regras que Poze do Rodo terá que cumprir
O lançamento marca seu retorno à cena musical em meio às acusações que enfrenta por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas.
No vídeo – que já contabiliza quase 2,5 milhões de views – o cantor aparece saindo da penitenciária, onde passou cinco dias detido, sendo recepcionado por uma multidão e pela esposa, a influenciadora Viviane Noronha. As imagens iniciais mostram a abordagem policial ocorrida no dia 29 de maio. Um texto exibido no clipe levanta um debate sobre preconceito racial e social:
“A cor da pele e o local de origem ainda definem como a polícia enxerga quem só quer viver do próprio talento”, diz a frase que abre a produção.
Letra expõe denúncias
A letra da nova faixa mistura denúncia e superação. “Na sexta-feira a polícia veio na minha porta me interrogar / Querendo saber quantos quilo de ouro que eu tenho, mano vai lá / Nada na vida é de graça, eu conquistei foi na raça”, canta Poze.
Aparecem imagens da polícia tentando conter a multidão de fãs que se aglomerou nos arredores do presídio e o desabafo de Poze do Rodo em entrevistas no dia que foi solto.
“O que faz eles tremer é o brilho do meu olhar… Saiu na mídia mais uma notícia, avisa lá que não vão me parar, estão de olho grande nos meu ouro, mas eu sou o verdadeiro tesouro, avisa nessa porra que o dono sou eu”, diz ele em outra parte.
Em mais um trecho, ele reafirma: “Nada vai me parar”. O funkeiro foi solto após concessão de habeas corpus, com cumprimento de medidas cautelares.
Defesa de Poze aponta perseguição cultural
O nome verdadeiro de Poze é Marlon Brendon Coelho Couto. Ele acabou detido na casa onde vive com a esposa e os três filhos, localizada no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. A operação teve condução de agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Eles investigam a ligação do cantor com o tráfico de drogas e com a facção criminosa Comando Vermelho.
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De acordo com a Polícia Civil, os shows eram ferramenta da facção para lavagem de dinheiro e incremento na venda de drogas. Em nota, a instituição declarou:
“As letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas.”
A Polícia também investiga a estrutura de financiamento por trás dos eventos, com o objetivo de identificar outros envolvidos.
A defesa de MC Poze, conduzida pelo advogado Fernando Henrique Cardoso, rebateu as acusações com veemência. De acordo com ele, há uma perseguição a determinados estilos musicais, como o funk e o trap.
“Essa narrativa de pesquisar determinado gênero musical, cena artística… primeiro o samba foi criminalizado. Isso não é novo”, afirmou, primeiramente.
Em seguida, afirmou: “As supostas falas da polícia fazem parte de uma narrativa que criminaliza e exclui as manifestações artísticas”. Ele se referiu ao conteúdo das músicas de Poze e outros artistas defendidos por ele, como Cabelinho e Oruam.
O caso segue sob investigação. Enquanto isso, MC Poze usa sua música para responder e manter sua voz ativa diante da polêmica.

É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino