Mulher do polêmico depoimento de Páginas da Vida processa a Globo

A novela Páginas da Vida estreou na grande de programação da Globo no dia 10 de julho. Já no dia 15, o depoimento que a trama exibiu no final do capítulo chocou o telespectador e gerou muita polêmica. Nele, uma senhora de 68 anos disse que só sentiu prazer sexual aos 45 anos, quando ouvia uma música de Roberto Carlos. E mais: que não precisava de homem para se satisfazer. Os termos usados, principalmente, chocaram todo o Brasil. Posteriormente, o autor Manoel Carlos disse que pediria mais critério à produção na seleção dos depoimentos, admitindo o excesso.

Passado mais de um mês, o assunto ainda promete muito pano pra manga. A autora do depoimento, Nelly da Conceição, vai entrar com uma ação na Justiça por danos morais contra a Globo, o autor Manoel Carlos e o diretor Jayme Monjardim. Foi o que ela contou, na tarde desta segunda-feira, dia 28, no programa A Tarde É Sua, de Sônia Abrão, na RedeTV!

Segundo Nelly, a produção da novela agiu de má fé  ao isolar a parte mais polêmica de seu depoimento de uma linha de raciocínio de quase uma hora de conversa.

O resultado, segundo disse no programa, foi a perda de seu emprego de babá, na casa onde trabalhava há 8 anos. Em virtude disso, ela está passando por dificuldades financeiras e ainda por danos morais perante a família e amigos.

“Eu tinha uma vida muito tranqüila, nunca dependi de ninguém, agora perdi o emprego por causa disso e minhas contas estão todas atrasadas, nunca passei por isso. Eu dei um depoimento de uma hora e eles exibiram essa parte, eu não sabia que iria dar essa confusão”, afirmou.

Dona Nelly afirmou estar entrando com ações indenizatórias, através do advogado Marcos Neves, e que espera que, tanto a Globo, quanto o autor Manoel Carlos e o diretor geral de Páginas da Vida, Jayme Monjardim, sejam responsabilizados e que se retratem. A babá acredita que as palavras que usou para o depoimento é que chocaram, não o teor dele. 

“Aconteceu tudo isso, porque falei todas essas coisas da minha vida no popular, se fosse numa linguagem mais difícil, ninguém falaria nada. Se eu aparecesse como traficante ou roubando, tudo bem, mas eu falei sobre a minha vida. O Manoel Carlos viu esse vídeo, ele poderia ter cortado isso, ele sabe mais do que eu sobre essas coisas”, ressalta.

Fora da Internet

Moradora de São João do Meriti, no Rio de Janeiro, Dona Nelly pediu no programa de Sonia Abrão para que alguém a ajude com um emprego. Por enquanto, desempregada, a senhora luta também na Justiça para que o conteúdo do depoimento seja retirado também dos sites de comunidades da Internet, cujo teor denigre muito a sua imagem.
    

Depoimento de Dona Nelly à novela 

“Esse negócio das pessoas dizerem que têm que gozar junto, que é isso que faz nenen, é tudo mentira, porque fiquei sem gozar dos meus 14 aos 45 anos… Pra mim era tudo normal… o homem terminava e eu também… Daí, eu colecionava discos do Roberto Carlos e, aos 45 anos, ganhei um LP dele. Botei na vitrola a música ‘Côncavo e Convexo’ e fui dormir. E quando acordei, estava com a perna suspensa, a calcinha na mão e toda babada. Comentei com as amigas…, elas disseram: ‘você gozou!’. Aí que vim saber o que era gozo. Moral da história: sou uma mulher de 68 aos, que homem pra mim não faz falta, eu mesma dou meu jeito.”