Na Hungria, papa Francisco fala em fraternidade e alerta contra antissemitismo

Por - 12/09/21 às 09:38

Na Hungria, papa Francisco fala em fraternidade e condena antissemitismoFoto: Reprodução Youtube Vatican News

O papa Francisco chegou à Hungria na manhã de domingo, 12 de julho, para uma rápida visita e em sua primeira fala para os fiéis falou sobre diferenças com o primeiro-ministro nacionalista e anti-imigrante, Viktor Orban. O religioso presidiu a missa de encerramento de um congresso religioso internacional.

Ele pediu vigilância contra o aumento do antissemitismo e definiu essa postura como um risco para a paz mundial. “Este é um estopim que não deve queimar. E a melhor maneira de desarmá-lo é trabalharmos juntos, positivamente, e promovermos a fraternidade”, disse ele.

“Pedro se escandaliza com as palavras do Mestre e tenta dissuadi-Lo de prosseguir o seu caminho. A cruz nunca está na moda: ontem, como hoje. Mas cura por dentro”, disse Francisco em sua homilia.

Vivem atualmente na Hungria entre 75.000 a 100.000 judeus, número que representa o maior daa Europa Central, de acordo com o Congresso Judaico Mundial. A maioria desses imigrantes se concentram em Budapeste.

Mais de meio milhão de judeus húngaros foram mortos no Holocausto.

“Penso na ameaça do antissemitismo ainda à espreita na Europa e em outros lugares”, afirmou.

Segundo dados de pesquisa feita pelo Think Tank Median encomendada pela Federação das Comunidades Judaicas da Hungria, um em cada cinco húngaros era fortemente antissemita, enquanto outros 16% eram “moderadamente antissemita”.

A pesquisa foi publicada em julho e realizada durante 2019 e 2020, e indica uma queda dos  atos antissemitas como vandalismo e agressão física na Hungria em comparação com outros países europeus.

Em sua fala o chefe da igreja católica usou a imagem da famosa Ponte das Correntes, sobre o rio Danúbio, ligando as duas metades da capital húngara, Buda e Peste.

“Sempre que éramos tentados a absorver o outro, estávamos demolindo em vez de construir. Ou quando tentávamos ‘guetizar’ os outros em vez de incluí-los […] Devemos estar vigilantes e orar para que isso não aconteça novamente.”

Ele alertou que os líderes cristãos precisam ser comprometidos com a educação em fraternidade para resistir a levantes de ódio.

Primeiro-Ministro se defende das acusações

No poder desde 2010, há alguns anos Orban assustou a comunidade judaica da Hungria quando usou uma imagem do financista norte-americano George Soros, que é judeu, em uma campanha anti-imigração veiculada em outdoors.

Em maio deste ano ele declarou durante uma entrevista que as acusações de antissemitismo contra ele eram “ridículas” e insistiu que a Hugria é  “um país mais do que justo e correto a esse respeito”.

O político garantiu que os judeus poderiam se sentir seguros diante de seu governo e que a Hungria teria uma política de “tolerância zero” ao antissemitismo.

Minorias na expectativa

É grande a expectativa sobre as questões abordadas por Francisco em relação a integração de imigrantes e aceitação da comunidade LGBT+, dois pontos nos quais  Orban e o pontífice discordam de maneira incisiva.

O papa voltou a pedir aos governos que acolham refugiados que fogem da miséria, seja qual for sua religião, o que gerou polêmica no país, inclusive entre fiéis católicos.

Em comunicado o Vaticano salientou ainda a preocupação do Papa em relação a questões ambientais e proteção da família: “Entre os vários temas discutidos, está o papel da Igreja no país, o compromisso com a proteção do meio ambiente, a proteção e promoção da família”.

As falas do Papa

“Jesus nos sacode, não se contenta com declarações de fé, pede-nos que purifiquemos a nossa religiosidade diante da sua cruz, diante da Eucaristia. Faz-nos bem permanecer em adoração diante da Eucaristia, para contemplarmos a fragilidade de Deus. Dediquemos tempo à adoração”, disse ainda o Papa. “Deixemos que Jesus, Pão vivo, cure os nossos fechamentos e nos abra à partilha: nos cure da rigidez e de nos fecharmos em nós mesmos, nos livre da escravidão paralisante da defesa da nossa imagem e nos inspire a segui-Lo para onde Ele nos quer conduzir. Assim chegamos à terceira passagem.”

É diante do Crucificado que experimentamos uma benéfica luta interior, um áspero conflito entre «pensar segundo Deus» e «pensar segundo os homens». Dum lado, temos a lógica de Deus, que é a do amor humilde; o caminho de Deus evita qualquer imposição, ostentação e triunfalismo, visa sempre o bem dos outros, indo até ao sacrifício de si mesmo. Do outro, temos o «pensar segundo os homens»: é a lógica do mundo, presa às honras e privilégios, tendente ao prestígio e ao sucesso. O que conta aqui são a relevância e a força, aquilo que chama a atenção da maioria e sabe afirmar-se perante os outros.

Entretanto, Ele nos acompanha nesta luta interior, porque deseja que nós, como os Apóstolos, escolhamos a sua parte. Há a parte de Deus, como há a parte do mundo… A diferença não está entre quem é religioso e quem não o é; a diferença crucial está entre o Deus verdadeiro e o deus que é o nosso eu. Que grande distância existe entre Aquele que reina silenciosamente na cruz e aquele falso deus que gostaríamos de ver reinar pela força e reduzir ao silêncio os nossos inimigos! Como é diverso Cristo, que Se nos propõe só com amor, comparado com os messias poderosos e vencedores, lisonjeados pelo mundo!

Idealizadora do site OFuxico, em 2000 segue como CEO e Diretora de Conteúdo do site. Formada em jornalismo pela Faculdade Casper Líbero, desde os anos 1980 trabalha na área do jornalismo de entretenimento. Apaixonada por novelas, séries, reality, cinema e estilo de vida dos famosos.