Nove meses de lives! O que deu certo, o que surpreendeu e o que devemos esquecer?
Por Redação - 15/11/20 às 09:00
Março de 2020. O mês em que a vida dos brasileiros mudou radicalmente, em todos os sentidos. E sem exceções. Com nossa liberdade cerceada, sem poder fazer quase nada, descobrimos nas lives uma alternativa de encarar o que foi batizado de “novo normal”. E teve para todos os gostos: musicais, debates, conversa fiada, leituras de livros e muitas outras coisas. Mas o forte mesmo ficou com a vertente musical.
O fato da indústria da música ao vivo ter parado no mundo inteiro, atingindo desde artistas iniciantes aos gigantes do palco, ativou a maneira de preservar a conexão entre artistas e seu público, com direito até a arrecadação de doações, patrocínios e exigências de cenários elaborados.
Vamos a elas:
Embaixador
Responsáveis por elevar os padrões de exigência dos brasileiros, as transmissões ao vivo mais badaladas e caras vieram do universo sertanejo. Gusttavo Lima deu o pontapé inicial, bebeu todas por mais de oito horas, aturou alto e acabou sendo alvo do CONAR, pela bebedeira. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária determinou que as lives não poderiam, a partir daquele momento, ter consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
Gusttavo participou de várias outras, inclusive dividindo com amigos.
Maior de todas
Embora tivesse sido anunciada como a “live das lives”, a One world: Together at home, de Lady Gaga, decepcionou. A transmissão ao vivo mostrou vários artistas se apresentando em casa, diante de uma câmera.
Foi curioso ver nomes como Andrea Bocelli, Chris Martin, Elton John, Paul McCartney e Stevie Wonder. Teve quem chamasse à atenção pelo estilo Luka: tô nem aí! O norte-americano Charlie Puth exibiu ao fundo a cama desarrumada. Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, sem seu instrumento de trabalho em casa, improvisou para a performance remota com os colegas de banda. Outro detalhe: as apresentações foram gravadas.
O festival durou oito horas e arrecadou US$ 127,9 milhões destinados aos profissionais da saúde. O programa reforçou a necessidade de seguir as recomendações da Organização Mundial (OMS) para conter a disseminação do vírus.
Em casa, mas com estilo
De pijamas, pulando brinquedos, em meio aos utensílios de cozinha, mas cheia de estilo, Ivete Sangalo contou com a parceria do marido, Daniel Cady, e do filho Marcelinho, de 11 anos.
A live caseira de Veveta teve plateia de criativa e inovadora brinquedos e ursos de pelúcia. A baiana, arretada que só, arrasou! E com um detalhe: o pijama usado por ela simplesmente sumiu das lojas, esgotou de imediato.
Flores virtuais
No dia de seu aniversário, 19 de abril, e no dia das mães, 10 de maio, Roberto Carlos brindou seu público com lives diretamente de seu estúdio, na Urca, bairro onde mora, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Os tradicionais sucessos não ficaram de fora, mas as apresentações ganharam toque de modernidade com as rosas enviadas por QR Code. Um luxo!
As gafes
Grupo de pagode romântico que mais fez sucesso nos anos 1990, o Raça Negra reuniu fãs 1,5 milhão de usuários simultâneos em uma live por meio de seu canal no YouTube, no dia 21 de abril. O vocalista Luiz Carlos causou: criticou a moderação ao consumo de bebidas nas lives; criticou as regras de isolamento social; abraço a geladeira dizendo que lembrava uma antiga namorada; esqueceu letra de música e mostrou não estar integrado com a tecnologia. Orientado a pedir que os internautas acessassem QR Code, o vocalista achou que era pra mandar beijos.
“Se me perguntar o que é QR Code, nem eu sei. Obrigado, QR Code", disse o cantor.
Após uma breve dica da produção, ele voltou ao assunto.
"Ah. Olha que legal. QR Code é isso? É só apontar o celular? É isso."
Ludmilla abriu sua casa para comemorar o aniversário. Estava tudo muito bem, ela cantava a música Planos Impossíveis, de Manu Gavassi, até que… tibum! Literalmente! A cantora desequilibrou e caiu na piscina.
A rainha
Ninguém superou Teresa Cristina. A cantora e compositora carioca fez lives diariamente, por sete meses, modestamente em sua casa, através do Instagram, enquanto bebericava uma cerveja, retocava o batom e dava muita risada. Sempre às 22h, era uma mais animada e significativa do que a outra. A variedade de convidados, como Caetano Veloso, Daniela Mercury, Luis Inácio Lula da Silva, Gilberto Gil, Bebel Gilberto Gil, Alcione, Marisa Monte, Joanna, entre outros, deu a ela o título – merecido – de rainha das lives. Carismática, inteligente e talentosa, Tersa Cristina foi a grande destaque da “temporada”. Embora tenha uma carreira sólida de mais de anos, somente a partir de suas lives a artista conseguiu seu primeiro patrocínio.
A mais assistida
Com mais de 3,3 milhões de acessos simultâneos, Marília Mendonça teve a maior repercussão. A rainha da sofrência causa cada vez mais!
Vai um gole?
Com 1,2 de acessos, a primeira transmissão ao vivo da dupla sertaneja Bruno e Marrone, realizada em 09 de abril, ficou marcada pelos goles a mais. Em meio aos seus sucessos, teve piadas, comentários políticos e palavrões aos quatro ventos.
A dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano também perdeu o tom entre um gole e outro, no dia 12 de abril. Eles fizeram muitas piadas, criticaram a imprensa e defenderam a realização de lives com uma equipe por trás.
Vetados!
O funk proibidão dominou as lives de Valesca Popozuda. A primeira foi ok, mas a segunda, na madrugada do dia 11 de abril, foi interrompida por infringir as regras do Instagram. O motivo: a funkeira usava um pênis de borracha como microfone.
A dupla sertaneja César Menotti & Fabiano teve a live interrompida no dia 16 de abril. A intenção da transmissão era arrecadar doações. Mas eles não respeitaram as regras do YouTube, veiculando propagandas publicitárias fora dos moldes permitidos pela plataforma de vídeos.
Desafinou
Rodriguinho, ex-líder do grupo Os Travessos, mostrou seus maiores sucessos no dia 10 de abril. Mas desafinou muito ao tentar alcançar notas altas. Foram tantas críticas nas redes sociais que ele tirou o vídeo do ar.
Quem também se perdeu nas notas foi o trio KLB. Os irmãos Kiko, Leandro e Bruno se apresentaram no dia 10 de abril e foram muito criticados no Twitter pela desafinação e por passarem a maior parte do tempo conversando.
Logo que se recuperou da Covid-19, Dinho Ouro Preto fez uma live no dia 03 de maio, com sua banda, Capital Inicial. Ao cantar Bohemian Rhapsody, clássico do Queen, Dinho desafinou e esqueceu a letra.
Escreveu o nome!
Caneta Azul, Azul Caneta… quem não cantarolou mesmo sem ter ideia do que se tratava, não viveu 2020 de verdade! Realizada no dia 31 de maio, a Live Caneta Azul conquistou o primeiro lugar entre os vídeos em alta no YouTube com mais de 1,5 milhão de views, ultrapassando as visualizações de Claudia Leitte, com 1,2 milhão, e Paula Fernandes, com quase 1 milhão.
Dono do hit, Manoel Gomes cantou por mais de quatro horas, com participações – virtuais – de convidados como Tirulipa.
Legado
As lives destacaram a importância dos intérpretes de libras. Eles ganharam visibilidade e, item obrigatório, foram tão significativos e marcantes quando as apresentações.
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