Paulo Vilhena vai transformar poesia em música: ‘Será interpretada por mim e um parceiro’
Por Redação - 15/05/21 às 08:00
Paulo Vilhena fez parte da era “Sandy & Junior” na década de 1990, no auge da carreira e com apenas 19 anos na época, o ator relembrou sua história. “Eu tenho uma boa relação com o meu passado”, disse.
Hoje, aos 41 anos de idade, e interpretando personagens mais maduros, Vilhena revelou nesta entrevista exclusiva ao OFuxico, o que aprendeu com o tempo.
“Envelhecer é cada vez mais perceber que o tempo é finito", afirmou.
Dedicado, ele se prepara para um novo projeto, transformar poesia em música.
Filosofando sobre o tempo
“É um choque, é difícil perceber a passagem do tempo, sempre ouvimos quando criança: “aproveita, você vai sentir saudade”, mas a gente: “não, quero fazer 18 anos, ser maior de idade”. Eu aproveitei e aproveito a minha vida de uma forma muito absoluta. Eu tento a cada dia fazer o que eu quero, o que eu amo, ser melhor, evoluir, estar perto dos meus, surfar, me conectar com o divino, viver, mas envelhecer é f***, é difícil, uma dor que nunca cessa. A passagem do tempo é muito difícil no aspecto do ciclo da vida, as pessoas mais velhas partem, deve ser muito f*** quando o ciclo se inverte, um exemplo, o Paulo Gustavo ter partido antes da mãe dele. Envelhecer é cada vez mais perceber que o tempo é finito, e que temos que aproveitar, honrar”.
Nostalgia “Sandy & Junior”
“É demais ver na tela a nossa história, que fez parte daquele momento e nos trouxe até aqui. Eu tenho muito orgulho. Sou eternamente grato aos dois, ao Junior e a Sandy, a família deles, por terem proporcionado e sido exemplos de seres humanos, de valor, de família, de princípios. Nós que participamos do programa tivemos uma escola de profissionalismo; generosidade; comprometimento e dedicação. Eu tenho certeza de que fez muita diferença na minha vida até hoje, e vai fazer pra sempre. Sou nostálgico sim, é difícil não ser, mas num bom sentido. Eu tenho uma boa relação com o meu passado, ele está lá, eu estou aqui hoje, e está tudo certo”.
Presidiário esquizofrênico em “Império”
“Desenvolver este personagem foi um baita desafio e uma responsabilidade porque me debrucei sobre o estudo da patologia da esquizofrenia, é complexo e difícil, chocante em vários momentos, mas como artista e intérprete era o que eu podia e devia fazer naquele momento, para levar o meu melhor para o público, não só como interpretação, mas como mensagem e constatação. Eu encarei como um serviço de saúde pública. Depois de um tempo a gente olha e tem orgulho, acredito que todo mundo que fez parte sinta o mesmo, porque foi genuíno”, disse.
Personagem maduro
“Putz, é muito louco, a primeira vez que eu entrei no set do primeiro filme (Turma da Mônica – Laços), chorei igual criança porque é uma lembrança, uma memória muito forte da infância. Eu praticamente desenvolvi a leitura por meio dos gibis. Quando recebi o convite fiquei pensando quem eu faria, o Cebolinha, Cascão ou Bidu (risos) tentando entender qual seria o personagem, pra minha grande satisfação e choque de realidade, eu virei o pai do Cebolinha. Foi incrível, um baita orgulho, um marco na minha história profissional”.
Possibilidade de novos trabalhos na TV
“É muito louco porque é uma profissão que não temos a menor certeza do que pode ou vai acontecer. Eu tenho trabalhado muito no que estou a fim de fazer, de levar para o público e me proporcionar artisticamente. Esse movimento não é novo na minha trajetória, a maturidade é incrível porque ela vem trazendo cada vez mais; não certezas absolutas; mas clareza sobre os nossos desejos. Sabe aquela voz que a gente sempre escuta, mas às vezes não damos importância? Eu tenho escutado cada vez mais. Isso faz com que as coisas fiquem mais claras, dá mais trabalho, mas às vezes dá muito mais prazer”, explicou.
Poesia que virou música
“Meu pai foi poeta, eu cresci em meio as palavras dele, e como filho de peixe, peixinho é… Está em mim a escrita, não só em forma de poesia, inclusive escrevendo música, um projeto meu, mas o amor também, o tesão do novo, de uma relação, da alegria, da felicidade de estar junto de alguém, de despertar coisas que até Deus duvida, mas o homem não, o homem acredita e faz poesia. É uma maneira de dar carinho, de enaltecer, existem maneiras de fazer isso, gesticulando, falando, escrevendo poesia que vira música, quer dizer, já virou”, contou a novidade, sem dar muitos detalhes sobre o assunto “A música se chama “Do jeitinho que ela gosta”, que será interpretada por mim e um parceiro”, afirmou.
Pressões estéticas e corpos irreais
“Eu tenho esse cuidado de estar bem, com o corpo legal, penso logicamente nisso, estou meio gordinho, embarriguei, mas mais uma vez a maturidade vai tendo soberania, o importante é estar saudável mentalmente, e o meu corpo nas questões biológicas e fisiológicas, faço os meus exames, pratico esportes, e se de repente eu precisar ficar gostoso, gostoso mesmo, eu entro numa academia”, disse.
Tratamento Capilar
“No ano passado consegui achar um profissional de excelência em São Paulo, o Doutor Antônio Ruston, que se tornou um amigo, e brilhantemente resolveu o meu problema. Foi um processo que passei anos tentando resolver, porque vaidosamente me afetava e profissionalmente também, o cabelo é uma parte do visagismo que compõe a face de qualquer personagem. O resultado ajudou muito na minha autoestima, você pode perceber que a minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos, quanta diferença”, brincou.
Surfe
“Eu sou apaixonado pelo surfe, é o meu esporte da vida, meu hobby, meu templo, minha liberdade, minha educação e respeito com a mãe natureza, o que me fez entender e desatar alguns nós, e refletir sobre alguns outros. Dentro do mar foi onde eu sempre me curei, me cuidei, é isso que o surf significa na minha vida, que me satisfaz e tem o lado físico, psíquico e espiritual”, pontuou.
Transformações ao longo da pandemia
“É difícil responder porque estamos vivendo tudo isso, é muito triste, no começo de tudo, genuinamente achei que fosse oportuno e relevante para uma mudança mundial, de estarmos todos juntos, de nos cuidarmos, os países darem as mãos porque estavam todos na mesma situação, não importava se era rico ou pobre, preto, amarelo ou branco. Não tem uma bandeira. Deus é tão f*** que ele mandou uma missão pra todo mundo resolver junto. Eu tive essa utopia. Eu me f*** porque peguei covid em março do ano passado, fiquei prejudicado, porque conheço o meu corpo, não tinha a quem recorrer, eu perdi o olfato e o paladar, até então a galera tinha febre, dor de cabeça e no corpo, a questão da falta de ar. Na época eu liguei pra um amigo que é médico, otorrino, comentei e ele disse “talvez seu paladar não volte nunca mais” (risos), mas graças a Deus fui melhorando, me recuperando. Minha utopia foi pro ralo, que era a evolução do ser humano que seria acima de qualquer política, partido, esquerda ou direita, mas a gente não desiste, não é mesmo? Eu ouço essa frase há muito tempo”, concluiu.
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