Rafael Ilha: ‘Me tornei o Malvado Favorito’

Por - 19/05/17 às 16:02

Divulgação

Rafael Ilha tem tornado a edição do Power Couple Brasil, reality da Record, bastante agitada.  A cada episódio, ele mostra que, quando algo não lhe agrada, não tem como resolver depois: é na lata!

Ilha, que nos anos 80 fez o maior sucesso com o grupo Polegar, teve a vida totalmente modificada a partir do final dos anos 90, por conta do seu envolvimento com as drogas.

Amigo de Sonia Abrão, Rafa ganhou biografia escrita pela jornalista e apresentadora, voltou à vida após um longo tempo internado para se recuperar e hoje, ao participar da atração da Record, ele é apelidado por seus fãs mirins de “Meu Malvado Favorito”

Rafael Ilha conversou com a reportagem de OFuxico e falou sobre o reality, família, sobre o período difícil que passou ao morar nas ruas e muito mais. Confira!

OFuxico:  Vamos começar falando de Power Couple:  Você  é considerado um dos mais encrenqueiros. Isso é o Rafael Ilha 'pessoa física' ou é um personagem que montou?

Rafael Ilha: Sou eu mesmo (risos). Sabe que numa live estes dias, comentei que tô me assistindo ate eu tô com raiva de mim. Falo o que sinto. Combinei com a Aline que seríamos verdadeiros lá dentro, e assim está sendo. É Rafael jogando, ele mesmo. 150 horas semanais, 600 horas por mês, disso tudo, o público recebe só 8 horas. São 12% do que é gravado realmente.

OF: Participar de um reality então não é tão fácil como parece?

RI: Não. O desgaste é muito grande. O que acontece é que um programa assim te dá a oportunidade de conversar, de mostrar como é. Trabalho há 35 anos com TV, já fui da produção à reportagem, fiz muitas coisas. E confesso: se eu soubesse que seria assim tão pesado, pediria um aumento no cachê. Eu realmente não tô me  suportando, não me mostram  nos momentos em que tô brincando, ou conversando com o Fábio Villaverde, por exemplo. Só apareço reclamando, paranoico.

OF: Quais as maiores mudanças na atração que o público vai poder notar daqui pra frente?

RI:  As pessoas demoram pra ver quem é quem. Eu e a Aline temos percepção de caráter . Nessas próximas semanas começam a acontecer o que eu falei, ou seja, as pessoas serão percebidas sem máscaras. A minha diferença lá é que não tô alí pra fazer amigo. Estou ali pra jogar. Vão ter coisas muito interessantes.

OF: Qual a diferença entre você e Aline no jogo?

RI: A Aline é a mais observadora. Fala pouco e quando solta o que quer, é de uma vez só. Ela me dá alguns toques que não vejo. Sou emoção e ela razão.

OF: Rolam algumas alfinetadas em relação ao teu passado com drogas , tipo, pra te provocar, tirar do prumo?

RI: Me chamam de louco, paranoico (riso).

OF: E pra você tudo bem?

RI: Tenho um público infantil e jovem maravilhoso, sabia? Eles me dão o retorno de quem sou. Virei o Malvado Favorito. O retorno do que estão vendo, de como sou, é bem maior que eu esperava. Crianças de 8, 10, 12 anos, as mães me escrevem falando do carinho que esses fãs tem por mim. Fico muito grato com isso.

OF: voltando ao assunto das drogas, há quanto temo você está limpo?

RI: Desde 2000 não uso nada, nada, nada.

OF: Você Ainda mantém o espaço que cuida de ex-dependentes químicos?

 RF: Não, eu parei. Gostava muito desse meu trabalho, mas tinha de estar 24 horas por dia, todos os dias, lá. Vivia pouco, porque me dedicava ao trabalho com as pessoas. E acabava ficando estressado e cansado demais para outras coisas da minha vida.

OF: Voltando lá atrás um pouco, como foi a história de A fazenda que você acabou não participando?

RI: Foi na de 2015 e eu queria muito ter ido. Sinceramente não ia para o Power Couple. Até uma semana antes do Power, eu não tinha dado meu positivo. Minha esposa me convenceu. Ela achou que seriam umas férias pra nós. Nego tá lá falando que vou pra Fazenda na próxima edição. Mas vou te dizer uma coisa: reality show faz mal à saúde. Tem muita gente passando mal, eu, por exemplo, sempre tive pressão de bebê. Fui parar no hospital com 16 de pressão, em crise. Pra ter ideia, microfonam a gente cedinho e só tiram os microfones lá pela meia-noite. É desgastante.

OF: Dia desses, você brincou, e até OFuxico mostrou, com uma enorme pilha, numa loja. Ainda trollam muito você por conta do caso de ter engolido pilhas no passado?

RI: Aquilo foi ideia da Aline (gargalhadas). E pra ajudar de vez, meu sobrenome Ilha remete à pilha, aí é pra cag** mesmo. As brincadeiras acontecem sim, até hoje, mas tiro de boa, não ligo mesmo. Naquela época, engol as pilhas pra fugir se um manicômio jurídico.

OF: Qual foi o pior momento que você pode pontuar na sua vida?

RI:  Quando morei 6 meses na rua, no Viaduto Vereador José Diniz. Era viciado em crac, não aceitava não conseguir sair daquilo. Não aguentava aquela escravidão. Minha mulher emagreceu 54 quilos e eu percebi que se eu não fizesse algo, não sairia dali. Busquei, mesmo quando estava usando as drogas, eu pensava em me cuidar, em sair dali.

OF: Como é o Rafael pai?

RI: Ah, acho que sou um pai bacana, um bom pai. O Cauã e a Laura adoram quando sento no chão, rolo, faço palhaçada com eles.

OF: O que seus filhos trouxeram de mais importante pra você?

RI: O Cauã foi um passo, uma benção, porque fiquei internado por um ano e 4 meses por opção, depois de 13 anos no vício. Me dispus a isso. Entrei de cabeça na igreja, mantive sobriedade, na minha fé. Em 2003 veio o Cauã e foi o firmamento da minha condição de responsabilidade. Laura veio depois, a gente tava naquela de tentar mais um filho, tentar, tentar e nada. Do nada, ela apareceu. Ela é linda, com saúde, carinhosa. São as grandes preciosidades da minha vida. As vezes fico olhando e digo que Deus é muito louco,no sentido das transformações que faz em nossa vida.

OF: Pensa em mais um herdeiro?

RI: Por enquanto não. Meu filho é muito tranquilo. Já a Laura equivale a 3 meninos juntos (risos). Ela vai até uma hora da manhã, coloca a gente pra dormir, literalmente. É muita responsabilidade e penso que um terceiro filho vai vir ainda mais elétrico.

OF: Quais seus trabalhos hoje em dia?

RI: Saí da Sônia (Abrão, A Tarde é Sua, Rede TV!)  ano passado. Vou fazer palestras motivacionais.  Minha biografia está entre os 10 livros mais vendidos no Brasil, vai virar um longa, estamos aguardando. Vamos voltar com programa na internet, a Aline terá o “Mulherando”, um canal de dicas pra homens e mulheres, bem interessante.

OF: Rafael Ilha sabe cozinhar?

RI: Sabe! Já dizem que devo ir ao MasterChef (risos). Mas valorizo muito minha liberdade, então, não quero não. Sabe, voltando ao assunto reality, na primeira semana no Power Couple, só não sai porque teria de devolver o cachê. Vendo hoje o programa e todo estresse que passei lá dentro, fiquei e Aline também. Mas te confesso em primeira mão: estava numa depressão monstra, num estresse emocional grande.

OF: Isso é recente?

RI: Sim. Até 5 dias atrás fiquei muito mal. Não fazemos qualquer coisa por dinheiro. A gente não passou por cima de caráter, de personalidade. Pra algumas pessoas isso é o ultimo suspiro da vida, fazer as coisas por dinheiro. Mas não vou mentir, fingir, nem trair ninguém. Foi uma decisão nossa, mantemos nossa postura e nosso caráter.

OF: O que mudaria em você hoje?

RI: Tentaria ser menos duro comigo mesmo. As  pessoas são muito más, egoístas, materialistas. Quando pego a Aline e as cranças pra ficar em búzios com meu pai, andamos a pé,  sentimos o cheiro do mato, vemos quantas coisas simples estão perto de nós e deixamos passar. Esquecemos as coisas simples da vida. Então, creio que me tornaria agora mais maleável, porque me endureci com as coisas que vivi lá atrás.

OF: Tem saudade da época do Grupo Polegar?

RI: O Polegar revelou meu trabalho como cantor. Depois fui pro futebol… Eu queria ser famoso, me achava mais competente. O Gugu abriu as portas pra gente no Brasil e na América do Sul. Eu digo que os anos 80 foram os melhores em relação à música em geral, com ótimos compositores, arranjos, tudo. Mas não sinto falta.  Tenho 44 anos, 2 filhos, uma família, uma vida estrutura.

OF: Você ainda compõe?

RI: Não. Fiz um trabalho musical , mas não sigo isso não. Tnho que correr atrás de manter minha família, meus filhos. Posso dormir no chão, mas eles não podem. Tiramos da gente pra priorizar os filhos.

OF: Qual seu perfume favorito?

RI: Azarro. Sou clássico, esse perfume tem cheiro de homem (risos).

OF: qual sua atriz e ator favoritos?

RI: Vou citar dois de cada, porque são fantásticos. Amo a Lilia Cabral e a Vera Holtz.  Gosto muito do Miguel Falabella, que é versátil, é ator, diretor, é engraçado, espiritualizado. E do Ary Fontoura, que tem um jeito de interpretar maravilhoso.

OF: Uma mulher?

RI: Sonia Abrão. Admiro como ser, como mulher, como mãe, amiga. Aliás, fizemos um trato: enquanto eu e Aline estivermos no Power Couple, pedimos pra ela não falar nada sobre a gente, não nos defender nem falar mal no programa dela, a não ser que ela seja questionada por algo. Porque ela teve muitos problemas defendendo a Simony, por exemplo. Então não queremos nenhum reflexo ruim para ela por causa disso.

OF: Quem é o homem da sua vida?

RI: Meu pai!

OF: E seu livro predileto?

RI: Minha biografia, As Pedras do Meu Caminho, que estou lendo pela terceira vez.

Rafael Ilha: ‘Me tornei o Malvado Favorito’

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