Roberta Rodrigues diz que a hipocrisia na TV quase a fez desistir
Por Redação - 19/04/13 às 07:40
Roberta Rodrigues é dotada de uma fé inabalável. Nascida e criada no Morro do Vidigal, Zona Sul do Rio de Janeiro, ela acredita que foi na base do talento e de muitas orações que conseguiu construir sua carreira de forma honesta e coerente.
"Converso muito com Deus e me sinto abençoada por ter a oportunidade de poder sustentar minha família fazendo o que eu gosto", destaca a intérprete da exuberante Maria Vanúbia de Salve Jorge.
Teatral, Roberta era integrante do grupo Nós do Morro e teve sua primeira experiência mais séria como atriz no cultuado Cidade de Deus, longa de 2002, de Fernando Meirelles. No mesmo ano, estreou na tevê em Cidade dos Homens, série derivada do filme. Em 11 anos de televisão, tem sete novelas no currículo, além de participações em produções globais, como JK e As Brasileiras e Filhos do Carnaval, da HBO. Aos 30 anos, ela se mostra contente com sua trajetória e comemora a boa repercussão de sua periguete na atual novela das nove.
"Maria Vanúbia é do povo. É uma personagem de composição, mas totalmente verossímil. Gosto do tom desaforado dela e acho que o público também", analisa.
O Fuxico: Salve Jorge chega ao fim no próximo mês e sua personagem foi um dos destaques do núcleo do Morro do Alemão. Está satisfeita com sua participação na trama?
Roberta Rodrigues: Muito! Maria Vanúbia surgiu na minha vida de forma surpreendente e assumiu uma comicidade além das minhas expectativas, muito por conta do triângulo formado com o Pescoço (Nando Cunha) e a Delzuite (Solange Badim). Engraçado, eu estava reservada para Avenida Brasil, não sabia dessa reserva e acabei não sendo chamada para a novela. Estava ansiosa por uma personagem diferente, que pudesse me dar novas possibilidades de atuação. Foi aí que o Luiz Antônio (produtor de elenco) me ligou dizendo que tinha um personagem que era a minha cara. Maria Vanúbia é, sem dúvida, o papel mais popular da minha carreira. E ainda mudou meu visual por completo.
OF: Depois de meses com os cabelos lisos e mechas louras, você vai continuar apostando nesse visual ou pretende voltar aos fios naturais?
RR: Sou muito desprendida de vaidades, então, acho que depende do meu próximo personagem. Sempre tive muito orgulho dos meus cachos. Mas confesso que estou apaixonada por essa minha nova versão. Em nenhum momento tive medo de mudar. Só não imaginava que iria gostar tanto dessa mudança. Foi uma experiência radical e agradeço a Marlene Moura (supervisora de caracterização) pela proposta tentadora de alisar meu cabelo (risos).
OF: Este ano, você completa 11 anos de carreira na televisão. Qual o balanço que faz de sua trajetória?
RR: Minha estreia na tevê tem total conexão com a repercussão do filme Cidade de Deus. Foi minha primeira experiência real de atuação. No cinema, eu descobri o que eu realmente queria e foi a partir disso que a televisão entrou na minha vida. Tinha feito teatro de forma independente, entrei para o (grupo teatral) Nós do Morro e as coisas começaram a acontecer. O início nem sempre é fácil, mas tive a sorte de cruzar com o (Marcos) Caruso em Mulheres Apaixonadas, minha primeira novela. Ele foi um anjo na minha vida.
OF: Por quê?
RR: Eu estava muito crua, sem experiências, e ele me dava muita força. Passava o texto comigo, me incentivava. Sou muito grata e tenho um carinho enorme por ele. A tevê é um lugar de encontros. Alguns ótimos, outros nem tanto. A hipocrisia que existe nos bastidores me fez repensar se eu estava no caminho certo. Depois de algumas novelas, consegui me acostumar a isso. Mas confesso que entrei em crise em uma fase da minha carreira.
OF: Qual fase?
RR: Quando fiz Paraíso Tropical (2007), comecei a questionar o meio televisivo em que eu estava inserida. Naquela novela, tive contato com muitos atores deslumbrados, me deparei com nomes que eram tratados como ícones e que não eram educados nem com seus colegas de trabalho. Ao mesmo tempo em que estava apaixonada pelo veículo, os bastidores e a convivência com certos atores me incomodavam. Fiquei muito mal. Chegava em casa e chorava, não tinha mais a certeza de antes.
OF: E como você superou isso?
RR: Comecei a entender que minha paixão pela arte era mais importante do que a postura de algumas pessoas. Uma vez, eu e o Thiago (Martins) estávamos no Projac e o Tony Ramos parou para conversar com a gente. Ele perguntou no que os meus pais trabalhavam, falei que minha mãe era costureira e meu pai mecânico. Foi aí que ele me disse que atuar em novelas é como um emprego qualquer, só que com uma exposição muito maior. A vida pessoal precisa ficar fora dos estúdios. O que realmente importa para o meu bem-estar está além dos muros do Projac. Levei isso para minha vida e aprendi a lidar – e até a entender – com o ego inflado de alguns colegas de elenco.
Thiaguinho faz pose ao lado de Bruna Marquezine e Roberta Rodrigues
Nando Cunha e Roberta Rodrigues se divertem em gravação
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