Rodrigo Bocardi, apresentador do Bom Dia São Paulo, é acusado de racismo

Por - 07/02/20 às 15:05

Reprodução/Instagram

Leonel, um jovem negro da Zona Leste de São Paulo, estava no metrô, na manhã desta sexta-feira (07), a caminho do Clube Pinheiros, no Jardim Europa. Ele foi abordado pelo jornalista Thiago Scheuer, do Bom Dia São Paulo, para participar de uma reportagem que falava sobre a dificuldade de moradores da Zona Leste em enfrentar a linha vermelha lotada, pela manhã.

Ao informar que estava a caminho do Clube Pinheiros, reconhecidamente nobre, o jovem foi surpreendido pela pergunta feita pelo repórter. No estúdio, o âncora Rodrigo Bocardi quis saber se o rapaz era gandula, o ajudante que recolhe bolas de tenis.

"Não, não. Sou atleta de polo aquático do Pinheiros", respondeu o jovem Leonel.

O apresentador, que joga tênis no local, rebateu.

"E eu estava achando que eram meus parceiros que me ajudam nas partidas".

Ainda ao vivo, Rodrigo Bocardi tentou amenizar ao constatar a repercussão de suas palavras, que rapidamente tomaram conta das redes sociais.

"Frequento (o clube) todos os dias e jogo e rebato bola com todos aqueles garotos que usam a camiseta daquela forma e por isso que achei que era (gandula). Não existe preconceito, não existe racismo. Quem fala e quem escreve é que é", afirmou.

Defesa

Em seu perfil no Instagram, o âncora voltou a se defender. Bocardi postou um vídeo do ano passado, no qual entrevistava gandulas.

"Recuperei um trecho do BD-SP de uma outra sexta-feira, de um ano atrás, do dia 22/02/2019. E aproveito para fazer o esclarecimento abaixo", iniciou.

O jornalista, então, deu seu parecer.

"Muito triste a acusação de preconceito. Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje. Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre, todos os dias, pegadores/rebatedores de todas as cores de pele, pensei que fosse um deles. Não frequento outras áreas do clube onde outros esportes são praticados. E não sabia que a camiseta era parecida. Se soubesse, teria perguntado em qual área ou esporte trabalhava ou treinava", escreveu.

Bocardi citou que sua infância foi humilde e enumerou situações pelas quais passou.

"Nunca escondi minha origem humilde. Comecei a vida como garoto pobre, contínuo, andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola. Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias. Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas. Não o chamei de pegador pela cor da pele ou pela presença num trem. Chamei-o por ver que vestia o uniforme que eu sempre vejo o s pegadores usarem", disse.

O apresentador finalizou a postagem com um pedido de desculpas.

"Peço desculpas a todos e em especial ao Leonel. Obrigado", escreveu.

Racismo estrutural

As palavras de Bocardi, tanto ao se referir ao jovem quanto em sua defesa, denotam o que chamamos de racismo estrutural.

Na definição formal, trata-se de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e, ao mesmo tempo, prejudica outros grupos de modo consistente e constante. De maneira ainda mais branda e por muito tempo imperceptível, essa forma de racismo tende a ser ainda mais perigosa por ser de difícil percepção para alguns, ao apresentar-se em um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutido em nossos costumes e que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.

É importante ressaltar que o preconceito é uma forma de conceito ou juízo formulado sem qualquer conhecimento prévio do assunto tratado, enquanto a discriminação é o ato de separar, excluir ou diferenciar pessoas ou objetos.

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