Saiba tudo sobre a novela Novo Mundo, da TV Globo – Cenografia
Por Redação - 20/03/17 às 11:38
Guiada pelo conceito de realismo e pelos métodos de construção do século XVIII, a equipe de cenografia de Novo Mundo fará o público viajar pelo Rio de Janeiro do século XIX, período em que se passa a trama, de 1817 a 1822, antes da independência do Brasil, e que retrata a chegada da arquiduquesa Leopoldina ao país. A Europa será representada com toda pompa da corte portuguesa, a presença dos ingleses e austríacos dentro dessa corte e os choques culturais que aconteceram a partir disso. O novo mundo que se abrirá para os personagens da trama se apresenta através das características históricas do Brasil colônia.
Durante a pesquisa, o cenógrafo Paulo Renato estudou as gravuras de artistas da época, como o pintor Jean-Baptiste Debret, referência para outras áreas da novela, como fotografia e figurino. A equipe composta por dois cenógrafos, 16 assistentes, além dos analistas de projetos e profissionais da fábrica de cenários, também visitou o centro do Rio de Janeiro para ver de perto as edificações. Os profissionais puderam perceber a textura e ver as proporções para então começar a trabalhar no projeto.
Para o cenário da corte portuguesa, uma das referências foi o Palácio de Queluz, em Portugal. Na cidade cenográfica dos Estúdios Globo, foi reproduzida a Praça XV e seus principais elementos: o chafariz, o Arco do Teles e o Paço Real, hoje conhecido como Paço Imperial. A cidade tem uma área de quase 10 mil metros quadrados com 3,5 mil metros quadrados de área construída. O Paço Imperial é o maior e mais alto prédio feito nos Estúdios Globo, reproduzindo o equivalente a 50% do tamanho real. Só essa construção tem 1,2 mil metros quadrados, sendo 43 metros lineares de fachada só na frente voltada para o largo do Paço, e mais de 14 metros de altura divididos em blocos de dois e três andares até a cumeeira do telhado, que representa como foi mantido o edifício hoje após o restauro. O Chafariz da Pirâmide, conhecido como Chafariz do Mestre Valentim, que adorna a Praça XV desde a segunda metade do século XVIII, foi reproduzido em um trabalho artístico, com técnica de escultura em isopor coberto por jateamento de massa. Na área da Praça XV também foi construído o mercado ao ar livre, onde desciam todos os barcos de pescadores.
Todo esse trabalho de ambientação demandou técnica e materiais específicos, sempre pensados a partir da escassez de recursos da época. Para o piso da cidade cenográfica, foram utilizadas pedras de mercado, similares a pedra de rio, conhecida como “pedra de mão”, com seixos arredondados. Nas construções, para ter paredes mais irregulares, foi resgatado o tijolo, que funciona como um suporte para a massa rústica, desenvolvida sempre pensando nas construções de maior precariedade. Já os telhados foram feitos com telha colonial e de demolição antigas para dar o aspecto e a dimensão. E em estúdio, serão construídos cenários para 20 núcleos diferentes, como o interior do Paço, a sacada de onde o rei acena para a população, escritório da maçonaria, cabines da nau, entre outros.
Além dos cenários construídos nos Estúdios Globo, algumas cenas da novela estão sendo gravadas em locações pela cidade, como o emblemático baile de despedida da arquiduquesa Leopoldina (Letícia Colin), em Livorno, na Itália, na comemoração de seu casamento por procuração com Dom Pedro (Caio Castro) antes de embarcar ao Brasil, gravado no Palácio Itamaraty. Lá, um grande salão foi cenografado para reproduzir o luxuoso evento que marca o início da trama, onde as circunstâncias determinam o embarque imprevisto dos personagens Joaquim (Chay Suede) e Elvira (Ingrid Guimarães) em navios rumo ao Brasil. Para as cenas, foram instaladas enormes cortinas nos vãos do palácio, dois grandes lustres de cristal e quadros de pinturas nas saídas de ar-condicionado, que, na época, ainda não existiam. Na parte externa, ainda será possível ver muita neve. Para a festa, também foi instalado no salão do palácio um palco neoclássico de seis metros, onde Joaquim (Chay Suede) e Elvira (Ingrid Guimarães) apresentariam uma peça de commedia dell’arte, com vários afrescos na parede. As referências foram do Palácio de Schönbrunn, na Áustria, em Viena, onde Leopoldina foi criada. Também foram gravadas cenas no Jardim Botânico, na Ilha Fiscal, no Forte São José e na Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói.
Trabalhando em parceria com a cenografia, a produção de arte tem a função de ambientar e dar vida aos espaços concebidos para cada núcleo da novela. Assim como outras áreas, a equipe teve como principal base para a pesquisa o realismo da época e a influência do pintor Jean-Baptiste Debret.
Para compor os ambientes da nau, a equipe de arte foi responsável por todos os animais, armas e baús que serão vistos em cena, além das atividades que envolvem a figuração, como: afiar facas, ariar panelas, limpar peixe, jogar cartas, lavar convés com esfregão, entre outros.
Segundo a produtora Flavia Cristofaro, a cidade cenográfica também terá uma riqueza de detalhes, que poderá ser percebida pelo público principalmente na reconstituição do comércio da época, com as barracas e os objetos que eram vendidos ao ar livre, como legumes, verduras, ervas, peixes, carnes, defumados e outras mercadorias, como bolos de tabuleiro, acarajé, angu, flores, além da figuração especializada. Na estalagem dos personagens Licurgo e Germana, serão servidos pratos da época, todos preparados especialmente para as gravações.
Para as cenas do Paço Imperial, a equipe vai explorar os elementos pessoais de cada personagem, e, em função da situação financeira em que a corte portuguesa se encontrava na época, haverá uma decoração de poucas peças, sempre desgastadas. Em contraste a isso, a pompa e o luxo aparecerão no ambiente de Leopoldina antes de sua viagem para o “novo mundo”.
Por se tratar de uma trama com cenas de muita ação e aventura, além do romance, a produção teve que representar as armas da época, em sua maioria, garruchas, bacamartes e espingardas antigas, além de réplicas. Uma empresa especializada também produziu espadas idênticas às originais do império e algumas réplicas importadas foram alugadas, além de reproduções em materiais seguros para utilização em cena.
Outro destaque é o diário de viagem de Anna (Isabelle Drummond), com encadernação em couro e bijuterias e pedras no acabamento. Um calígrafo é responsável pela escrita que aparecerá em cena. A equipe também produziu as aquarelas que serão pintadas pela personagem. Inspiradas no trabalho do pintor austríaco Thomas Ender, estão sendo feitas pela artista plástica Ana Durães.
No grande baile do primeiro capítulo, o público verá um banquete real, em ambiente decorado com muito dourado e flores. A equipe providenciou todos os objetos de composição das mesas, como pratos, talheres dourados, copos, guardanapos de pano, e as carruagens que chegam com os convidados.
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